O desenho da nova Câmara de Vereadores

O Jornal O Nacional selecionou algumas curiosidades sobre a composição da nova Câmara de Vereadores

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Amanda SchArr/ON

Algumas características marcam o perfil geral dos 21 vereadores eleitos e outras se destacam justamente pela singularidade. O Jornal O Nacional selecionou algumas curiosidades sobre a composição da nova Câmara de Vereadores, que passa a representar todos os passo-fundenses em 1º de janeiro de 2013.

A maior bancada
Em janeiro o PT vai contar não mais com um, mas com quatro vereadores. O partido elegeu a maior bancada da Câmara, que será composta pelo já vereador Rui Lorenzato e os estreantes Claudia Furlaneto, Gleison Consalter (Palhaço Uhu) e Isamar Silva. O presidente municipal do PT, Rodrigo Roman, avalia que o crescimento foi viabilizado não só pela ampliação do número de cadeiras da Casa, mas pela expressiva votação que o partido obteve nas urnas. Apesar da derrota na disputa pela prefeitura, Roman considera que candidatura própria na majoritária também impulsionou a ampliação da bancada. “Pelo total de votos tivemos um crescimento bastante substancial, principalmente de votos nominais. Tivemos apenas 1700 votos na legenda”, conta Roman.

A única mulher
O PT celebra de modo especial a eleição de Claudia Furlaneto, única mulher eleita vereadora. Ela é intérprete de Libras e educadora com atuação voltada para as pessoas com deficiência e a defesa dos direitos humanos. Recentemente, Claudia participou da criação de um núcleo de políticas públicas para a acessibilidade, junto à Prefeitura. O meio ambiente e as questões de reconhecimento da condição social da mulher também pautam a atuação da nova vereadora. “Me coloco em condição de igualdade com os colegas que entraram agora comigo, este é um desafio e uma responsabilidade postos a todos nós vereadores, independente de eu ser mulher. Entretanto, sendo a única mulher, a minha responsabilidade triplica porque terei uma cobrança muito forte neste sentido, existe uma expectativa muito grande por parte das próprias mulheres”, analisa. Claudia reconhece os desafios que o gênero feminino enfrenta, mas se preocupa em não reforçar estereótipos. “A gente não pode mais taxar ou segmentar a sociedade porque historicamente a nossa sociedade é engavetada. Na verdade, a minha compreensão é do todo, de uma sociedade igualitária, cada um tem que ser respeitado nas suas particularidades. Eu não sou uma feminista. Me defino, talvez, como humanista porque todas as pessoas têm que ser respeitadas, independente da sua condição, do seu gênero”, completa.


Os religiosos
As duas religiões com mais adeptos no país, estarão representadas na Câmara de Vereadores a partir de 2013. Mesmo assim, os vereadores eleitos têm perspectivas bem diferentes sobre a relação entre a fé e o legislativo, assim como a postura que pretendem adotar na Casa. O Padre Wilson Lill vai compor a bancada do PSB a partir de janeiro e garante que sua atuação religiosa não terá influência no trabalho como parlamentar. “O meu ser padre não vai interferir nada no meu ser vereador e vice-versa”, assegura. Para o socialista, na sua atuação o essencial será estar nos bairros, em contato com o povo e não dentro do gabinete. “A gente quer participar efetivamente construindo uma política séria, com projetos que contemplem o bem comum, especialmente as pessoas menos favorecidas, para construir uma cidade ainda melhor, uma cidade que prime pela liberdade, pela solidariedade e que seja educadora”, afirmou Lill. A inclusão social, a geração de renda, a sustentabilidade, a educação e a segurança a partir de uma perspectiva humanista estão entre as bandeiras do vereador. “Só vamos ter segurança quando tivermos pessoas com caráter. Segurança não é polícia na rua e construção de presídios, embora isso seja necessário, é muito mais do que isso”, comenta. Atualmente o padre desempenha serviços sociais junto à Caritas Diocesana e também trabalha voluntariamente com os detentos do Presídio Regional e os internos do Case. Além da orientação espiritual que presta a estes grupos, atua em projetos de geração de renda a partir da reciclagem de resíduos e recuperação de dependentes químicos.

Já o evangelista da Igreja Assembleia de Deus, Sidnei Ávila, do PDT, que foi o terceiro vereador mais votado, promete ter uma atuação especialmente voltada ao setor. “O interesse de colocar um evangélico na Câmara de Vereadores tem muito a ver com as leis que tramitam no Congresso Nacional e no Senado. O resultado da minha votação também é fruto de um trabalho que fiz no meio evangélico, com várias igrejas”, avalia. Sidnei destaca que fez um projeto contra a PL 122 que tramita na Câmara Federal, durante o períoso que atuou no legislativo municipal em 2010, como suplente de Diógenes Basegio eleito deputado estadual. A PL 122 pretendia criminalizar a homofobia no país, com penas de dois a cinco anos de prisão. Na opinião do vereador a proposta prejudicava os evangélicos. “Fiz um projeto de repúdio a esta a esta lei que tramitava em Brasília e obtive uma votação favorável à proposição. Protocolei meu projeto na Câmara Federal e no Senado. Fizemos um movimento nacional contra esta lei, alteramos artigos e a presidente Dilma assumiu o compromisso com o povo evangélico de vetar qualquer lei que esse a prejudicar os evangélicos”, afirmou satisfeito. Ávila contou ainda que a sua eleição contempla também um projeto nacional da Assembleia de Deus, que busca ter um vereador evangélico em cada município do Brasil. De acordo com Ávila, aproximadamente 26% da população de Passo Fundo é evangélica.

Faixa etária estável

A média de idade dos vereadores eleitos é três anos mais jovem do que a atual composição da Casa. Hoje, os doze parlamentares somam uma média de 49 anos e meio, enquanto os 21 vereadores que assumem em janeiro têm 46 anos em média. Porém, se considerada as datas de posse, os próximos vereadores vão assumir com uma faixa etária média seis meses mais velha.

O mais jovem
Eduardo Pelicioli (PSB), aos 26 anos, é o mais jovem entre os parlamentares eleitos. Formado em Gestão Pública pela IMED e cursando o sétimo semestre do curso de Direito na mesma instituição, Pelicioli já havia concorrido a vereador nas eleições passadas. Após iniciar, em 2006, sua atuação política na militância estudantil e na Juventude Socialista, já atuou como Diretor do Centro de Atendimento Sócio-Educativo – CASE Regional, entre 2011 e 2012. A gestão à frente da instituição foi avaliada pelo Conselho Nacional de Justiça como a melhor administração do país. Pelicioli pretende priorizar as políticas públicas para a juventude, os projetos para a proteção e defesa dos animais e as políticas públicas para investimento na educação e saúde. Também destaca a necessidade de investimentos no esporte e a criação de mais espaços de lazer para a comunidade. 

Ensino Superior
A maioria dos novos vereadores têm algum curso de graduação. São 11 vereadores graduados e outros três que chegaram a iniciar alguma faculdade, mas não concluíram o curso. Apenas dois vereadores contam apenas o ensino fundamental completo e os demais cursaram até o ensino médio.

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