Enquanto alguns partidos ainda se recuperam da ressaca eleitoral, outros comemoram resultados e já colocam em ação planos para o futuro. O Nacional ouviu dirigentes partidários que estiveram envolvidos no processo eleitoral para uma avaliação dos resultados.
PPS: o grande momento do partido
O PPS foi o grande vitorioso das eleições deste ano, com o prefeito eleito e uma inédita bancada na Câmara composta por dois vereadores. “É o melhor momento do partido em Passo Fundo. Agora tivemos o maior crescimento com a eleição de Luciano para prefeito e dois vereadores – é a primeira vez que teremos representantes na Câmara”, comemorou o presidente, Luiz Galbari. Para o dirigente, o ingresso de lideranças oriundas de outras fileiras, a exemplo dos parlamentares eleitos Pedro Daneli (ex-PMDB) e Ernani Laimer (extinto PFL), também fortaleceu o quadro. “São lideranças importantes e o PPS tem tomado a cautela de trazer sempre para o seu quadro pessoas de gabarito, com comprometimento com a vida pública e a sociedade”, disse Galbari.
Se preparando para atuar na administração do município o partido busca ampliar a base aliada no Legislativo, atualmente composta por cinco dos 21 vereadores eleitos. “Precisamos ter o apoio da Câmara para os nossos projetos e por isso qualquer apoio de outros partidos é bem-vindo”, afirmou Galbari.
PC do B: afirmação da democracia
As eleições de 2012 também foram um marco histórico para o PC do B, elegendo pela primeira vez na história do partido dois vereadores, além do vice-prefeito Juliano Roso. “É um resultado histórico, especialmente do ponto de vista da trajetória do partido em Passo Fundo, por conta de que o partido sempre passou por dificuldades por causa da descontinuidade do nosso regime republicano”. Para o Presidente do partido, Emerson Brotto, a trajetória do partido começou a se constituir institucionalmente e nas relações do campo social com a vitória do Juliano Roso, há 12 anos, na Câmara de Vereadores. “Só a eleição de dois vereadores, nossa vitória é exitosa, mas nós ainda elegemos o vice-prefeito, o que torna esta eleição um marco histórico para um partido que está na cidade há mais de 100 anos”.
O dirigente reforçou o bom trabalho da atual gestão, que inclusive recebeu o seu apoio em quase todo o último mandato, mas apontou que o partido se propõe a apresentar novos projetos. “Nosso objetivo é apontar novas perspectivas para o município, não só para a geração de emprego e crescimento, mas apontando para o desenvolvimento com inclusão social”.
Compondo um governo com 12 partidos distintos, Brotto falou que o momento é de afirmação da democracia. “Nosso partido não tem preocupação nenhuma em relação a sua identidade, com relação aos seus princípios e a defesa do socialismo, porque estes nortes sempre estarão presentes. Vale lembrar uma frase do falecido vice-prefeito Adirbal Corrallo: ‘Agremiações partidárias não podem separar homens de bem’. Não estamos colocando em jogo ideologias e, sim trabalhando na perspectiva de fazer um governo voltado aos interesses da população, por isso não temos problema algum em participar de governos de coalisão”, disse.
DEM: trabalho por um novo projeto para Passo Fundo
Para a presidente do DEM Aline Morais, além de comemorar e a reeleição do vereador Patric Cavalcanti e a vitória da coligação que elegeu Luciano Azevedo para a prefeitura, o partido celebra a vitória de um novo projeto para o município. “O nosso objetivo é defender um bom projeto para a cidade e o ideal do Democratas. Quando escolhemos apoiar o projeto do Luciano e do Juliano para a majoritária, nós acreditamos no projeto deles para Passo Fundo”, disse a presidente.
Mesmo sem ampliar a bancada na Câmara, a reeleição de Patric como a principal liderança do DEM na cidade é considerada um resultado positivo na opinião da dirigente. “Realmente nossa maior força hoje é o vereador Patric, mas isso não significa que não tenhamos outras forças sendo construídas e qualificadas dentro do DEM”, garantiu Aline. De acordo com a presidente da sigla, o grande objetivo dos democratas a partir de agora será desempenhar o projeto eleito para o novo governo municipal e produzir um efeito positivo diretamente na vida das pessoas.
PSDB: reconstrução do partido
Embora os tucanos comemorem a vitória da coligação que integraram – por força de uma decisão judicial e da intervenção estadual, é inegável que o partido saiu fraturado deste pleito. A presidente da comissão interventora, Joseane Santin trabalha agora para reconstituir a sigla. “Os problemas de ordem interna do PSDB eu acho que é uma questão de tempo para que sejam solucionados. Agora é hora de voltarmos às bases e fazer uma reavaliação. É extremamente válida a divergência de opiniões, isso traz um crescimento afinal de contas temos como principal ideologia a democracia”, afirmou.
Ao mesmo tempo em que o partido colabora com a construção do novo governo, liderado por Luciano, existe a preocupação em refazer o PSDB. “Vamos retornar às nossas bases e convidar todos aqueles que almejam o crescimento do partido para reconstruí-lo”, anunciou a responsável pela sigla. A comissão interventora vigora até 31 de março, mas nos próximos meses, passado o período de férias, Joseane pretende encaminhar o processo para eleição de uma nova executiva. “Acredito que a ideologia é maior do que as pessoas. As opiniões são importantes e vamos tentar, na medida do possível, aglutinar todas as cabeças pensantes”, ponderou Joseane que promete retomar o diálogo mesmo com as lideranças tucanas que divergiram abertamente durante o processo eleitoral, ao apoiarem o candidato Osvaldo Gomes.
PT: resultado histórico apesar da derrota na majoritária
Ainda que a principal intenção do PT nestas eleições tenha sido frustrada, com a derrota de Rene Cecconello e Cesar Bilibio, o partido comemora uma série de conquistas. “Para vereador praticamente dobramos a nossa votação. Esse foi o maior resultado do PT em Passo Fundo com mais de 16 mil votos, sendo que sempre oscilávamos entre oito e nove mil votos”, avaliou o presidente do partido Rodrigo Roman. O número de votos possibilitou a eleição da maior bancada, formada por quatro vereadores. Além disso, o PT elegeu a única mulher, Claudia Furlaneto, para o legislativo. “Este também é um avanço e uma vitória porque significou a valorização de todas as nossas candidatas que trabalharam intensamente”, disse. De acordo com Roman, o PT também foi um dos únicos partidos que ampliou a votação em relação a outros pleitos, enquanto outras siglas reduziram o número de votos.
Para o dirigente o papel do PT a partir de janeiro é muito claro. “O resultado das eleições nos coloca em uma condição de oposição ao próximo governo e esta é a postura a ser adotada. Isso não significa dizer que será fará uma oposição à cidade, mas sim a este projeto político”, afirma. Nas questões em que o partido puder colaborar Roman assegura que assim será feito e que os parlamentares vão manter um diálogo franco com a próxima gestão municipal.
PDT: momento de reavaliação interna
“Este é um momento em que precisamos começar a fazer uma reflexão interna e reestruturar o partido”, considerou o dirigente pedetista Paulo Padilha. O presidente avalia as eleições trouxeram crescimento e nível estadual e que no município o PDT fez o possível. Sem eleger a chapa majoritária composta por Cecconello e Bilibio, ou mesmo ampliar a bancada na Câmara, Padilha considera que o partido precisa passar por uma reavaliação interna. “Vamos realizar uma reunião nesta sexta-feira (19) com as principais lideranças para avaliar todo o processo eleitoral”, contou.
Sem arriscar planos para o futuro próximo, Padilha fez questão de delimitar o foco no objetivo presente: o debate interno. “Temos que ver o que o partido pensa e quer. No último final de semana do mês reuniremos todo o diretório e partir daí começamos a traçar os planos para daqui para frente”, afirmou. Para o presidente somente após o diálogo entre os integrantes poderão ser definidas as próximas ações.
PSB: oposição responsável
“Ficamos frustrados com a não reeleição do nosso projeto, representado pelo Cecconello e Bilibio, mas em termos partidários o PSB teve um salto de crescimento em Passo Fundo. Pela primeira vez elegemos dois vereadores com os votos da nossa legenda”, considera o presidente do PSB, Clovis Alves. O dirigente destaca o bom momento que os socialistas vivem em todo país, sendo o PSB o partido que mais ampliou o número de prefeituras.
Sobre uma possível aproximação com o futuro governo, Alves afirma que não houve nenhum contato formal, mas assegura que um eventual convite será levado ao debate interno. Por enquanto, destaca a relação de lealdade com a gestão Dipp/Cecconello. “A princípio somos oposição ao projeto que foi eleito. Estamos com esta administração do prefeito Dipp desde o primeiro mandato, junto com o saudoso Adirbal Corralo. Temos mantido esta fidelidade”, afirmou. De acordo com o presidente, o PSB se prepara para a eleição do diretório no próximo mês e segue com o trabalho de formação política da militância. “Vamos incentivar uma oposição de qualidade, com responsabilidade. Quando houver projetos de interesse público, para o bem de Passo Fundo nós vamos votar junto (com a base do governo). Agora vamos estar atentos a toda movimentação deste governo e começaremos a nos preparar para as eleições de 2014”, concluiu.
PMDB: assimilando os resultados
A derrota do candidato Osvaldo Gomes do PMDB ainda está sendo assimilada pelo partido. “O atraso do julgamento do processo em Brasília (que ainda não aconteceu), certamente prejudicou bastante. Com isso, acreditamos que boa parte de população pendeu para o voto útil”, considerou o presidente da sigla, Edison Machado. O dirigente estima que as dificuldades jurídicas causaram a Gomes a perda de mais de 3,5 mil votos que custaram a vitória. Embora a bancada no legislativo tenha sido ampliada com a eleição do vereador mais votado, Claudio Luiz Solda, o Rufa (3.024 votos) a expectativa era de eleger um quarto vereador. “As legendas fizeram a diferença. A gente acreditava que faria mais um vereador, mas junto com o PTB e PT do B conseguimos colocar cinco, é uma grande bancada”, afirmou o presidente do PMDB, que ainda conta com Paulo Neckle e João Pedro Nunes na Câmara.
“O resultado final é produtivo, acho que o trabalho foi bom. Conseguimos levantar o PMDB de onde a gente começou a trabalhar um ano atrás; tivemos novas filiações, e conseguimos um grande grupo de candidatos a vereador. Nós tínhamos seis ou sete nomes que deixavam uma dúvida geral sobre quem entraria. Neste aspecto o PMDB cresceu bastante”, ponderou Machado. Para o dirigente a experiência que o prefeito e o vice eleitos têm no parlamento permite a eles avançarem na busca por consenso no Legislativo, diálogo que é benvindo para os peemedebistas. “O PMDB não está fechado para nenhuma cogitação. Nosso projeto de trabalho coaduna com o de Luciano e agente sabe que os pontos principais da cidade os dois candidatos trabalharam de frente”, considerou o dirigente.
PP: a vitória foi a renovação para Passo Fundo
O presidente do PP Marcos Susin relativizou a derrota da chapa integrada pela sigla. “Em números absolutos perdemos as eleições, no entanto, Passo Fundo optou por uma renovação bastante significativa. Os eleitos são dois jovens, já experientes na política e as referências que o Luciano e Juliano têm são importantes para formar uma boa equipe de trabalho”, avaliou Susin, considerando ainda a opção da maioria do eleitorado pela oposição. A renovação promovida na Câmara também é celebrada pelo progressista, apesar de assumir que a bancada ficou aquém da expectativa mais otimista que previa a eleição de três vereadores. “Elegemos duas pessoas que nunca tinham chegado diretamente ao poder – Paulo Pontual e a Marcos da Silva – e tivemos duas pessoas que nunca haviam participado das eleições com uma votação significativa, Mateus Wesp e Celso Gonçalves, com isso acho que o partido se oxigenou”, ponderou.
De acordo com Susin, já houve acenos informais do próximo governo acerca de uma possível união e se convidado oficialmente a integrá-lo a sigla conta com um quadro qualificado à disposição. “O foco de todos os partidos é Passo Fundo e as negociações certamente virão. Esta é a arte da democracia: fazer com que contentores de ontem sentem à mesa e administrem interesses”, comentou o dirigente.
PTB: disposição para diálogo com a base
Mesmo com a derrota da coligação majoritária, o PTB conseguiu a reeleição dos vereadores Aristeu Dalla Lana e Márcio Tassi. Ainda assim o resultado é positivo na avaliação interna do presidente petebista, Antonio Bortolotti. “Saímos bem na avaliação em geral. Na atual conjuntura política, com 250 candidatos a vereador apesar das 21 vagas, conseguimos manter a bancada mesmo com apenas 12 candidatos concorrendo em uma coligação (proporcional) com um partido mais forte, o PMDB”, considerou.
Existe uma boa disposição para um eventual apoio ao futuro governo municipal. “O PTB está aberto à conversação, temos que trabalhar em prol da comunidade para toda Passo Fundo. Devemos nos próximos dias sentar com o prefeito eleito e tudo é possível. Vamos dialogar e passar para a comissão do partido”, contou o presidente.
De acordo com o Bortolotti, até o final do ano o PTB realiza o recadastramento dos filiados ao partido para que todos estejam aptos a atuarem pela sigla. A intenção é se reorganizar internamente, pois alguns nomes petebistas não puderam concorrer devido a problemas de ordem burocrática. “Perdemos certamente 15 candidatos que iam concorrer a vereador”, lamentou.
PSTU: resultado acima da média nacional
“Nós consideramos o resultado como uma vitória do partido. Priorizamos a campanha da majoritária e alcançamos um crescimento eleitoral em relação à eleição anterior e também conseguimos organizar e filiar novas pessoas ao partido”, sintetiza o presidente do PSTU, Orlando Marcelino da Silva Filho. Em uma eleição com cinco postulantes a prefeito, o PSTU conseguiu que o seu candidato, Bradimir da Silva, ficasse em quarto lugar nas urnas. O partido fez a campanha mais modesta entre os concorrentes da majoritária e Bradimir foi o único candidato alijado de um dos principais debates do período eleitoral, mesmo assim conseguiu ampliar a votação da sigla. “Considerando o que nacionalmente o partido geralmente atinge nos processos eleitorais, nós atingimos um índice até superior”, avaliou o dirigente.
A partir de agora o objetivo é ampliar as filiações e consolidar a atuação dos novos membros partidários. O viés de atuação, que historicamente prioriza o movimento sindical, deve ser também ampliado através do diálogo com os movimentos estudantil e comunitário. “Neste final de ano teremos uma conferência do partido para nos organizarmos visando 2013. Também temos uma discussão a partir de agora sobre como serão construídas as relações em nível de estado, já prevendo o processo eleitoral de 2014”, completou Orlando.
PSOL: planos para 2014
A presidente do PSOL, Solange Schmidt afirma que o último lugar obtido na votação para prefeito não abateu o partido. “O PSOL é um partido recente na cidade, é a segunda vez que nós participamos de um processo eleitoral. Naturalmente que quem entra pensa em vencer, mas nós conhecíamos as nossas limitações e não nos surpreendemos com o resultado”, avaliou Solange. Na opinião da dirigente o trabalho da militância foi satisfatório e a campanha cumpriu seu objetivo. “Entendo que vencemos em vários pontos. Em termos de votos triplicamos a votação da primeira eleição que concorremos, em relação à majoritária”, comentou. Além disso, após as eleições dez pessoas ingressaram na sigla e outros simpatizantes estão em contato para filiação.
“Ficamos com um compromisso com a comunidade, nosso programa não era meramente para concorrer a uma eleição, mas um programa partidário”, afirmou a presidente. Solange assegurou que o PSOL municipal vai marcar presença na eleição de 2014. O nome de Marcelo Zeni, que disputou a majoritária, é o mais cotado para se candidatar a deputado federal ou estadual. “Vamos trabalhar para que ele (Zeni) continue sendo o nosso representante em outras instâncias e temos também indicativos de que o Marcelo Freixo (segundo colocado na disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro) será o nome do PSOL para disputar a presidência da República”, revelou Solange.
Hora de fazer o balanço
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