O presidente municipal do PSB Clóvis Alves afirmou que não existe decisão alguma sobre a possibilidade do partido compor com o governo eleito para Passo Fundo. “Isto não foi avaliado. Este convite nunca foi formalizado”, explicou. Já o secretário estadual de Infraestrutura e Logística Beto Albuquerque afirma que o partido será oposição ao governo de Luciano Azevedo. Beto descartou a possibilidade dos socialistas fazerem parte da futura administração. O posicionamento foi surpresa para alguns partidários. “De certa forma me surpreendi com o posicionamento do deputado Beto, mas deve ser um posicionamento pessoal dele porque nós aqui em Passo Fundo em momento algum fomos consultados ou tivemos algum tipo de diálogo com o prefeito eleito Luciano ou com seus representantes”, ponderou Alves. Informalmente a aproximação de Luciano com o PSB iniciou logo após as eleições. O prefeito eleito fez uma visita a Beto Albuquerque no dia 16, em Porto Alegre.
Beto Albuquerque assegurou que o tema já foi pautado internamente. “Este não é um posicionamento meu, isolado. É uma visão discutida e tratada com os nossos vereadores eleitos padre Wilson e Pelicioli, com o Zé Eurides, nosso atual vereador, e com dirigentes partidários”. O secretário falou da visita feita por Luciano, a quem se referiu como uma pessoa “gentil e elegante”, e da manifestação do prefeito eleito de ter o PSB como aliado. Porém, avalia que a decisão é resultado da coerência ideológica e de um debate interno realizado nas duas últimas semanas. “Uma adesão ao governo, ato contínuo a uma eleição que você perdeu, é uma coisa muito difícil. Nós vamos fazer aquilo que a democracia ensina: ficar na oposição. O PSB não é um partido ranzinza, criador de caso. Nossos vereadores não serão oposição radical, incapaz de perceber as coisas boas que poderão ser propostas ”, argumentou.
Para Albuquerque compor com o futuro governo seria ultrapassar um limite razoável de compreensão política. “Até ontem lutamos para que o Cecconello e Bilibio fossem prefeitos, representando oito anos de governo, e nós perdemos. Quando perdemos recebemos um recado legítimo das urnas para que sejamos oposição”, resumiu. Mesmo com o seu partido na oposição, o secretário assegurou que a atuação que desempenha pelo município não será alterada. “Onde eu estiver, independente de (o prefeito) ser o Luciano ou outra pessoa, vou ajudar sempre Passo Fundo na aprovação de projetos, na solução de problemas, na captação de recursos. Faço isso com muito gosto porque eu tenho uma gratidão com o povo da cidade e isso não vai mudar”, assegurou.
Alves reiterou que, caso uma proposta para integrar o governo eleito venha a ocorrer, esta decisão passa primeiramente pela executiva porque temos uma hierarquia dentro do partido. “Evidente que o deputado Beto é uma pessoa por quem temos o maior respeito e admiração como nosso grande líder no Rio Grande do Sul, mas ele sempre respeitou muito a autonomia e a hierarquia partidária”, disse.
“A decisão não deve trazer nenhum prejuízo para governabilidade”
O responsável por negociar a ampliação da base do governo eleito, o presidente do PSD Tadeu Karczeski, reagiu de forma muito tranquila à declaração de Beto Albuquerque. De acordo com Karczeski, o diálogo com o PSB estava sendo mantido diretamente por Luciano, mas a recusa a uma possível aliança não causa surpresa ou preocupa o futuro governo. “Já temos por parte dos vereadores do PSB que eles não serão obstáculo para os projetos de interesse da comunidade. Acredito que esta decisão na traga nenhum prejuízo para a governabilidade”, avaliou. O presidente do PSD também se disse convicto da continuidade do apoio do secretário de Infraestrutura a Passo Fundo. Até a tarde de ontem os três partidos – PMDB, PP e PTB – que negociam a participação no governo de Luciano ainda não haviam respondido ao convite. Porém, Karczeski reforçou que as tratativas estão bem adiantadas.