Lixo da propaganda eleitoral poderia produzir 20 milhões de livros

Papel utilizado na campanha consumiu 603 mil árvores e três bilhões de litros de água

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O lixo produzido pelo material impresso da propaganda eleitoral de 2012 poderia ser utilizado para a publicação de 20 milhões de livros escolares com 50 páginas. Com o comprimento dessa quantidade de papel empilhado seria possível dar 143 voltas ao redor da Terra. Esses cálculos foram divulgados pelo juiz auxiliar da Presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Paulo Tamburini, no painel “Impacto ambiental da propaganda eleitoral”, apresentado no congresso em que se comemoram os 10 anos da Escola Judiciária Eleitoral (EJE/TSE) durante a última semana.

O levantamento foi feito pelo magistrado com base nos dados declarados nas prestações de contas dos candidatos. Do total de R$ 2 bilhões que os concorrentes gastaram com propaganda, R$ 800 milhões foram destinados ao material impresso, como panfletos e divulgação em jornais. Levando-se em conta que com R$ 250 se produzem 20 mil santinhos, o valor declarado é suficiente para a impressão de 57 bilhões deste impresso. Além do papel, para a produção deste material foi necessária a derrubada de 603 mil árvores e o consumo de três bilhões de litros de água.

Para Tamburini, apesar dos constantes avanços do processo eleitoral como a informatização do voto e a aprovação de leis como a da Ficha Limpa, pouco ou nada se tem feito quanto ao impacto ambiental da propaganda. O juiz considera que, com o surgimento de novas mídias como a internet, há que se pensar em novas formas de se fazer propaganda eleitoral sem degradar o meio ambiente. “Está na hora de se buscar uma nova maneira de passar a ideologia dos candidatos”, concluiu Paulo Tamburini.
Enchentes e acidentes

O comandante do Grupamento de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros Militar do Rio de Janeiro, tenente-coronel José Albucacys de Castro, que fez o estudo do impacto ambiental da propaganda eleitoral junto com Paulo Tamburini, ressaltou que o lixo da propaganda entope as galerias de águas pluviais, o que pode causar alagamentos e enchentes. Quando jogado nas encostas dos morros, leva ao deslizamento de terra. Diariamente, são coletadas 22 toneladas de lixo na cidade do Rio de Janeiro-RJ. No dia da eleição, esse número chegou a 300 toneladas.

Já o material jogado no chão e os cavaletes espalhados ao longo das avenidas podem causar acidentes sérios, como o de uma senhora que faleceu, no dia da eleição, após escorregar em santinhos espalhados ao redor de uma seção eleitoral na cidade de Guarulhos-SP.

Sugestão
Para diminuir o impacto no meio ambiente, a vice-procuradora-geral Eleitoral, Sandra Cureau, mediadora do painel, sugeriu a realização de campanha institucional da Justiça Eleitoral incentivando o eleitor a votar somente em candidato que não polua o meio ambiente.

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