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Ao completar 20 anos de vida pública neste 1º de janeiro de 2013, Luciano Azevedo assume a prefeitura de Passo Fundo

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No dia em que completa 20 anos de vida pública, Luciano Azevedo torna-se também prefeito de Passo Fundo. Conquista que, ele garante, nunca foi um sonho pessoal. Depois de ser eleito por três vezes como vereador (1992,1996 e 2000), duas vezes como deputado estadual (2006 e 2010) e ser derrotado em duas eleições municipais (2004 e 2008) na disputa majoritária, Luciano chega à prefeitura aliado a uma numerosa coligação de pequenos partidos. A posse do prefeito eleito está marcada para às 17h deste dia 1º de janeiro, na Câmara de Vereadores. Logo depois será feita a transmissão de cargo, entre Airton Dipp e Luciano. Posteriormente se dará a posse dos novos secretários. Duas semanas antes da posse, ainda como deputado, Luciano conversou com ON e refez alguns dos principais momentos vividos nas duas décadas de trajetória política. Em primeira pessoa, o novo prefeito de Passo Fundo conta esta história.

O início da trajetória
Meu pai era filiado ao PDS na época – haviam menos partidos, ou se era do PDS, PDT ou PMDB, isso lá em 1992 – e participou da vida partidária, mas nunca foi candidato. Comecei a acompanhar ele em algumas reuniões e aí sempre tem aquela necessidade de fechar a chapa para vereadores. Alguém me convidou e eu acabei sendo candidato, foi quase uma casualidade. Aí fui eleito e, naturalmente, eu segui. Participei do movimento estudantil muito timidamente, nunca em cargo de direção. Não fui um militante da política estudantil, (o início da vida política) foi mais uma circunstância mesmo. Lembro até hoje de uma reunião que participei na Câmara de Vereadores, estavam lá escolhendo os candidatos e provavelmente aquilo me impressionou, eu tinha 21, 22 anos. Aí começou a minha caminhada.

Presidência da Câmara
Eu fui presidente com 27 anos, no meu segundo mandato como vereador e foi uma coisa também natural. Foi algo que eu dei muita importância e dou até hoje; fui presidente em chapa única, sem disputa, e numa Câmara que tinha figuras fortes como Jaime Debastiani, Décio Ramos de Lima e Zenóbio Magalhães.

20 anos de atuação
Vou completar, no dia 1º de janeiro, 18 anos de mandato em 20 anos de vida pública. Procuro sempre ser muito objetivo, eu trabalho sempre no sentido de resolver e é extraordinário o número de pessoas que encontro e me agradecem por algo que fiz em algum momento por elas ou pela cidade. Lembro de um caso quando, na última eleição para deputado, visitei a empresa Zonta e eles disseram que gostariam de ajudar um colega com obesidade mórbida e pediram para que eu auxiliasse. Fui ao Estado, tentei ajudar e agora, na campanha para prefeito, encontrei a pessoa com a nova aparência. Aquilo me marcou muito por estar olhando para uma pessoa que o meu trabalho ajudou a melhorar a vida, esta é uma das memórias mais recentes que eu tenho.

O foco da atuação parlamentar
Me dediquei muito a defender os interesses de Passo Fundo, tentei ajudar o município na liberação de recursos. Quando eu cheguei aqui, Passo Fundo tinha um crédito a receber do Governo do Estado que era resultado de valores não repassados, promessas não cumpridas ainda do Orçamento Participativo e Consulta Popular. Dinheiro que existia no papel, mas não chegava ao município. Eu me dediquei a cobrar esta conta e fui bem sucedido. O Município pôde receber muitos recursos para escolas, hospitais, veículos para a Brigada Militar, investimentos para o aeroporto, apoio para eventos e uma série de investimentos menores, mas na soma isso dá uma quantia muito significativa. Além disso, procurei sempre participar em Porto Alegre das questões que interessavam a Passo Fundo, fiz um mandato muito dirigido ao município: no apoio às entidades, na divulgação do que acontecia na cidade, na articulação para os nossos eventos, como a Jornada de Literatura. Além disso, cumpri aqui o meu trabalho como deputado, apresentando proposições. Apresentei 32 projetos, muitos deles foram aprovados, participei de debates, mas o centro de minha atuação, todo mundo sabe que era Passo Fundo.

150 anos do município
Nos 150 anos de Passo Fundo eu era o único deputado estadual da cidade na Assembleia. Nós fizemos uma homenagem que reuniu pela primeira e única vez todos os ex-prefeitos e ex-deputados estaduais e federais vivos. Foi um momento muito significativo. Só faltou o Beto Albuquerque por um problema na família, mas que esteve aqui representado pelo pai dele. Dipp, Salton, Carrion, Firmino Duro, Lourenço Pires, Eden Pedroso, Augusto Trein, Romeu Martineli, todas as pessoas que fizeram parte da história recente da cidade participaram.

As viagens
Provavelmente mais de duzentas vezes eu fui e voltei de Passo Fundo. O meu partido é um partido pequeno. Isso exigiu de mim que viajasse muito pelo estado, fiz ao longo de seis anos mais de 600 mil km; fui muitas vezes a lugares muito distantes, como Chuí, Santana do Livramento, Bagé, Santa Vitória do Palmar e por aí vai. Estive em todas as regiões do Estado. Eu trabalho com alegria, gosto do que faço, mas isso cobra um preço: é o fato de não poder estar em casa, ter uma rotina de convivência com a família. Mesmo assim eu sempre colocava o sábado e o domingo para ficar em Passo Fundo, então houve um preço a ser pago durante este período.

Presença em Passo Fundo
Mesmo com toda esta carga de trabalho o escritório me permitiu que eu estivesse presente em Passo Fundo o tempo todo; funcionou muito bem como apoio parlamentar, para receber as demandas, por lá passaram mais de 3 mil pessoas. O escritório é mantido com recursos próprios, sem dinheiro público. A impressão que tenho é de que as pessoas compreenderam isso e também, quando eu estava em Passo Fundo, procurei estar presente na vida da cidade; estava no supermercado, na farmácia, andando pela cidade, com isso eu convivia com muita gente.

Não houve sonho
Ouvi muitas vezes que chegar à Prefeitura é a realização de um sonho. Eu nunca disse isso na minha vida e nunca pensei assim. Acho que isso (se tornar prefeito) é consequência, você vai fazendo política e as coisas vão dando certo. Assim como também há percalços e eu perdi eleições, mas aos poucos vai se consolidando uma caminhada, um trabalho. Eu nunca fiz política para chegar a algum lugar, eu fui sempre dando o melhor de mim. Quando eu tenho um mandato, sou organizado, trabalhador e me dedico, mas nunca num sentido de chegar a um determinado caminho. (Ser prefeito) é algo que nunca foi um objetivo pessoal meu, é uma circunstância da vida: se é levado por um caminho, as portas se abrem e se vai indo. Quando me elegi pela primeira vez não havia nenhum objetivo traçado.

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