O despertar de um político convicto

Amigos do novo prefeito de Passo Fundo revelam momentos de convivência durante a trajetória política de Luciano

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Os sintomas da vocação para a política surgem entre amigos. Com Luciano Palma de Azevedo não foi diferente. Escola, futebol, amigos e, espontaneamente, havia uma base. E uma liderança, é claro. Foi entre amigos que Luciano despontou para a política. Jovens amigos, hoje quarentões, que continuam ao seu lado.

O advogado Adolfo de Freitas é desta turma. Amigo, parceiro de escola, de faculdade e do futebol, depois assumiu o escudo e outros artefatos necessários à condução das campanhas políticas. A parceria prossegue. Agora, quando Luciano assume a Prefeitura de Passo Fundo, permanece ao seu lado abraçando a Procuradoria do Município.

Vocação política

Luciano Azevedo foi candidato pela primeira em 1992, quando aos 22 anos foi eleito vereador. Mas antes disso já era explícita a sua vontade de ingressar na vida pública. “Pelo IE ele participava da Olimpíada Metodista, representando Passo Fundo na prova de oratória”, recorda Adolfo de Freitas. Eles ingressaram juntos na Faculdade de Direito da UPF. Ainda no primeiro semestre Luciano expressou que gostaria de ser o orador da turma na formatura. E foi. Nas páginas de O Nacional, em 1991, pela primeira vez seu nome foi vinculado à política. O saudoso colunista Décio Ilha colocou os nomes de Adolfo e Luciano, jovens lideranças do PDS, como as promessas do partido para vereador. “Luciano perguntou se eu iria ser candidato. Respondi que não, pois não tinha vocação”, recorda Adolfo de Freitas. A resposta de Luciano foi taxativa: “Eu quero ser candidato, se você não for eu vou começar a trabalhar”.

Amigos e futebol
Corria o ano de 1992, no rádio rolava ‘Just Another Day’ com Jon Secada. A turma do Luciano curtia os bailes do Comercial, o Boka (hoje o Bokinha), jogava futebol e assistia filmes nos aparelhos da moda, os então cobiçados videocassetes.
Depois do futebol sete a pedida era o Bokinha, destino de quem jogava especialmente no Clube Comercial, ou no Campestre e Garden. Luciano era lateral esquerdo no Zebrão F.C. nos campeonatos internos do Comercial. O time contava ainda com Adolfo, Cadú (Carlos Eduardo Lopes da Silva), Hugo Rigo, Ricardo Casa, Ricardo Tielet, André Fontoura, Adriano Ughini, Rodrigo Donadussi e outros. O goleiro era Antônio Carlos Tiezerin, há pouco falecido, definido por Freitas como “um pedetista convicto, porém fiel eleitor de Luciano”.

Enfim, candidato

“A candidatura saiu do nada, do ímpeto dele que demonstrou esse desejo desde a escola”, conta Adolfo. E não era apenas o desejo de entrar na política. Já havia a vontade de ser prefeito também. E foi ali, no Bokinha, que a candidatura veio a público. Alguém da turma, com talento grafiteiro, ornamentou a parede do banheiro com a expressão ‘Azevedo vereador’. “Logo todos sabiam que ele era candidato”, recorda o proprietário da casa, Eduardo Otto Wentz. A pequena pichação não foi obstáculo para Edú ceder uma sala em frente para instalação do primeiro comitê eleitoral do novo candidato. Ao contrário de agora, quando o nome em destaque é Luciano, na primeira campanha era destacado o Azevedo. “Havia um outro Luciano”, explica Adolfo.

Jovens quarentões

A intimidade com a bola manteve a turma entrosada também para a campanha eleitoral. Ao invés do gol, buscavam votos. Eram os amigos e especialmente os pais dos amigos do Luciano que encamparam aquela candidatura em 1992. E ganhou corpo com os amigos dos amigos, os colegas, as namoradas...
O resultado não poderia ter sido melhor: eleito vereador com expressivos 1.075 votos. Luciano era o segundo vereador mais jovem, atrás de Giovani Corralo, outra revelação daquele pleito. Mas logo depois Luciano assumiu a condição de mais jovem presidente da Câmara de Passo Fundo. Vereador e depois deputado estadual. Concorreu a prefeito pela primeira vez e por pouco não venceu. Para Adolfo “ali deu pra ver que dava pra chegar. A segunda vez desanimou um pouco e agora tivemos que insistir para que o Luciano concorresse. Mas deu tudo certo”. Parece que sim. E aqueles mesmos jovens que batiam bola no Comercial continuam no mesmo time. Ainda podem ser vistos juntos no Bokinha. E agora quarentões na Prefeitura de Passo Fundo. São as mesmas cabeças. Mudaram apenas os cabelos.

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