Durante debate sobre a infraestrutura para realização da doação de medula óssea no País especialistas afirmaram que a maior dificuldade do setor é a disponibilidade de leitos e o baixo número de centros especializados nesse tipo de transplante. O encontro foi promovido, pela Comissão de Seguridade Social e Família, por iniciativa do líder da legenda na Casa, deputado Beto Albuquerque (RS). O socialista é autor da Lei nº 11.930/2009, conhecida como Lei Pietro em homenagem ao seu filho, vítima de leucemia mieloide aguda, que faleceu em fevereiro de 2009 após 13 meses de luta contra a doença. A Lei estabeleceu a Semana Nacional de Doação de Medula Óssea, realizada anualmente entre os dias 14 e 21 de dezembro. Nesse período, diversas atividades são realizadas em todo o País com o objetivo de incentivar o cadastro da população no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome).
A coordenadora de Atendimento de Atenção Hospitalar e Urgências do Ministério da Saúde, Maria do Carmo, afirmou que o Governo Federal está atento à falta de infraestrutura do setor e prevê o financiamento de R$ 200 mil por leito para doação de medula óssea no Brasil. De acordo com o diretor do Centro de Transplante de Medula Óssea (CEMO) do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Luiz Fernando Bouzas, outro problema é a falta de equidade nas regiões brasileiras, com os grandes centros de transplante concentrados no sul e sudeste. “Pacientes de outras localidades precisam se deslocar, o que dificulta a realização dos transplantes.” O diretor do CEMO reforçou que hoje com a modernização do Redome é possível buscar doadores em todo o mundo. “Se antes a chance de encontrar um doador era de 17% hoje chega a quase 90%.”
Para Beto Albuquerque, de fato desde a época da descoberta da doença de Pietro em 2008 até os dias de hoje muito se avançou no cadastro e na realização de transplantes. “O Sistema Único de Saúde é responsável por 98% dos transplantes de medula, órgão e tecidos”. Mas o parlamentar alertou para a necessidade do Governo Federal em elevar a qualidade do financiamento público de saúde. “Só assim aumentaremos a oferta de qualidade do serviço no País.”
A campanha idealizada pelo parlamentar socialista já alcançou bons resultados. Segundo o Inca, atualmente, o Brasil conta com mais de 3 milhões de pessoas na lista de voluntários, perdendo apenas para os Estados Unidos e a Alemanha. Beto chamou atenção para a necessidade de conscientizar os doadores cadastrados acerca da importância de que realmente compareçam para doar. “Cerca de 15% dos doadores compatíveis não comparecem para o procedimento de doação após serem localizados”, lamenta. Por essa razão, a presidente da Fundação Hemocentro de Brasília, Beatriz Mac Dowell Soares, defende um programa de incentivo as pessoas que já doam sangue com frequência. “São pessoas que de alguma forma já estão comprometidas com a causa”, explica. Os hemocentros são parceiros do Inca na coleta de sangue e no cruzamento do cadastro do Redome com o Cadastro Nacional de Receptores (Rereme).
Doação
Para ser um doador basta procurar o hemocentro mais próximo, ter entre 18 e 55 anos e estar em bom estado de saúde. É necessário levar documento de identidade oficial com foto e preencher um formulário. No ato do cadastro, são coletados cinco mililitros de sangue para análise do código genético de compatibilidade, chamado de HLA (histocompatibilidade). O resultado do exame fica armazenado no Redome. Não há exigência quanto à mudança de hábitos de vida, trabalho ou alimentação. Se a compatibilidade for confirmada, a pessoa será consultada para decidir sobre a doação.