Aprovado parecer favorável à CPI da Petrobras

A palavra final sobre o alcance da investigação deve ficar a cargo do Supremo Tribunal Federal (STF).

Por
· 2 min de leitura
A reunião da CCJ foi tensa e marcada pela troca de acusações entre parlamentares do governo e da oposiçãoA reunião da CCJ foi tensa e marcada pela troca de acusações entre parlamentares do governo e da oposição
A reunião da CCJ foi tensa e marcada pela troca de acusações entre parlamentares do governo e da oposição
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Está pronto para ir a votação no plenário do Senado o parecer do senador Romero Jucá (PMDB-RR), aprovado hoje (9) pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), favorável à instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) mais ampla. Se a decisão for mantida, além de irregularidades na Petrobras, como a compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), os senadores vão apurar irregularidades no Metrô de São Paulo, do Distrito Federal e nas atividades do Porto de Suape, em Pernambuco. Apesar disso, a palavra final sobre o alcance da investigação deve ficar a cargo do Supremo Tribunal Federal (STF).

A reunião da CCJ foi tensa, com troca de acusações constantes entre governo e oposição, que depois de ter uma questão de ordem, proposta pelo líder do PSDB, senador Aloysio Nunes (SP), rejeitada por 13 votos a 10, decidiu se retirar da comissão sem participar da votação do relatório de Jucá.

“Com essa decisão vergonhosa, respaldada pela maioria governista, o Congresso acaba de abrir mão de uma de suas mais importantes prerrogativas, que é a de investigar as ações do Poder Executivo. Retiraram das minorias um direito constitucional”, disse Aécio Neves (PSDB-MG). Ele comparou a decisão da CCJ com o Ato Institucional 5 (AI-5), editado no regime militar.

Enquanto a oposição, por meio de um mandado de segurança impetrado ontem (8), no STF, cobra a instalação imediata de uma comissão específica para apurar denúncias envolvendo a estatal - argumentando que a inclusão de fatos alheios à esfera da estatal fere o direito da minoria de fiscalizar o governo -, a base de apoio da presidenta Dilma Rousseff alega que os novos temas, assim como a Petrobras, estão interligados por usar recursos federais.

“Estamos trazendo concausas [causas concorrentes] para o debate. Falar que existe conexão entre o Metrô de São Paulo, entre o Metrô de Belo Horizonte, entre o metrô de onde quer que seja, com a Petrobras, é não querer investigar a Petrobras. Isso é o fato”, disse o senador Pedro Taques (PDT-MT).

O relator Romero Jucá nega que o direito da minoria esteja sendo limitado e garante que todas as denúncias serão investigadas. “A CPI já existe. A Petrobras será investigada, como serão investigados outros indícios de irregularidades, como nos casos dos metrôs. Não há manobra para evitar CPI ou investigação da Petrobras. A CPI inclui todos os pontos propostos pela oposição. Não há porque reclamar. Não estamos cassando os direitos da minoria. Dos seis itens da CPI mais ampla, quatro são pedidos da oposição”, assegurou.

Jucá disse ainda que, caso o STF decida acatar a reivindicação da oposição, o Congresso terá que cumprir a ordem. “Não vai faltar CPI”, completou.

Durante o debate, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) acusou a oposição de “usar a CPI com objetivos eleitorais". A exemplo do que fez a oposição, Gleisi adiantou que os governistas também vão entrar com mandado de segurança no STF pedindo a anulação do pedido de CPI feito pela oposição, por entender que os fatos determinados não têm relação entre si.

Além da compra da refinaria, a oposição quer investigar denúncias de pagamento de propinas a dirigentes da Petrobras, o lançamento de plataformas ao mar sem equipamentos de segurança e irregularidades nas obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

“A verdade é que o PT e o governo não querem investigar nada. Se for aprovada uma CPI para investigar e misturar Petrobras, porto e metrô, é não querer fazer nada”, criticou o senador Pedro Simon (PMDB-RS).

Agência Brasil

Gostou? Compartilhe