A Confederação Nacional da Indústria (CNI) promoveu, nesta quarta-feira (30), o Diálogo da Indústria com Candidatos à Presidência da República, entre 10h e 16h30, em Brasília. O evento contou com a participação de Eduardo Campos (PSB), Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), nesta ordem. Os candidatos tiveram 30 minutos para apresentar suas propostas e, logo em seguida, responderam a perguntas de empresários do setor industrial. A programação e as regras foram previamente definidas com os assessores de cada candidato. O presidente da CNI, Robson Andrade, entregou aos candidatos sabatinados 42 propostas da CNI para melhorar a economia nacional, com foco na melhoria da infraestrutura, para aumentar a competitividade das empresas nacionais no mercado interno e externo.
O Brasil mudou
A presidenta Dilma Rousseff, que disputa a reeleição, aproveitou a parte inicial de sua fala para fazer um balanço das realizações do governo e do anterior na área industrial. Dilma lembrou que foi no mesmo plenário, na sabatina de 2010, que prometeu criar a Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa, comandada atualmente pelo empresário Afif Domingos. “Sabemos que nos últimos anos o Brasil mudou e tem um longo caminho a percorrer”, disse a candidata, ao lembrar que seu governo procurou resgatar a perspectiva industrial, superando preconceitos de que o país não precisaria de uma política industrial. Dilma enfatizou o crescimento expressivo da indústria naval a partir de 2003. Segundo ela, o número de trabalhadores no setor aumentou dez vezes desde então, com a expansão de estaleiros. Até 2020, a indústria naval fará investimentos em torno de US$ 100 bilhões, impulsionados pela demanda gerada pela exploração da camada do pré-sal. A candidata prometeu continuar o debate sobre a necessidade da política industrial no Brasil, que, segundo ela, é criticada por muitos.
Meritocracia da eficiência
O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, disse que, se for eleito, reduzirá pela metade o número de ministérios em seu governo e extinguirá pelo menos um terço dos cargos comissionados existentes hoje. Segundo ele, isso não significa que todas as áreas atendidas pelos 39 ministérios atuais não sejam importantes, mas sim que precisam ser “desburocratizadas”. “Existe um grupo trabalhando no redesenho do Estado brasileiro, comandado por aquele que eu considero o mais eficiente gestor público, o ex-governador de Minas Gerais Antônio Anastasia. Estamos conversando para redesenhar o Estado brasileiro”, disse o candidato, sem antecipar quais ministérios serão cortados. Segundo Aécio, pelo menos um terço dos ministérios pode ser extinto “imediatamente”, de modo a reduzir “o gigantismo do Estado” e melhorar a gestão pública. Além disso, ele disse que, nas áreas em que for possível, vai estabelecer regime de metas aos funcionários públicos para estimular a melhor prestação de serviços públicos. “O meu governo será o da meritocracia e da eficiência.”
Modelo ultrapassado
O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, disse aos empresários da indústria que o atual modelo político do país, baseado na coalizão de partidos, “esclerosou e faliu” e, por isso, precisa ser revisto para viabilizar as mudanças que possibilitem tornar o país mais competitivo. “Precisamos compreender que a solução antes da economia é na política”, disse. Campos prometeu comandar uma reforma política que acabe com “essa lógica patrimonialista, fisiologista e atrasada que tem a cabeça no século 19”. “Não tem solução para o que está aí, sem um debate político profundo no Brasil. O padrão político de governança esclerosou, faliu e não vai dar uma nova agenda de competitividade para a economia brasileira. O novo padrão político que se exige é um software que compreenda o que acontece no mundo para levar o Brasil a um ambiente seguro para investir e que anime os investidores”, discursou Campos. Ministro no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Campos criticou o atual modelo de gestão petista que, segundo ele, levará o país para trás. “O presidencialismo de coalização não vai levar o Brasil a um bom lugar. Só levará o Brasil para trás”, salientou.