Um dos principais objetivos, da campanha eleitoral da candidata à Presidência da Republica Luciana Genro, é a construção de uma nova visão da política e de novas percepções da sociedade. Luciana esteve em campanha em Passo Fundo ontem e participou de um ato político ao meio-dia no centro da cidade. Para ela, o processo eleitoral não é um período que visa apenas os votos, mas pretende, principalmente, politizar a população quanto as mudanças necessárias que a estrutura brasileira necessita. Dessa forma, ela aponta que, o primeiro passo, para se construir uma nova política é através da coerência de bandeiras e do exercício da boa política. Para isso acontecer, as candidaturas não podem estabelecer acordos ou se atrelar aos interesses do capital privado para adquirir o poder. Para romper com esta lógica, sua candidatura segue as determinações do estatuto do partido, que proíbe doações de empreiteiras, multinacionais, bancos e empresas ligadas ao capital privado. Nesta perspectiva, os recursos para sua campanha são bem menores em relação aos seus adversários. Até agora ela arrecadou R$200 mil enquanto seu teto máximo é de R$900 mil. O valor é oriundo do fundo partidário e da doação de militantes e simpatizantes.
Luciana traz no seu discurso e na sua atuação política as principais demandas manifestadas pela população durante as jornadas de junho de 2013. Por isso, temas como a reforma urbana, tributária e agrária são pontos fundamentais das suas propostas, bem como a ampliação de programas sociais, melhorias efetivas na saúde e na educação e a construção de um novo modelo político. Mas ela destaca que essas melhorias poderão ser construídas através de um governo que tenha coragem de enfrentar os interesses econômicos que predominam e através de uma nova consciência da população. Nesse sentido, Luciana afirma que não pretende governar para todos. Ela destaca que este é um discurso “paz e amor” e, reflete a mesma lógica praticada pelos governantes até agora. Desse modo, ela explica que para fazer as mudanças é necessário contrariar interesses. Para isso acontecer, ela aponta que vai lutar por uma revolução na estrutura tributária para fazer que as estruturas financeiras e os milionários paguem mais impostos e, essa arrecadação seja destinada no aperfeiçoamento dos setores vitais da sociedade. “A nova política não pode se resumir em discursos, mas ela precisa se concretizar em medidas praticas. Por isso, nossas propostas se concretizam nessas medidas claras que pretendemos aplicar na economia”. Aliada as mudanças no cenário econômico Luciana propõe a ampliação do protagonismo da população através da democracia direta com plebiscitos, referendos e através da mobilização da sociedade. “A forma para acabar com o balcão de negócios com o Congresso Nacional é a mobilização do povo, para ter força para aprovar essas medidas”.
Programas sociais
A ampliação dos programas sociais é uma das intenções de Luciana. De acordo com ela, apenas 0,5% do orçamento é destinado para esta esfera enquanto para a dívida pública a União destina 40% do orçamento. Ela também pretende reajustar a faixa que indica a situação de miserabilidade do Brasileiro. Hoje o valor que indica a saída da população desta faixa é de R$70, 00. Segundo ela, o valor não é reajustado desde o Governo Lula com o programa Fome Zero. Além disso, ela enfatiza a necessidade da mudança tributária para reduzir a concentração de renda existente e redistribuí-la. Uma medida para reverter isso seria através do imposto sobre grandes fortunas. “Além de fazer programas sociais é necessário mexer na concentração de renda”. Para alterar isso, ela propõe a cobrança do imposto sobre as grandes fortunas. A intenção está na constituição, mas não é regulamentada. A medida faria com que milionários com fortunas acima dos R$50 milhões paguem uma alíquota de 5% ao ano. Isso permitiria uma arrecadação de R$90 Bi ao ano. O valor é equivalente ao investimento anual que o país aplica em educação. “Apenas com isso poderíamos dobrar os gastos com educação. Essas são medidas para fazer uma distribuição de renda real sem distribuir as bordas do bolo como o PT faz”.
Saúde e educação
Na saúde e na educação Luciana afirma a necessidade de viabilizar mais recursos. Na saúde, de acordo com ela é necessário alterar a forma com a qual ela é gerida no país. Segundo Luciana 73% dos hospitais do país são geridos pelo setor privado. Mas Luciana defende que a gerencia do sistema passe totalmente pelo setor público que iria atuar de acordo com as necessidades da população e não de acordo com os interesses financeiros. Ela defende a criação de uma carreira para os médicos, através de concurso público, da mesma forma que está estruturada, por exemplo, a progressão de carreiras dos Juízes. O mecanismo seria uma forma de incentivar a permanência do médico nos municípios menores e eliminar o problema da falta de médicos. Ela defende também a produção pública de medicamentos para que o país não dependa de laboratórios e empresas multinacionais.
Na educação ela destaca que as mudanças precisam acontecer desde em investimentos em escolas de educação infantil que atendam a demanda da sociedade até em investimentos no ensino superior. “Creche é um segmento básico da educação e fundamental para o desenvolvimento cognitivo da criança e para a mãe, mas até agora a demanda e precária”.
No nível superior ela destaca a necessidade de ampliar as vagas nas universidades públicas para a inclusão, principalmente dos jovens de baixa renda, que hoje, apenas 4% deles conseguem chegar neste espaço. “Além disso, eles não conseguem vagas nas universidades públicas e precisam aderir aos programas do governo como o Prouni e acabam se inserindo em universidades privadas sem qualidade que são verdadeiras fábricas de produzir diplomas”. Luciana enfatiza a importância de potencializar as universidades publicas para ampliar as pesquisas, elemento essencial para impulsionar o desenvolvimento do país.