Terminou o debate promovido pela ADI

Candidatos tiveram a oportunidade de expor programas de governo e responder perguntas de representantes das regiões dos jornais associados a ADI

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Debate aconteceu na Unisc em Santa CruzDebate aconteceu na Unisc em Santa Cruz
Debate aconteceu na Unisc em Santa Cruz
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Após duas horas de discussões, terminou há pouco o debate entre os candidatos a governador do Rio Grande do Sul em Santa Cruz. O confronto promovido pela Associação dos Diários do Interior (ADI-RS) foi realizado no Anfiteatro da Unisc, que lotou com a presença de autoridades e lideranças políticas do Estado, e reuniu os sete postulantes ao Palácio Piratini.
 
No quarto e último bloco, os candidatos responderam a uma nova rodada de perguntas feitas por lideranças do interior do Estado.
 
Tarso respondeu a pergunta de Marco Mattos, da ACISA de Passo Fundo, sobre prioridades em infraestrutura. Destacou alguns dos investimentos feitos em seu governo e disse que os problemas de infraestrutura do Estado são antigos mas se agravaram com o crescimento econômico do Estado. Disse que a infraestrutura deve ser uma pauta estratégica e assumiu compromisso com acessos asfálticos e com a Ferrovia Norte-Sul.

Estivalete respondeu a pergunta de Elemar Walker, presidente do Sindicato dos 
Trabalhadores Rurais de Venâncio Aires, sobre o êxodo rural. O candidato defendeu 
ampliação dos créditos rurais. "E temos que fazer com que os produtores recebam na própria safra", falou. Também defendeu estímulo a pesquisas, através das universidades.

Robaina respondeu a uma pergunta de Antônio Trevisan, diretor da Federação do Comércio do Estado do RS, sobre providências para o escoamento da safra. Robaina disse que o foco no transporte rodoviário é "um atraso" e defendeu investimentos em hidrovias e ferrovias. Disse que a melhoria nas rodovias demandaria um volume muito grande de recursos e afirmou que, por isso, o Estado não pode canalizar recursos públicos para a iniciativa privada através de isenções fiscais.

Carvalho respondeu a um questionamento de Ney Lazzari, reitor da Univates, sobre parques tecnológicos. Disse que parques devem ser "cada vez mais incentivados" no Estado e afirmou que o incentivo deve partir do poder público e não via setor privado. 

Ana Amélia respondeu a um questionamento de Rodrigo Moglia, presidente da Associação do Sindicato Rural de Bagé, sobre o respeito às liberdades individuais, direito à propriedade e independência entre poderes. A progressista se disse uma "defensora intransigente da liberdade de expressão". Disse que não se pode imaginar "amordaçamento" da mídia e do Ministério Público. "A liberdade de expressão é tão importante quanto o ar que 
respiramos", falou.

Sartori respondeu a um questionamento de Cíntia Agostini, presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari, sobre políticas voltadas aos dependentes químicos. O peemedebista disse que é preciso envolver a sociedade, através de entidades, organizações comunitárias e igrejas, no combate à drogadição. "É preciso fortalecer a rede de saúde para a área da drogadição e atender a todos, sem preconceito", falou.

Vieira da Cunha respondeu a uma pergunta de André Jungblut, diretor-presidente da Gazeta Grupo de Comunicações, sobre a gestão das estradas estaduais. Vieira afirmou que o Daer, a EGR e a iniciativa privada podem conviver na gestão das estradas "A fim de que possamos conservar as estradas estaduais, chamando a iniciativa privada para investir. Os recursos públicos não será suficientes para fazer as obras necessárias", colocou. Disse que as PPPs serão precedidas de um amplo debate com a comunidade, inclusive sobre a questão tarifária.

Na sequência, os candidatos fizeram as considerações finais.
 
TERCEIRO BLOCO
 
Na terceira etapa, os candidatos seguiram fazendo perguntas entre si. 
 
Robaina questionou Tarso sobre a dívida do Estado com a União, acusando o governo do PT de "garrotear" o Estado durante 12 anos. Tarso afirmou que o governo só está renegociando a dívida agora porque não há apoio político suficiente para isso.
 
"Não depende exclusivamente da vontade da presidente da República", falou. Disse, no entanto, que o projeto de renegociação que tramita no Congresso é um "avanço extraordinário" para o Estado. Falou ainda que o seu governo foi quem liderou o processo de renegociação. Na réplica, Robaina criticou o sangramento das contas do Estado, que compromete 13% de sua receita anual para pagar a dívida e, segundo ele, "sustentar uma oligarquia financeira". "É evidente que o PT teria apoio político se quisesse realmente inverter a regra do jogo", disparou. Falou ainda que o PT aceitou "passar para o outro lado". Na tréplica, Tarso afirmou que, se o País rompesse com o sistema financeiro, o País correria o risco de virar uma "ditadura de direita".

Vieira da Cunha questionou Humberto Carvalho sobre a relação do Estado com o governo federal. Carvalho falou que a relação "anula" a federação, porque "tudo está centralizado na União". O candidato do PCB disse que a União exige "vassalagem" dos Estados e municípios através dos empréstimos. "Dos 27 Estados, 24 são devedores, isso sem falar das dívidas dos municípios", colocou. Falou ainda que o projeto de renegociação da dívida vai contra os interesses dos Estados e municípios devedores.
 
Na réplica, Vieira afirmou que a relação do Estado com a União é de "exploração" e "submissão". "O contrato da dívida é sufocante", falou, acrescentando que o projeto em tramitação no Congresso não resolve o principal problema, que é o valor da parcela do orçamento do Estado que é repassada para a União. Criticou ainda a queda nos repasses da União via Lei Kandir. "Temos que ter um governo que enfrente essa situação", disse. Na tréplica, Carvalho disse que a questão da dívida não resolve com "uma canetada do governador", defendendo uma grande manifestação  popular em torno da dívida e uma frente entre os Estados devedores para pressionar a União.

Tarso questionou Robaina sobre a política de valorização do salário mínimo regional. Robaina reconheceu a valorização nos últimos anos, mas afirmou que os patamares do salário ainda não são suficientes para garantir a qualidade de vida dos cidadãos. Voltou a criticar as isenções fiscais para grandes empresas e disse que esses recursos deveriam ser canalizados para investimentos. Tarso afirmou que as políticas de isenções fiscais são adotadas para atrair empresas que contribuam para o desenvolvimento econômico do Estado. 

Ana Amélia questionou Estivalete sobre o lançamento do edital, pelo governo do Estado, para a obra do viaduto junto ao Trevo Fritz e Frida, em Santa Cruz do Sul. A progressista questionou o fato de o lançamento ocorrer às vésperas da eleição. Estivalete criticou a postura do governo, a atuação da EGR e defendeu valorização dos servidores estaduais. Ana Amélia disse que é preciso haver um compartilhamento de responsabilidades entre Estados e municípios sem discriminação partidária.
 
SEGUNDO BLOCO
 
Nesta etapa, começou a rodada de perguntas entre candidatos.
 
O primeiro a perguntar foi Sartori, que questionou Vieira da Cunha sobre sua proposta para educação. Vieira disse que educação será "a prioridade das prioridades" de seu governo e destacou os investimentos feitos no setor durante os períodos em que o PDT governou o Estado (com Leonel Brizola e Alceu Collares). Também defendeu a retomada das escolas de turno integral. Na réplica, Sartori defendeu a valorização do magistério, que os diretores de escola passem por cursos de gestão e a participação das famílias na administração escolar. Vieira usou o espaço da réplica para criticar o não pagamento do piso do magistério pelo Estado.

Humberto Carvalho questionou Ana Amélia sobre conflitos entre indígenas e produtores rurais. Ana Amélia disse que é necessário respeito à lei e diálogo em uma sociedade democrática. "Não podemos importar conflitos mas trabalhar intensamente com lei e diálogo esses conflitos", colocou. Falou ainda que, embora se trate de matéria federal, o Estado precisa ser protagonista na promoção desse diálogo. Na réplica, Carvalho afirmou que a Constituição garante aos indígenas a utilização de terras que historicamente pertencem a eles e criticou a bancada ruralista no Congresso. "O objetivo de retirar o poder de demarcação da Funai é retirar os direitos dos indígenas", afirmou. Na tréplica, Ana Amélia afirmou que a maior parte dos conflitos se dão com pequenos agricultores e não com ruralistas.

Estivalete questionou Sartori sobre segurança pública. Sartori disse que segurança é "uma das coisas mais preocupantes da vida das famílias. Reduzir as tarefas administrativas e aumentar o número de policiais é um primeiro passo", falou. Defendeu também a colocação de "modernas tecnologias" à disposição das polícias. Destacou que, enquanto prefeito de Caxias do Sul, criou a polícia comunitária. Também defendeu mudanças na política penitenciária e disse que o governo federal tem "grande responsabilidade" nisso e afirmou ainda que é preciso políticas voltados aos usuários de drogas. Na réplica, Estivalete defendeu que o governador acompanhe mais de perto a gestão da segurança pública e disse que, se eleito, vai extinguir a secretaria estadual de segurança.
 
 
PRIMEIRO BLOCO
 
Nessa etapa inicial, os sete postulantes ao Piratini se apresentaram e responderam a perguntas de lideranças do interior do Estado.
 
O candidato Tarso Genro foi o primeiro a responder. Ele respondeu a uma pergunta de Lair  Matos, presidente do Sindicato de Alimentação de Pelotas, a respeito da política de  valorização do salário mínimo regional. Tarso disse que seu governo combateu um "brutal  arrocho salarial" dos servidores públicos e deu aumentos reais às categorias. "Eu não sou  dos candidatos que vai cortar gastos públicos, vou aumentar gastos em saúde, educação,  segurança, e vou manter a políticia de valorização do salário mínimo regional".

Estivalete respondeu a uma pergunta de Getúlio Fonseca, presidente do Simecs, sobre o  piso regional para que fique equiparado ao piso brasileiro. Defendeu a PEC 300 e disse que  a Brigada Militar será a polícia "mais bem remunerada do País". Defendeu ainda a  valorização do funcionalismo público. "A paridade salarial será feita entre ativos e inativos", disse.

Ana Amélia respondeu a uma pergunta de Gilmar Bazanela, presidente do Sindilojas de Pelotas, sobre o imposto de fronteira. A progressista criticou a postura do governo em relação ao projeto de lei aprovado na Assembleia que impede a cobrança do tributo e prometeu apoio às micro e pequenas empresas.

Roberto Robaina respondeu a uma pergunta de José B. de Almeida, presidente da Celetro, sobre matriz energética. Disse que é preciso apostar em uma matriz energética que não seja tão poluente, como hidrelétricas e energia eólica. "As privatizações sucatearam o setor de energia e estamos ainda sofrendo os efeitos disso. Temos problemas em todas as áreas",  disse. Robaina também criticou incentivos públicos a empresas privadas.

José Ivo Sartori respondeu a uma pergunta de Lia Quintana, reitora da Urcamp, sobre relação do governo com as instituições comunitárias. O peemedebista disse que as instituições comunitárias cumprem papel "às vezes superior" às públicas. "A educação é o vetor do desenvolvimento e nessa caminhada todos têm que estar juntos", falou.

Vieira da Cunha respondeu a pergunta de Luciano Naue, presidente do Corepe-Trecho 8, sobre a gestão das rodovias estaduais. O pedetista criticou as condições das estradas do Estado e a falta de investimentos. Defendeu a revitalização do Daer e disse que seu governo manterá a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR). "Mas a situação é tão crítica que temos que chamar a iniciativa privada", colocou. Disse, no entanto, que as concessões serão diferentes das feitas no fim dos anos 90. "Vamos fazer editais de licitação precedidas de um amplo e democrático debate. A sociedade vai discutir inclusive o nível tarifário que será praticado", disse.

Humberto Carvalho respondeu a uma pergunta de Ricardo Zago, presidente da Associação dos Arrozeiros de Bagé e Região, sobre a burocratização de licenciamentos ambientais. O candidato disse que é preciso considerar a necessidade do respeito às questões ambientais. "Uma burocratização excessiva deve ser melhor pensada. Todavia, a questão ambiental é prioridade no nosso Estado", falou.
 
O bloco começou com uma fala do presidente da Associação dos Diários do Interior (ADI-RS), Jones Alei da Silva. Também foi exibido um vídeo institucional da entidade.
 
Portal Gaz - Gazeta do Sul
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