Interior pauta debate em Santa Cruz

Por duas horas, candidatos a governador discutiram temas até então não abordados nesta campanha

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Os sete postulantes ao Palácio Piratini participaram, na quarta-feira (17), do debate promovido pela Associação dos Diários do Interior (ADI) e realizado no Anfiteatro da Unisc, em Santa Cruz do Sul. O debate pautou aos candidatos as principais demandas do interior do Estado como a gestão das rodovias, o endividamento do Estado e a relação com a União, salário mínimo regional, imposto de fronteira, valorização das universidades comunitárias, parques tecnológicos, êxodo rural e investimentos em infraestrutura.

Mediado pelo jornalista Leandro Siqueira e transmitido ao vivo para todo o Estado por uma rede de emissoras de rádio e portais de internet, o debate foi dividido entre perguntas elaboradas por sindicalistas, empresários e dirigentes de instituições e entidades de classe de várias regiões do Estado e perguntas feitas pelos próprios candidatos.

Na prática, os candidatos mantiveram as estratégias que já vinham adotando desde o início da campanha. Em busca da reeleição, Tarso Genro (PT) aproveitou os espaços para destacar feitos de seu governo em várias áreas e sugerir que a vitória de outro candidato representaria um “retrocesso”. As críticas ao governo vieram sobretudo de Ana Amélia Lemos (PP) e Vieira da Cunha (PDT), ao passo que José Ivo Sartori (PMDB) fez um discurso mais moderado, pregando unidade e superação das diferenças partidárias. Roberto Robaina (PSOL) e Humberto Carvalho (PCB) defenderam o projeto de esquerda radical, enquanto Estivalete (PRTB) focou em questões relacionadas à segurança pública. À exceção de alguns poucos momentos de ligeira exaltação, a discussão foi marcada por um tom propositivo e centrado nas demandas.

Mínimo regional
- Em resposta a uma pergunta de Lair Matos, presidente do Sindicato de Alimentação de Pelotas, a respeito da política de valorização do salário mínimo regional, Tarso Genro (PT) disse que seu governo combateu um “brutal arrocho salarial” que era imposto aos servidores públicos e concedeu aumentos reais às categorias. “Eu não sou dos candidatos que vai cortar gastos públicos, vou aumentar gastos em saúde, educação, segurança, e vou manter a política de valorização do salário mínimo regional”, falou.

Questionado por Getúlio Fonseca, presidente do Simecs, sobre o mesmo assunto, Estivalete (PRTB) focou na segurança pública. Disse que a Brigada Militar será a polícia “mais bem remunerada do País” e defendeu a valorização do funcionalismo público.

Imposto de Fronteira
Em resposta a Gilmar Bazanela, presidente do Sindilojas de Pelotas, Ana Amélia Lemos (PP) criticou a postura do governo em relação ao projeto de lei aprovado na Assembleia que impede a cobrança do imposto de fronteira e prometeu apoio às micro e pequenas empresas.

Energia
Questionado sobre investimentos em energia por José Almeida, presidente da Celetro, Roberto Robaina (PSOL) disse que é preciso apostar em uma matriz energética que não seja tão poluente, priorizando hidrelétricas e energia eólica. “As privatizações sucatearam o setor de energia e estamos ainda sofrendo os efeitos disso. Temos problemas em todas as áreas”, falou.

Universidades comunitárias
José Ivo Sartori (PMDB) foi questionado por Lia Quintana, reitora da Urcamp, sobre a relação do governo com as universidades comunitárias. O peemedebista disse que essas instituições cumprem papel “às vezes superior” às universidades públicas e assumiu o compromisso de apoiá-las. “A educação é o vetor do desenvolvimento e nessa caminhada todos têm que estar juntos”, falou.

Estradas
Vieira da Cunha foi questionado por Luciano Naue, presidente do Corepe-Trecho 8, e por André Jungblut, diretor-presidente da Gazeta Grupo de Comunicações, sobre a gestão das rodovias estaduais. O pedetista criticou as condições das estradas do Estado e a falta de investimentos. Afirmou que o Daer, a EGR e a iniciativa privada podem realizar juntas a gestão. “Os recursos públicos não serão suficientes para fazer as obras necessárias”, colocou. Disse ainda que as PPPs serão precedidas de um amplo debate com a comunidade, inclusive sobre a questão tarifária, diferente do que foi feito na década de 1990.

Licenciamentos ambientais
Presidente da Associação dos Arrozeiros de Bagé e Região, Ricardo Zago questionou Humberto Carvalho sobre a burocratização envolvendo licenciamentos ambientais. O candidato afirmou que é preciso considerar a necessidade do respeito às questões ambientais. “Uma burocratização excessiva deve ser mais bem pensada. Todavia, a questão ambiental é prioridade no nosso Estado”, falou.

Infraestrutura
Questionado por Marco Mattos, da Acisa de Passo Fundo, sobre prioridades em infraestrutura, Tarso Genro (PT) destacou alguns dos investimentos realizados em sua administração. Disse que os problemas de infraestrutura são antigos, mas se agravaram em função do desenvolvimento econômico do Estado. Afirmou que a infraestrutura deve ser uma “pauta estratégica” e citou, como prioridades, os acessos asfálticos e a Ferrovia Norte–Sul.

Ao ser questionado por Antônio Trevisan, presidente da Federação do Comércio do Estado do Rio Grande do Sul, sobre a necessidade de infraestrutura para o escoamento da safra, Roberto Robaina (PSOL) disse que o foco em transporte rodoviário é “um atraso” e defendeu investimentos em hidrovias e ferrovias. Disse ainda que a melhoria nas rodovias demandaria um volume muito grande de dinheiro e afirmou que, em razão disso, o Estado não deve canalizar recursos públicos para a iniciativa privada por meio de isenções fiscais.

Parques Tecnológicos
Questionado por Ney Lazzari, reitor da Univates, sobre parques tecnológicos, Humberto Carvalho afirmou que as estruturas devem ser “cada vez mais incentivadas” no Estado e afirmou que este incentivo deve partir do poder público e não do setor privado.

Liberdade de experessão
Ana Amélia respondeu a um questionamento de Rodrigo Moglia, presidente da Associação do Sindicato Rural de Bagé, sobre o respeito às liberdades individuais, direito à propriedade e independência entre poderes. A progressista se disse “uma defensora intransigente da liberdade de expressão e de imprensa” e criticou o “amordaçamento” da mídia e do Ministério Público. “A liberdade de expressão é tão importante quanto o ar que respiramos”, falou.

Dependentes químicos
Questionado por Cíntia Agostini, presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari, sobre políticas voltadas aos dependentes químicos, José Ivo Sartori (PMDB) afirmou que é preciso envolver a sociedade, através de entidades, organizações comunitárias e igrejas, no combate à drogadição. “É preciso fortalecer a rede de saúde para a área da drogadição e atender todos, sem preconceito”, falou.

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