Pela primeira vez, desde que a tragédia com Eduardo Campos mudou radicalmente os rumos políticos do passo-fundense Beto Albuquerque, ele retorna a terra natal para uma atividade de campanha. Agora, na condição de candidato a vice-presidente da República na chapa de Marina Silva. A última passagem de Beto por Passo Fundo foi em 02 de agosto, quando participou de um ato suprapartidário que garantia apoio a sua candidatura ao Senado. Onze dias mais tarde, a morte do companheiro de partido e amigo de quase 25 anos em trágico acidente aéreo, mudaria radicalmente seu destino. Da noite para o dia, se despiu da condição de candidato ao Senado, para, ao lado de Marina, então candidata a vice-presidente na chapa de Eduardo, começar uma nova e literal caminhada na disputa pela Presidência da República. Só no final de semana passado, participou de cinco comícios em dois dias e meio. Nesta segunda-feira, depois de cumprir agenda que inclui comício em frente a Catedral Nossa Senhora Aparecida e um almoço com empresários, ele segue para Florianópolis, São Paulo e, à noite, se encontra com Marina em Pernambuco.
Na quarta-feira, pela manhã, na estrada em direção a São Paulo capital, pois na noite anterior havia acompanhado Marina no debate dos presidenciáveis promovido pela CNBB, em Aparecida, Beto conversou com o Jornal O Nacional. A seguir alguns trechos da conversa com o candidato a vice-presidente, o terceiro gaúcho da história democrática do país a disputar o cargo. Antes deles, João Goulart concorreu duas vezes e foi eleito. Também Leonel Brizola foi vice de Luiz Inácio Lula da Silva, em 1998, não se elegendo.
O desafio
“Nunca fui de deixar subir as coisas para a cabeça. Não sou nem mais, nem menos do que antes. Sou um militante partidário e quando surgiu a possibilidade de ser vice, assim como a candidatura ao Senado com todos os riscos de ganhar e perder, eu não vacilei em aceitar”. Conheço Marina Silva e como parlamentar participei de muitos projetos com ela. Fui relator da criação da gestão de florestas públicas no país, do serviço florestal brasileiro, da concessão de florestas que foi feito no governo de Lula. Sinto-me honrado em ser um gaúcho a representar o estado na chapa.
Reação dos adversários
Estamos numa disputa que nós queríamos fosse de ideias e projetos. O grande protagonista de mudança no Brasil, este ano, não serão os partidos, mas a sociedade. Eu particularmente votei nas três derrotas e três vitórias do PT e estou decepcionado, especialmente com comportamento de Lula e Dilma de assumirem pessoalmente os ataques contra Marina espalhando mentiras sobre o pré-sal, minha casa minha vida, bolsa família. Coisa que a minha origem e a da Marina, só a nossa trajetória já são suficientes para dizer de que lado nós pensamos na sociedade brasileira. O PT perdeu os limites da razoabilidade, tem batido abaixo da cintura, mas não ganhou nada com isso. Está provado nas últimas pesquisas. A sociedade não tolera mais este tipo de conduta política como não tolera mais a corrupção, a falta de resultado na segurança, na saúde e na educação.
Estratégia
Nós estamos fazendo uma campanha propositiva, mas é evidente que sabemos nos defender. Mas não vamos usar a mesma estratégia. A Marina é uma mulher e jamais agrediria uma mulher como a Dilma tem feito com ela. Então, nós vamos usar nossos poucos minutos para mostrar nosso programa. Temos pouco mais de 2 minutos, contra 11 de Dilma e 5 de Aécio . Somos um pequeno David lutando contra muitos Golias. Estamos firmes e vamos continuar nesta toada que tem nos garantido, até então, apesar de toda a baixaria, cerca de 1/3 do eleitorado.