A participação do eleitor passo-fundense reduziu nestas eleições. Do total de 139.370 aptos a votar, somente 110.308 (93,25%) se converteram em votos válidos. Não compareceram às urnas 21.071 eleitores, o que significa 15,12% do total. No pleito de 2010, a abstenção foi de 13,83%, totalizando 18.405 eleitores que deixaram de participar da votação. Os dados, divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral, mostram ainda que considerando o número de votos brancos e nulos, aumentou o descrédito dos eleitores na votação para a Assembleia Legislativa, o Senado e Câmara Federal. O total destes votos descartados provavelmente teria ajudado a eleger outro candidato a deputado estadual do município. Foram mais de 11 mil votos somando os anulados e em brancos para deputado estadual, número que representa que 9,53% do total de eleitores deixaram escolher seu representante à Assembleia Legislativa. Na eleição à Câmara Federal, 6.112 eleitores descartaram o voto, representando 13,62% dos eleitores da cidade.
Segundo o doutor em sociologia e professor a Imed, Jandir Pauli, este descrédito tem diversas motivações. Uma delas é que nos últimos anos a população passou a esperar que a política venha a resolver as suas questões. “O grande problema é que quanto maior é a expectativa, maior é frustação e como é muito comum o não cumprimento de um rol grande de promessas, o eleitor se demonstrando indiferente na hora de votar”, explica. Um segundo motivo, seria o aumento dos debates nas redes sociais e acesso às informações através dos veículos da imprensa. “A maior participação dos debates políticos, não necessariamente se revertem em voto porque neste novo ambiente de hostilidade, os eleitores muitas vezes não encontram um candidato que o satisfaça”, acrescenta.
Reforma política
Um terceiro fator que o sociólogo acredita que contribuiu para a redução na participação é o modelo vigente do processo eleitoral. “Nestas eleições, por exemplo, o último deputado estadual foi eleito com uma votação semelhante a uma vaga a vereador de uma cidade de porte médio, como Passo Fundo. Isso mostra uma distorção na forma de eleger um candidato”, explica. No Rio Grande do Sul, o candidato que fez mais votos foi eleito com mais de 200 mil votos. O último entrou com cerca de nove mil. “Não há como não se desmotivar”, comenta. Por isso, Pauli reforça a importância do país promover uma reforma política. “Se não tivermos novidades dentro do processo eleitoral, através de uma reforma politica, teremos pouca mudança. Especialmente nessa eleição em que elegemos representantes que estão longe da realidade local”, defende.
38 mil descartaram o voto ao Senado
Foi na oportunidade de escolher seu representante no Senado Federal que eleitor passo-fundense se mostrou menos motivado. Segundo o TSE, mais de 10 mil votaram em branco e outros 3,7 mil anularam seu voto. No total, este número representou quase 15% do eleitorado. Somando com o número de eleitores que não compareceram neste primeiro turno, foram mais de 38 mil votos descartados. Para o sociólogo, este fenômeno, que não é somente local, reforça a tese de que a população tem pouco conhecimento sobre as atribuições desse cargo. “O Senador é uma figura ilustrativa, na opinião das pessoas. Dentro do processo eleitoral, ele tem status de governador, por ser uma candidatura única, mas pouco se acompanha em relação ao seu trabalho, especialmente por ter um mandato de oito anos. Cai no esquecimento e se o eleitor está em dúvida, acaba não votando”, analisa.