Os resultados das eleições do último domingo surpreenderam em algumas situações e confirmaram alguns comportamentos típicos, principalmente dos gaúchos, em outras. Enquanto muitas pesquisas foram colocadas em xeque, a imaturidade política ficou evidenciada conforme avaliação do professor da UPF o sociólogo e economista Ginez Leopoldo de Campos. Os gritos de mudança que mobilizaram multidões no ano passado não tiveram, ou tiveram muito pouco, resultados nas urnas. Boa parte dos parlamentares se reelegeu e não houve grandes mudanças, pelo menos no poder legislativo.
O professor avalia os resultados em três esferas principais: nacional, estadual e local. No Rio Grande do Sul a tendência a não reeleição ganhou força com a disparada do candidato do PMDB José Ivo Sartori na disputa pelo governo do Estado. De acordo com Ginez este é um comportamento repetitivo dos gaúchos. “A situação do Sartori do PMDB reflete o que já tinha acontecido em eleições passadas com o Germano Rigotto que iniciou o processo eleitoral com baixo percentual e acabou vencendo, a Yeda Crusius na mesma situação e agora vimos se repetir com o candidato do PMDB. De certa forma foi uma repetição de processos eleitorais anteriores”, avalia sobre a surpresa nas urnas.
A eleição de três deputados estaduais de Passo Fundo, Juliano Roso, Diógenes Basegio e Gilberto Capoani, é considerada por ele como uma conquista importante, tendo em vista a representatividade política na Assembleia Legislativa. No entanto a falta de representante na Câmara dos Deputados é um ponto negativo desta eleição. “Nosso representante na Câmara historicamente era o Beto Albuquerque que acabou sendo candidato a vice-presidente e agora Passo Fundo perde essa representatividade”, pontua.
Faltou apoio local
Na opinião do sociólogo candidatos de fora de Passo Fundo obtiveram expressivas votações no município que não foram destinadas aos candidatos daqui. “É importante fazer a reflexão desse comportamento que não vemos em outros municípios como, por exemplo, Marau, um município pequeno com dois representantes na Assembleia. É a demonstração de que Marau entendeu a importância de ter essa representatividade política no legislativo”, compara.
No que diz respeito às escolhas para presidente, o segundo turno formado por Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) surpreendeu e a principal questão que fica é sobre qual será o comportamento dos eleitores de Marina Silva (PSB) que poderão decidir o resultado do segundo turno. “Aécio Neves se manteve grande parte do tempo em terceiro lugar segundo as pesquisas e acabou surpreendendo nas últimas semanas e ultrapassando a candidata Marina Silva”, lembra.