O projeto que altera o ticket alimentação deve chegar hoje ao Legislativo, mas tem causado uma situação delicada entre os parlamentares. Na sessão de ontem os vereadores Alex Necker (PCdoB) e Sidnei Ávila (PDT) quase partiram para briga no microfone. Ávila afirma que Necker teria o ameaçado verbalmente por ele defender os direitos dos servidores. O parlamentar aproveitou a presença massiva da categoria nas sessões para fazer duras criticas à administração municipal e tentar jogar para a torcida o tema central em debate. Representando a liderança no governo na Câmara, Necker usou a Tribuna para apresentar o contraponto, mas não conseguiu concluir seu raciocínio. Os dois se encontraram no microfone de aparte. Ávila para pedir espaço de tempo para responder e Necker para esclarecer que na próxima oportunidade concluiria sua resposta. Nesse momento iniciou a confusão que foi inflamada pelo público que assistia a sessão. Antes que qualquer agressão de maior ordem pudesse acontecer os demais vereadores separaram os dois parlamentares.
O líder da bancada governista afirmou que em momento algum ameaçou ou ofendeu o trabalhista e que apenas falou que o responderia adequadamente em uma próxima oportunidade.
Tribuna
Os vereadores da situação estão sendo criticados por evitarem o uso da Tribuna durante o período que os servidores assistem a sessão. Por mais que o presidente Marcio Tassi (PTB) tente primar pela ordem, os servidores tem ignorado o regimento da Casa e realizado diversas manifestações individuais que juntas se transformam em tumulto. Como são recebidos de forma ríspida, os parlamentares que tentam usar o espaço são tratados de forma hostil. Diferente dos vereadores da oposição que durante suas falas são aplaudidos.
Alberi Grando (PDT) destacou a importância de se debater o projeto e delinear uma forma de atender as prerrogativas apontadas pelos servidores. Segundo ele, o funcionário ativo hoje amanhã poderá ser inativo e não deveria ficar desassistido. Já Wilson Lill (PSB) disse que mesmo compreendendo as reivindicações dos servidores dentro do Legislativo precisa fazer o seu papel e a modificação precisa atender ao apontamento do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
A intenção
A alteração no ticket alimentação obedece a uma determinação TCE e precisa ser feita. Segundo Necker, o Simpasso já sentou com o Executivo diversas vezes para tratar sobre o assunto e tem a dimensão da necessidade desta alteração, mas estaria voltando aos servidores e argumentando o contrário. Necker afirma que o projeto original resultaria em uma derrota ao governo, mas o novo projeto está sendo trabalhado para ser aprovado, mesmo com a sinalização da contrariedade de alguns parlamentares do grupo de oposição. Para os servidores receberem neste mês o ticket com o novo valor o projeto precisa ser votado até o dia 10, mas a oposição pode retardar a votação.
Aos servidores o presidente do Simpasso, Marcelo Ebling, afirma que o município poderia tentar um recurso para rever o apontamento do TCE e destaca que a categoria permanecerá mobilizada até que a situação entre em sintonia com as pautas elencadas na paralisação. Na sexta-feira (5) os servidores devem realizar uma assembleia na qual irão deliberar pela continuidade ou não da greve.
Publicação
Uma publicação em um perfil do Facebook foi usada pela direção do Simpasso como um mecanismo para intensificar o movimento grevista. A publicação não possui assinatura, critica a atuação e condução do Sindicato e afirma que os servidores estão sendo usados pelo sindicato e que “estão pagando a conta deixando de receber, pacificamente, um aumento que colocaria Passo Fundo como a cidade com o maior vale alimentação do Estado”. A publicação também destaca que a greve é um mecanismo que Ebling estaria usando “como troféu” na sua campanha para vereador nas próximas eleições.
A autoria da publicação foi atribuída por Ebling, subliminarmente, ao Executivo. Ele classificou a publicação como um ato covarde e disse que apenas faz o seu trabalho designado pela maioria absoluta dos servidores que o elegeram. “Se queriam jogar álcool na fogueira jogaram. A relação pacífica que estávamos exercendo acabou. Com gente deste tipo de quilate precisamos ter outro tipo de postura. Nosso ânimo está renovado”.
Simpasso fará atualização Estatutária
No próximo sábado (6) o Simpasso vai realizar uma confraternização de final de ano com os servidores e também realizará uma assembleia para atualizar o seu estatuto. Segundo Ebling o estatuto do sindicato é de 1989 e deverá ser alterado itens como o quórum necessário em assembleias e o período necessário para publicação de editais para a convocação de assembleias. Segundo Ebling questões como a prestação de contas do sindicato e alterações relacionadas às diretrizes que regem as eleições para a definição da direção não devem ser debatidos na oportunidade.