Após a reunião da coordenação do governo da presidenta Dilma Rousseff para avaliar as manifestações de ontem, ministros falaram em manter o diálogo com setores políticos e movimentos sociais e em buscar convergência de propostas e ações. A reunião de hoje (16) teve a participação de ministros e do vice-presidente, Michel Temer.
“Venho deixar claro que o governo está inteiramente aberto ao diálogo e assume como postura central o diálogo com todas as forças sociais, e pouco importa se são forças sociais que apoiam ou são contra o governo. Pouco importa se são lideranças políticas que apoiam o governo ou se são oposicionistas. O governo está aberto ao diálogo com todos”, disse o ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, em entrevista coletiva. Cardozo disse que a primeira resposta que se dá as manifestações é ouvi-las. Ele reforçou a avaliação de que a indignação contra a corrupção foi a forte reivindicação dos protestos de ontem. “O governo está ouvindo as manifestações. O governo democrático ouve a voz das ruas e, pouco importa se as pessoas que estão nas ruas aplaudem ou vaiam o governo. Ao ouvir, precisamos captar esse sentimento e nos parece muito claro que ele que tem profunda relação com a indignação por conta da corrupção”, disse Cardozo. Ele reafirmou o compromisso do governo com o combate à corrupção.
O ministro da Justiça explicitou que é hora de buscar convergência para encontrar alternativas no campo da política e da economia. “Queremos dialogar com todas as forças políticas para que possamos encontrar convergências. Sinceramente, acho que esse é o papel que um governo democrático deve fazer, agindo com firmeza, mas com humildade”, sinalizou. A exemplo do que disse ontem, Cardozo defendeu a reforma política, ao avaliar que os brasileiros que foram às ruas ontem demonstraram insatisfação com o sistema político do país. “Me pareceu que há um desconforto da população com nosso sistema político. Sinto isso quando líderes oposicionistas foram impedidos de falar. O sistema político hoje não permite ao brasileiro que se sinta representado”, avaliou.
Para o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, os manifestantes pediram sobretudo o combate à corrupção. “Compreendemos o recado das ruas nos últimos dias. Ninguém estava reivindicando mais programas sociais ou dizendo que o desemprego está matando nossas oportunidades. Estavam às ruas dizendo que querem o combate à corrupção e entender o que o governo está fazendo na área de economia”. Ele defendeu que o governo tem enfrentado com “humildade” os efeitos da crise econômica e disse que os ajustes feitos ocorreram em função do esgotamento da possibilidade de manter desonerações e subsídios. “Nossa capacidade de subsidiar esse esforço anticíclico chegou ao limite da responsabilidade e um governo que tem compromisso com a seriedade não pode esconder esse limite. Precisamos agora compartilhar com todos o desafio, porque não temos mais como segurar esses subsídios e alavancar empregos com ações anticíclicas como fizemos desde 2008”.
Ao responder a pergunta sobre como a presidenta Dilma recebeu as manifestações, o ministro Eduardo Braga lembrou que ela foi presa durante a ditadura militar, portanto, tem fortes valores democráticos. “O estado de espírito da presidenta é de uma democrata que se coloca diante de seu povo para responder a desafios”, concluiu.
Agência Brasil