A greve dos servidores entra para o terceiro dia sem sinalização de resolução para o impasse. Os servidores reivindicam reposição salarial de 10% enquanto o Executivo propõe 7,7%. O índice foi o “limite possível” encontrado pela prefeitura depois de analisar a situação financeira do município e o cenário econômico nacional e estadual que estão configurados.
Segundo o prefeito, Luciano Azevedo, a situação financeira está equilibrada e em dia, mas o momento requer cautela para que este quadro não se altere. “Passo Fundo é uma cidade administrada com os pés no chão, trabalhamos dentro de um planejamento e com aquilo que é possível”. Em relação a reposição concedida aos servidores, ele destacou que o Executivo ofereceu o índice permitido pelos estudos e análises do cenário financeiro e, ultrapassar este percentual, significaria colocar em risco o equilíbrio econômico e o planejamento do governo. Ele ainda destacou que mesmo dentro desta ótica o índice apresentado é superior ao praticado pelos municípios do mesmo porte que Passo Fundo.
Luciano ressaltou que mesmo com a economia em crise e a retração da arrecadação, o governo optou por não elevar os tributos para reverter este quadro. “Essa é uma visão nossa. A sociedade já paga muitos impostos. Nós não buscamos esse caminho, que já foi adotado por outras administrações para aumentar a arrecadação”. Segundo ele, o governo aposta no crescimento da economia, no fortalecimento das empresas locais e na cobrança dos tributos que já são praticados para incrementar a arrecadação. Porém, a crise que está estabelecida no cenário federal, a redução do consumo e, todas as questões econômicas externas, respingam indiretamente no município. Por isso, o governo trabalha com cautela para não impactar no equilíbrio existente. “Precisamos ter responsabilidade porque não se sabe qual será o resultado da economia neste ano de 2015. Todos os municípios do país trabalham com um cenário muito cauteloso. Por isso, apresentamos esse índice que é o possível que podemos praticar sem interferir nos serviços e em todo o planejamento financeiro”.
Reajuste
O Executivo vai examinar quais medidas tomar nos próximos dias, mas a maior preocupação no momento é a retomada dos serviços públicos que foram interrompidos. A educação infantil é a principal área prejudicada. Luciano destacou que o Executivo está aberto ao diálogo, mas ainda não há nenhuma reunião marcada entre as partes para reiniciar as discussões. Enquanto isso os servidores permanecem concentrados no Passo Municipal.
Maiores aumentos em 18 anos
Um levantamento realizado pela prefeitura demonstra que o atual governo concedeu os maiores reajustes salariais, em comparação aos três primeiros anos das administrações anteriores, desde 1997. Somados aos 7,7% propostos neste mês pela Prefeitura, os índices concedidos pelo atual governo chegam a 25,02% e superam os oferecidos pelos governos de Júlio Teixeira, Osvaldo Gomes e Airton Dipp, durante os dois mandatos.
A secretária de Administração Marlise Soares disse esses os dados traduzem o compromisso do governo em valorizar os servidores municipais. “Além da atual proposta de 7,7% ser maior do que a oferecida por municípios do mesmo porte de Passo Fundo em todo o país, a soma dos índices oferecidos pela atual gestão supera os concedidos nos três primeiros anos dos governos anteriores, nas últimas duas décadas”. Os dados são públicos e estão à disposição de toda a comunidade.
No governo de Júlio Teixeira, os reajustes totalizaram 19% na soma dos três anos (1997-1998-1999). Já na administração de Osvaldo Gomes, o total ficou em 15,2% (2001-2002-2003). No governo Airton Dipp, de 2005 a 2007, os reajustes totalizaram 21,78%. No segundo mandato de Dipp, a soma dos três primeiros anos alcançou 19,59%. No infográfico é possível conferir a evolução das reposições salarias desde 1997.
Conciliação
Mesmo com a greve decretada em assembleia geral, o Simpasso não poderá impedir a saída e entrada de máquinas, caminhões e carros do pátio da Prefeitura, assim como inviabilizar o trabalho de servidores que não aderiram à paralisação. O acordo ocorreu na manhã de ontem, em audiência na Vara da Fazendo Pública, com a presença de representantes do Simpasso e da Prefeitura. Conforme o procurador-geral do Município, Adolfo de Freitas, a intenção da Prefeitura é garantir o livre exercício dos servidores. “Nós entendemos o movimento grevista como legítimo, mas buscamos uma solução para evitar abusos e garantir que os servidores não sejam impedidos de trabalhar”, explicou. Também ficou acordado que haverá moderação na sonorização utilizada nas manifestações em frente à sede administrativa da Prefeitura.