Governador abre a Caravana da Transparência

O Rio Grande é maior que seus problemas, diz Sartori em Passo Fundo

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Governador segue para Ijuí onde participará do segundo encontro da CaravanaGovernador segue para Ijuí onde participará do segundo encontro da Caravana
Governador segue para Ijuí onde participará do segundo encontro da Caravana
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O governador José Ivo Sartori abriu, nesta segunda-feira (30) à noite, em Passo Fundo, o roteiro da Caravana da Transparência. Com o auditório da Faculdade de Direito da Universidade de Passo Fundo (UPF) lotado, Sartori disse que o evento é um ato de transparência para construir um novo futuro para o Rio Grande do Sul. Para este ano, o déficit do Estado é projetado em R$ 5,4 bilhões.

Nos encontros da Caravana da Transparência pelo interior do Estado, serão apresentadas a situação das contas públicas, que vem se agravando ao longo dos anos, e as medidas para o enfrentamento já implementadas. Serão discutidas ainda ações prioritárias para as regiões, que integrarão o Plano Plurianual (PPA), coordenado pela Secretaria do Planejamento e Desenvolvimento Regional.

Em Passo Fundo, Sartori destacou a importância dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes) e reafirmou a parceria com os órgãos de planejamento. “Trata-se apenas de dizer a verdade, sem falso pessimismo e sem falso otimismo", afirmou na abertura do evento, sobre a decisão do governo de ir ao encontro da população para expor a realidade do Estado e o que será feito para reverter a situação. "Entendo que chegou a hora de todos os governos saírem dos gabinetes e conversarem com as pessoas”, completou. 

Ao reconhecer o quadro crítico das contas públicas, o governador disse que a mudança não é obra para um homem só nem para um governo só. “Quanto à realidade financeira, precisamos ser muito claros: a crise é grave e vai levar muito tempo para ser resolvida. Mas nós não temos receio de liderar esse enfrentamento e fazer a nossa parte”. 

Segundo ele, o enfrentamento deve ser feito por todos, mobilizando toda a sociedade. “Mas o Rio Grande é maior do que os seus problemas. Vamos plantar uma fértil semente de mudança. Precisamos superar a realidade pela solidariedade”, destacou.

O governador acrescentou ainda que as diretrizes são claras: criar um ambiente propício para o desenvolvimento, manter o máximo esforço para preservar salários e serviços essenciais, em áreas prioritárias como saúde, educação e segurança. “Tenham certeza: o Rio Grande tem rumo, e nós vamos sair dessa. Vamos tocar para a frente. Juntos, todos pelo Rio Grande”, conclamou. 

Segundo o prefeito de Passo Fundo, Luciano Azevedo, o governo começa a mostrar a verdadeira realidade. Ele agradeceu pelo fato de o município do Norte do Estado abrir a série de debates e disse que se chegou a um momento em que é preciso deixar clara a situação das finanças do Estado. “O primeiro passo o Estado está dando. Temos de aceitar uma realidade que é de muitos anos, muito dura e muito difícil, e encontrar no diálogo alternativas de solução”, disse.

Presidente do Corede Produção, Dimas Froner se disse satisfeito com a afirmação do governador de querer trabalhar em parceria com os Coredes e valorizar os Conselhos. "O Corede é a organização para pensar as regiões, ver novas potencialidades”, disse ele.

Cenário - A situação das finanças é tão crítica que, ao nascer, cada gaúcho tem uma dívida de R$ 6.840,00. Em um período de 44 anos, foram apenas sete em que o Estado conseguiu gastar menos do que arrecadou. Em 2015, faltarão R$ 5,4 bilhões nos cofres públicos - é preciso desembolsar R$ 30,8 bilhões para cumprir todos os compromissos, e a arrecadação prevista é de R$ 25,5 bilhões. Ainda há outros R$ 663 milhões em despesas realizadas e não pagas – só para os hospitais, chegam a R$ 255,1 milhões.

A dívida da previdência está na ordem de R$ 7,25 bilhões. O cenário foi detalhado pelo secretário da Fazenda, Giovani Feltes. Segundo ele, a determinação do governador em mostrar as contas públicas é também um meio para que o Estado busque saídas para retomar o desenvolvimento. Junto a isso, destacou Feltes, somente após a regulamentação da dívida pela União o Estado poderá retomar sua capacidade de tomar novos investimentos.

Perdas com o Fundeb - A dívida do Estado com a União é o dobro do valor arrecadado, chegando a R$ 54,8 bilhões. Afora isso, as fontes de financiamento praticamente se esgotaram: não há capacidade para novos empréstimos, os recursos do Caixa Único e dos depósitos judiciais estão baixos e não há rendimentos decorrentes de correção de inflação, por exemplo. Em outra frente, o governo vem perdendo cerca de R$ 1 bilhão de repasses do Fundeb. Isso decorre da queda no número de matrículas na rede estadual. Há ainda perdas de R$ 3,2 bilhões anuais em decorrência da Lei Kandir. Embora o RS seja um estado exportador, as transferências do governo federal como compensação pela desoneração fiscal em exportações vêm caindo ano a ano, alertou Feltes. “Certamente gostaríamos de ver outra realidade. Estamos começando a caminhada por Passo Fundo para mostrar a realidade”, disse o secretário.

Medidas - Para enfrentar essa situação, o governo vem adotando medidas com vistas a atingir o equilíbrio financeiro – redução em despesas com horas extras, pagamento de diárias, viagens, locações e novos contratos. Houve a reprogramação do Orçamento de 2015, estabelecendo cotas para despesas de custeio, ajustadas pela Secretaria da Fazenda com os demais órgãos do governo. A meta é obter uma economia de R$ 1,073 bilhão. Além disso, o governo do Estado vem negociando junto ao governo federal o repasse de valores do Fundo de Exportações e do Ministério da Previdência. O gasto com cargos em comissão (CCs) teve corte de 35%. 

Participaram também da Caravana da Transparência em Passo Fundo o vice-governador José Paulo Cairoli, o secretário de Comunicação, Cleber Benvegnú, o secretáro do Planejamento, Cristiano Tatsch, e o deputado estadual Juliano Roso, além de lideranças no Norte do Estado.

Assessoria Palácio Piratini

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