Depois de administrar Passo Fundo por dois mandatos consecutivos, com o ex-prefeito Airton Dipp, e de estar na chapa majoritária que ficou no segundo lugar nas eleições de 2012, o PDT mergulha em uma de suas piores crises. Dividido desde a composição da majoritária em 2012, quando o partido cedeu ao PT a cabeça de chapa, e ainda mais com o resultado da eleição, os trabalhistas tem computado baixas significativas em seus quadros. As acusações envolvendo o deputado Diogenes Basegio, que podem leva-lo a perda do mandato, sepultaram de vez uma das chances que o partido tinha de apresentar candidato próprio em 2016.
Aliado a isso, a bancada na Câmara de Vereadores tem problemas de relacionamento. E, para agravar ainda mais a situação, os três vereadores, por razões distintas, querem deixar a sigla. Marcio Patussi, Alberi Grando e Sidnei Àvila já analisam convites de outros partidos.
O presidente do diretório municipal, Celmiro Mesquita, tenta minimizar o conflito afirmando que o partido não está em crise e que dificuldades todos passam. “Ela é geral, todos os partidos estão em construção” relata.
Pedetista há 30 anos, o vereador Alberi Grando, também concorda que essa crise acontece em todos os grandes partidos e que no PDT não é diferente. Porém, diz que ela é a soma de uma divisão que acontece internamente. “Ocorreram traições dentro do partido e isso acaba pesando nas decisões, tanto que os três vereadores falam em mudar”, diz. Grando se sente desprestigiado pelo partido.
Para o vereador Sidnei Àvila, o partido não tem um nome para a prefeitura e também está sem nominata ao Legislativo. “Esse momento difícil vem desde a eleição passada. A decisão de participar como candidato a vice contribuiu para a desconstrução do partido. A situação ficou pior com o caso Basegio, onde tudo que tinha sido construído foi por água a baixo”, acrescenta.
O presidente da Câmara, Márcio Patussi, lembra que o PDT é o partido com mais filiados, mais de 2 mil. Talvez seja por isso, na concepção dele, que as divergências são maiores. Patussi lamentam porém, que a executiva faça um papel diplomático com os outros partidos, mas ainda não sinaliza internamente o que pode ser feito em 2016. “O tempo está passando. As definições para candidatura e alianças já deveriam estar sendo discutidas. Isso acaba causando angustias”, relata.
Mesquita contesta que o partido esteja dividido. Segundo ele, embora ainda não tenha realizado pesquisa eleitoral, a hipótese de candidatura própria será mantida. “Temos de quatro a cinco nomes. O que nos atrasou foi a prorrogação do final da janela de transferência, na qual os vereadores ainda podem mudar de partido até março, para concorrer aos cargos. Mas assim que fechar este prazo, as decisões serão tomadas e isso deve ocorrer a partir de abril”, diz.
Airton Dipp
O nome de Airton Dipp é unanimidade e aparece como o salvador, único capaz de unificar as relações partidárias. Para Àvila, a volta do ex-prefeito representaria a retomada do protagonismo que o partido sempre teve. “Seria o único nome capaz disso”, completou. Patussi diz ser defensor da candidatura de Dipp: “Desde o início sempre fui a favor”. Grando também confirma o nome do ex-prefeito como solução, mas afirma que caso ele não queira voltar a concorrer a prefeitura, algum integrante da família Salton também teria condições de unificar o PDT.
O presidente municipal lembra que Dipp construiu muito, mas hoje ele não tem o interesse em concorrer. “Seria um bom nome, mas é uma decisão pessoal dele.
Caso Basegio
O caso envolvendo o deputado Diogenes Basegio recebe crítica dos vereadores. Segundo Ávila, essa situação atinge diretamente a nominata para a Câmara. “Tínhamos uma expectativa antes e agora ela é negativa”, disse. Para Patussi, o caso Basegio provoca um momento de reflexão e constrangimento ao partido, embora entenda que o PDT é maior que tudo isso. “Ele está sendo processado e julgado. Será feita sua defesa nas esferas que ocorrem, mas no final se ele errou, ele pagará”, relata. Grando afirma que não se pode fazer prognóstico, nem culpar ninguém, mas que isso pesa para o partido.
Para Mesquita o caso Basegio, embora deixe a sigla municipal triste, não atinge o diretório municipal. “Além disso, ficou claro que o partido não teve nenhum envolvimento nessas acusações”, diz.
Saindo do PDT
Sobre a possibilidade de desfiliação dos três vereadores, Mesquita disse que essa é uma situação normal partidária, especialmente em anos que antecede a eleição. “Todos buscam o seu espaço, assim como tem vereadores que buscam o PDT, tem vereadores que podem sair. É natural. Já ganhamos e perdemos vereadores, porém é bom lembrar que os vereadores do PDT estão sempre entre os mais votados”, revela.