O Partido dos Trabalhadores fará uma plenária na tarde deste sábado (05), às 14h, visando a defesa do Governo Dilma, no sindicato dos metalúrgicos. O presidente municipal do partido, Neri Gomes, afirma que PT reúne o diretório a cada 45 dias, assim, este encontro já estava marcado para debater as eleições de 2016. Entretanto, com o acatamento do pedido de impeachment da presidente Dilma, foi realizada uma mudança para que possa participar todos os filiados e os movimentos sociais. “Nós vamos discutir a mobilização de rua. Buscar apoio dos movimentos sociais, movimentos sindicais e das lideranças do partido para fazermos um enfrentamento ao golpe que foi decretado no Brasil”, avalia.
Na tarde de sexta-feira (04), Neri Gomes, juntamente com a executiva do partido, recebeu a direção estadual do PT. O encontro teve como objetivo debater os primeiros passos das mobilizações que ocorrerão em Passo Fundo e nos municípios da região. Neri afirma que todos os municípios devem participar para ter uma forte mobilização nacional e não descarta uma manifestação já neste final de semana. “Esse é o momento de ir para a rua recuperar a autoestima dos petistas. Vamos trabalhar com grandes mobilizações em dezembro. Vamos chamar a militância para estarmos preparados para uma guerra na rua, contra o capital e contra o golpe, que tenta tomar o poder do governo que foi eleito democraticamente”, conclui.
A estratégia petista é aliar o movimento das forças sociais e sindicais com as redes sociais. Em sua defesa, o PT afirma que o processo de impeachment foi resultado de uma chantagem do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), após sofrer um revés da bancada petista no seu processo na Comissão de Ética, da Casa. O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirma que com essa decisão foi separado o joio do trigo. “Nós abrimos um novo caminho. Um caminho para estabelecer uma nova estabilidade. Esse foi um processo provocado por alguém, que acuado pelas denúncias de corrupção, resolveu tentar abreviar o mandato da presidenta. Isso é muito ruim para o Brasil”, conclui Falcão. O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, classificou como uma atitude de desespero de Eduardo Cunha e fará avaliações internas para preparar o calendário de mobilização do movimento.
Padilha deixa o governo
Na sexta-feira, o ministro chefe da Aviação Civil, Eliseu Padilha, já comunicou o Planalto que deixará o governo. Padilha, que ainda não se manifestou oficialmente sobre o assunto, é um dos principais aliados do vice-presidente Michel Temer, e só deverá deixar oficialmente o cargo após falar com Dilma Rousseff. Assim, o PMDB parece estar dividido, já que o governador Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, defendeu o governo de Dilma e disse que estará à disposição para ajudá-la. Já no Legislativo, o partido não pretende se desgastar, na comissão do impeachment que será formada na segunda-feira (07), tentará compor uma lista considerada moderada. No bloco com a maior representação na comissão especial – 25 deputados -, o PMDB vive situação delicada na Câmara. Partido do vice-presidente da República, Michel Temer, que tem preferido não se manifestar desde que o pedido de impeachment foi acatado, e também do presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha (RJ), que deflagrou o processo contra a petista, a legenda poderá ocupar oito cadeiras na comissão, e o mesmo número de suplentes. Na visão de Neri Gomes, o PMDB não sairá da base governista de Dilma, e lembrou que nem todos do partido fizeram campanha para Dilma nas eleições de 2014. “Uma parte deste partido foi contra Dilma, e se ficou algum no governo que era contra, sairá. Na nossa leitura o PMDB, como um todo, não sairá do governo, e continuará dando sustentação através de Michel Temer”, revela.
STF
Após o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitar duas ações propostas pela base governista para barrar o processo de impeachment, o ministro do STF, Edson Fachin determinou que Dilma Rousseff, o Senado, a Câmara dos Deputados e a Procuradoria-Geral da República para que se manifestem em até cinco dias sobre a decisão de Eduardo Cunha. A decisão foi em resposta a um pedido solicitado pelo PCdoB.
Dilma diz que lutará contra o impeachment
A presidenta Dilma Rousseff disse que vai lutar contra a abertura do processo de impeachment porque nada fez que justificasse o pedido. Em discurso na 15ª Conferência Nacional de Saúde, ela avaliou que, pela saúde da democracia brasileira, é preciso lutar contra o golpe. "As razões que fundamentam essa proposta são inconsistentes e improcedentes. Eu não cometi nenhum ato ilícito", afirmou. "Meu governo praticou todos os atos dentro do princípio da responsabilidade com a coisa pública", completou, em meio a gritos de "Não vai ter golpe" e "Fora Cunha", da plateia.
De acordo com a presidenta, o que está em jogo são escolhas políticas feitas ao longo dos últimos 13 anos. Ao fim do discurso, Dilma garantiu que vai defender o seu mandato com todos os instrumentos de um Estado de Direito.
"Essa luta não é em favor de uma pessoa, de um partido ou de um grupo de partidos. É uma luta em favor da democracia brasileira", disse. "Vou lutar contra esse pedido de impeachment porque nada fiz que justifique esse pedido e, principalmente, porque tenho um compromisso com a população deste país."