O que esperar do Governo Temer?

Lideranças políticas da região revelam quais as expectativas para o governo Temer

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A cadeira da presidência não chegará a ficar vaga: com o provável afastamento de Dilma Rousseff da presidência, quem assume imediatamente a posição é seu sucessor direto, o vice-presidente Michel Temer. Pensando nisso, Temer já apresentou seu plano de governo: assumindo a presidência interinamente, o plano é eliminar 10 ministérios e instaurar imediatamente medidas para buscar solução à crise econômica. As colocações do governante, por outro lado, provocaram as mais diferentes reações. Para os que julgam este processo um golpe, por exemplo, a promessa foi votar contra todos os projetos que venham a ser encaminhados pelo vice-presidente. “O governo Temer não é legítimo e não reconheceremos nenhuma assinatura que venha dele”, declarou o vice-líder gaúcho do governo Dilma, Paulo Pimenta (PT). Na região, no entanto, o cenário é diferente. Buscando as lideranças políticas regionais, a equipe de ON pediu seus posicionamentos sobre o que esperavam do eventual governo Temer.

A nível municipal, o prefeito Luciano Azevedo destacou, em nota, que espera o governo Temer como um recomeço. “Como a maioria do povo brasileiro, espero um governo que supere as dificuldades atuais, devolva ao país a estabilidade, retome a rota do crescimento econômico e, fundamentalmente, promova a união entre os brasileiros”, afirmou. Para o presidente da Câmara dos Vereadores, Márcio Patussi (PDT),a expectativa é que Temer tenha uma preocupação especial com a situação econômica do país. “O clima de recomposição sobre as questões políticas nacionais só vai favorecer para que as políticas públicas sejam discutidas de forma mais coerente”, comentou. O vereador ressaltou a importância da experiência de Temer para o cargo. “Temer já foi deputado federal, é professor e ex-presidente da Câmara Federal dos Deputados, então ele tem toda habilidade para fazer aquilo que precisa ser feito, visando que a geração de emprego e renda possa ser retomada o quanto antes”, destacou. Patussi também afirma desacreditar em um possível retorno de Dilma após os 180 dias de afastamento. “Acredito que seja difícil porque o governo não teria os votos suficientes para sustentar a sua defesa e, mais que isso, garantir a continuidade do mandato até 2018”, finalizou.

O que dizem os deputados da região

Na Câmara Estadual dos Deputados, os quatro representantes da região norte do RS deram seus depoimentos por e-mail. Quando solicitado, o deputado Gilmar Sossella (PDT) manifestou-se esperançoso para que Temer consiga resolver duas questões antigas que repercutem diretamente no desenvolvimento do estado: a dívida do Estado com a União que, como apontou, possui juros “escorchantes”, e a distribuição dos royalties do petróleo. “Em 2015 o pagamento da dívida consumiu R$ 3,2 bilhões dos cofres gaúchos. Quanto aos royalties, até o ano passado R$ 520 milhões deixaram de ser transferidos aos municípios. Outros R$ 288 milhões não entraram no caixa do governo do nosso Estado”, lembrou.

O deputado progressista Sérgio Turra, por outro lado, espera que o governo de Temer sirva para renovar a esperança dos brasileiros no Brasil. “Espero que vejamos o nosso país tomando um novo rumo, sem fisiologismos políticos e sem o troca-troca que o PT institucionalizou”, declarou. Seu desejo, como apontou, é que este seja um governo de coalização e união, promovendo, acima de tudo, reformas urgentes para retomar o crescimento do país. A opinião é compartilhada pelo peemedebista Vilmar Zanchin. Com Temer, o que espera é o encontro de um equilíbrio político. “Espero que nesta nova etapa possamos reencontrar o crescimento da nossa economia. Eu acredito que isso seja possível com seriedade e comprometimento”, pontuou. Mas, para que isso aconteça, ele defende o fim da corrupção. “Isso não acontece da noite para o dia, infelizmente, mas precisamos ao menos ter a garantia de que os corruptos serão punidos e que nosso país não será mais vítima”, afirmou.

Já o deputado estadual Juliano Roso (PCdoB) olha a situação por ângulo diferente. “O governo de Michel Temer carece de legitimidade”, afirmou. O motivo, segundo ele, é porque nasce a partir de um golpe e sem os votos diretos. “O que podemos esperar é o aprofundamento de políticas neoliberais iniciadas no governo Fernando Henrique Cardoso, como o arrocho salarial, o corte nos programas sociais, o descompromisso com as metas de verbas para a saúde e educação e o ataque aos direitos trabalhistas”, explicou. Em sua análise, apontou o tom do governo: onda privatista e de entrega de riquezas nacionais, inclusive o pré-sal. “Este governo não terá compromisso com a sociedade brasileira, mas apenas com o capital especulativo e com seus próprios interesses”, ressaltou. 

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