Entenda o quociente eleitoral de Passo Fundo

Para eleição, candidatos dependeram que cada partido/coligação somasse, pelo menos, mais de 5,2 mil votos

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Próximos vereadores a ocupar plenário precisaram se enquadrar no quociente eleitoralPróximos vereadores a ocupar plenário precisaram se enquadrar no quociente eleitoral
Próximos vereadores a ocupar plenário precisaram se enquadrar no quociente eleitoral
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A dúvida sempre fica: como um candidato que fez 1,5 mil votos não se elegeu e outro que fez mil estará na próxima gestão da Câmara de Vereadores? A resposta para isso está no cálculo de quociente eleitoral. Para entender, basta pensar que no Brasil não é o candidato em si que recebe as vagas, mas o partido/coligação. Isso significa que ao votar nas eleições proporcionais – que definem vereadores e deputados – o eleitor escolhe ser representado por um partido e não por um candidato, especificamente. Assim o percentual de votos recebidos por todos os candidatos da legenda é que determina a quantas vagas os partidos ou coligações terão direito na Câmara.

Em Passo Fundo, por exemplo, para o candidato se eleger era necessário que sua legenda tivesse, no mínimo, 5.277 votos. Este valor é resultado da soma de todos os votos válidos do município, exceto brancos e nulos – que não contam desde as eleições de 1998. O total foi, então, dividido entre o número de cadeiras da Câmara de Vereadores – no caso do município, 21. Para se eleger, um candidato precisava receber ao menos 10% do quociente – ou seja, 527 votos. Isso explica o fato de, mesmo com votação expressiva, um candidato pode não ser eleito se o partido ou coligação não tiver o número de votos necessários para isso.

Foi o caso de alguns dos candidatos do município. O atual vereador Alberi Grando (PMDB) não conseguiu se reeleger mesmo com mais de 1,5 mil votos. A última cadeira da Câmara foi ocupada por pouco mais de mil votos pelo reeleito Alex Necker (PCdoB). Isso aconteceu por que o PMDB conseguiu eleger dois candidatos – Eloí Costa (1,9 mil) e Paulo Neckle (1,8 mil) – e não restaram as chamadas “sobras” para também eleger Grando. “É a soma de votos da legenda que leva [a eleger] alguns vereadores com porcentagem um pouco menor a outros que, nominalmente, tiveram maior número de votos, mas a legenda não somou o suficiente para que ele fosse eleito”, explica o juiz eleitoral da 33ª zona eleitoral, João Marcelo Barbiero de Vargas.

Exceto o PMDB, todas as bancadas que passam a legislar em 2017 elegeram o último vereador com as sobras. A maior foi da coligação Unidos por um Passo Fundo para todos (PDT, PP e PR), que colocou Luiz Miguel Scheis de volta ao Legislativo. Já Necker foi eleito com auxílio de votos reunidos pela legenda: nestas eleições, o PCdoB teve o maior número de candidatos (27) em relação a outros partidos.

Quem calcula tudo isso?
Desde 1996, ano de implantação da votação eletrônica, é o próprio sistema do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) quem calcula e estabelece o quociente eleitoral. O que define o fato de um candidato ter sido eleitor com menor número de votos em comparação a outro são os votos a mais recebidos pela legenda. De acordo com o juiz eleitoral, a regra é a mesma aplicada às eleições estaduais e federais, o que também explica a eleição de representantes na Assembleia Legislativa com menos de 20 mil votos, por exemplo, graças ao auxílio dos conhecidos como 'puxadores de voto'. “A nível municipal não costuma acontecer muito, mas nas estaduais e federais existem aqueles candidatos famosos que fazem uma quantidade enorme de votos e acabam levando outros do mesmo partido para o quociente e de legenda”, comparou.

Próxima gestão
Confira os vereadores eleitos no último domingo (2).
1.Mateus Wesp (PSDB): 2.710 votos
2.Gleisson Palhaço Uhu (PSB): 2.687 votos [REELEITO]
3.Rafael Colussi (DEM): 2.657 votos
4.Saul Spinelli (PSB): 2.517 votos
5.Patric Cavalcanti (DEM): 2.198 votos [REELEITO]
6.Claudio Rufa Soldá (PP): 2.172 votos [REELEITO]
7.Márcio Patussi (PDT): 2.096 votos [REELEITO]
8.Renato Tiecher (Tchêquinho) (PSB): 1.953 votos [REELEITO]
9.Eloí Costa (PMDB): 1.907 votos
10. Paulo Neckle (PMDB): 1.937 votos [REELEITO]
11.Leandro Rosso (PRB): 1.776 votos
12.Betinho Toson (PSD): 1.749 votos
13.Ronaldo Rosa (SD): 1.730 votos
14.Luiz Miguel Scheis (PDT): 1.548 votos
15.Aristeu Dalla Lana (PDT): 1.515 votos [REELEITO]
16.Pedro Daneli (PPS): 1.510 votos [REELEITO]
17.Evandro Meirelles (PTB): 1.425 votos
18.Fernando Rigos (PSDB): 1.375 votos
19.Valdo (PSB): 1.239 votos
20.Rudi da Vila Isabel (PCdoB): 1.151 votos
21.Alex Necker (PCdoB): 1.051 votos [REELEITO]

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