Aos 26 anos, Roberto Toson (PSD) acumula um histórico empreendedor no currículo. Negócios são seu ponto forte: não é a toa que, no escritório de uma das empresas em que é sócio, guarde um dos símbolos do livre mercado capitalista; o Charging Bull – ou popularmente conhecido como o touro da Bolsa de Valores de Nova Iorque, ponto turístico que, reza a lenda, atrai sorte e dinheiro. Roberto se define assim: um liberal. Começou a trabalhar por conta aos 15 anos, vendendo ingressos para festas e, aos 16, decidiu com um amigo que faria seus próprios eventos. A característica lhe rendeu ligação com outros negócios: já foi atendente na empresa da família, estagiário de escritório de advocacia, sócio de empreendimentos e, hoje, consultor de investimentos na empresa que tem com dois amigos. Assíduo nos esportes, se diz contra o extremismo.
O que já fez
O primeiro trabalho de Roberto veio aos 15 anos, quando vendia ingressos para festas de final de semana. Seu negócio próprio surgiu um pouco mais tarde, aos 16, com ajuda de um amigo. “Eu disse 'cara, a gente conhece todo mundo, vamos nós mesmos fazer nossas festas, trabalhar por conta'. Aí surgiu o projeto de pagode. Sempre fui pagodeiro e tinha uma época que o pagode gaúcho estava em alta. Estourou”, lembra. Um tempo depois entrou na faculdade de Direito da Universidade de Passo Fundo (UPF), onde se formou em 2014. Aos 21 anos abriu sociedade com um amigo de empresa de representação comercial, que durou dois anos. Foi agente autônomo de investimentos, comprou cotas em empresas e hoje possui um holding de investimentos – empresa cujos principais ganhos vêm de participações em outras empresas. O trabalho consiste basicamente em intermediar negócios; fazer consultoria empresarial, estruturação de fluxo de caixa, negociação de dívidas. “Sempre fui empreendedor, nunca gostei de ter horário, chefe, seguir ordem. Sempre gostei de fazer a minha vida”, resume.
Sua relação com a política surgiu entre estes projetos, direcionado pelo amigo pessoal, ex-goleiro do Grêmio e deputado federal, Danrlei de Deus, também do PSD. Em 2014, Toson coordenou sua campanha e, ao ser eleito, foi convidado para ser assessor do parlamentar. “Foi aí que comecei a pegar gosto. Sempre tive posicionamentos muito fortes em relação a certas coisas. Aí foi onde eu senti o negócio de perto, vi como funciona”, contou. Ele era responsável pela região de Passo Fundo e ia ocasionalmente a Brasília. Pediu exoneração do cargo em julho deste ano para concorrer a vereador.
“O trabalho que fiz foi trazer emendas parlamentares para a área da saúde. Trouxemos para Passo Fundo exatos R$ 3,2 milhões em investimentos. Quando você vê que o negócio funciona, você começa a pegar gosto. Eu digo: a gente acha que na política só tem coisa ruim, mas na verdade tem muita gente boa”, opina.
Posicionamento
Na defesa pelo liberalismo econômico, social democracia e conservadorismo liberal, o PSD se posiciona como um partido de centro-direita. Toson vai por este caminho: se define e acredita no liberalismo – uma vertente política fundada sobre ideias de liberdade individual, livre comércio, propriedade privada e igualdade entre direitos civis. De direita, se diz contra o extremismo. “Não me acerto com nenhum tipo de extremo. Se for ver meu Facebook, vai ver que bato muito na esquerda extrema, mas tenho muito cuidado para não ser aquilo que combato”, comentou. Ainda que muitas das ideias da direita sejam consideradas conservadoras, Toson afirma não compartilhar totalmente deste pensamento. “Sou um cara que não adota todas as pautas de um lado ou de outro. Se tiver que concordar 100% com alguém não vou concordar com ninguém”, definiu. Ele afirma que não vê problema no casamento gay, mas é contrário a bandeira LGBT – movimento que trata de questões da diversidade sexual.
“Mesmo assim não vejo problema, inclusive tenho amigos que são gays. O que eu não gosto é aquele papel da esquerda de vitimização. Sei que existe muito preconceito no mundo e isso sempre vai existir, mas, para mim, se eu tenho um amigo que é gay, negro ou pobre, isso não muda nada. Só acho que temos algumas pautas que são muito forçadas”, complementa. Ainda assim, Toson se considera conservador em outros pontos. Um deles é, como ele mesmo afirma, em tirar o poder de instrução dos pais e colocar na escola. “Sou totalmente contra. Família passa uma educação de caráter. A escola, de conhecimento intelectual. Da porta da casa em diante, quem cuida é a família. Até por que se a educação resolvesse tudo, não teríamos políticos corruptos, né?”.
Ele também é favorável ao projeto de lei que tramita na Assembleia Legislativa “Escola sem partido”. De autoria do deputado estadual Michel van Hatten (PP), o principal pedido do definido como PL 190 é que se crie um sistema de comunicação com a Secretaria de Educação onde se recebam reclamações relacionadas a “doutrinação ideológica em sala de aula”, como afirma o site do movimento. “Já passei por situações do tipo. Teve uma ocasião que cheguei com uma camisa da [marca] Nike e o professor me fez ficar constrangido por que era dos Estados Unidos”, lembrou, acrescentando que os rótulos estão muito frequentes em sua rotina. “É complicado hoje. As pessoas dizem: “reaça” [reacionário]. Não me considero nem um pouco. São só os valores que carrego comigo e que não abro mão”, termina.
O que pretende fazer na Câmara?
Dos oito projetos que possui em mãos, o primeiro a ser posto em prática deve ser analisado e escolhido para, então, receber prioridade de trabalho ainda no começo do próximo ano. O assunto, no entanto, ele não revela qual é. “Me baseei muito em um projeto feito em Curitiba, mas prefiro não falar antes para não deixar a ideia no ar”. Seu posicionamento quanto a Câmara de Vereadores é que é necessário fugir da ideia de que o vereador é o apresentador de projetos do município. Para ele, o legislador municipal tem outras atribuições como, por exemplo, votar projetos e trabalhar em conjunto do Executivo, fiscalizando-o. “Você tem representatividade na mão. Não vejo por que focar em um setor só. Se for ver, na minha campanha não levantei bandeira nenhuma – não falei de saúde, animais ou educação. A cidade é uma empresa gigante, assim como o estado e o país, que são maiores ainda. Então é um conjunto de engrenagens onde tudo tem que andar meio junto. Não tem como focar num espaço só”, explica.
Ele também afirma não ver a polícia como profissão. Sua ideia, como enfatiza, é levar à Câmara um conceito novo. “Pessoas normais como eu e você. Não preciso deixar de fazer as minhas coisas para estar inserido na política. Com base nisso, tenho a ideia de promover uma maior participação população. Pretendo levar este espírito mais dinâmico. Sei que vai ser uma luta ferrenha, por que temos certos vícios culturais, mas vamos ver no que vai dar”, termina.
“O que eu não gosto é aquele papel da esquerda de vitimização. Só acho que temos algumas pautas que são muito forçadas” – Roberto Toson sobre a esquerda
“Já passei por situações de professores, quando tinha a febre do PT, aos 16 anos. Teve uma ocasião que cheguei com uma camisa da Nike e o professor me fez ficar constrangido por que era dos Estados Unidos” – O vereador eleito se diz a favor do projeto Escola sem Partido (PL 190), protocolado no RS pelo deputado estadual Michel van Hatten (PP).