"O conhecimento técnico pode mudar o cenário político"

Depois de ficar suplente nas eleições de 2012, o advogado e professor Mateus Wesp assume a Casa como o mais votado. Seus planos na Câmara vão desde a criação de uma Guarda Armada Municipal até o turno integral das escolas públicas

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Foram os 2.710 votos obtidos nas urnas que tornaram Mateus Wesp (PSDB) o vereador mais votado de Passo Fundo nas eleições deste ano. Aos 28 anos, o professor e advogado é defensor do parlamentarismo – sistema democrático onde o Poder Executivo baseia sua legitimidade no Legislativo e tornam-se, assim, totalmente interligados. Para ele, o conhecimento técnico é a chave para o que chama de mudança política. Sua ideia na Câmara de Vereadores é a construção de uma política nova, de renovação. “Busco, na medida do possível, defender as ideias que julgo importantes para as pessoas. Uma política nova, com tecnicidade; afinal ela está muito burocratizada hoje em dia”, aponta. Por isso a necessidade do parlamentar ser munido de conhecimento técnico antes de ingressar junto ao Poder Legislativo. “Infelizmente sem isso ele não consegue desempenhar o seu trabalho; fica refém de pessoas com conhecimento maior. É o conhecimento técnico que pode começar a mudar o cenário político”.

O caminho até a Câmara

Aos 28 anos, Wesp é graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-RS), mestre e doutor em Direito Público – área do Direito Constitucional que envolve as principais ramificações da política. Seu interesse pelo assunto veio desde cedo, com influência do pai – o jornalista Daltro José Wesp. Já na faculdade, foi apresentado para diferentes vertentes ideológicas. “Foram assuntos que fui discutindo ao longo da minha trajetória acadêmica. A cada discussão eu me colocava num impasse: o que fazer com este conhecimento?”, conta. “Acredito que aqueles que mais têm conhecimento devem ter também maior responsabilidade e cobrança. Sei que não são todas as pessoas que têm acesso à educação no país. Justamente por ter este conhecimento técnico, eu não me sentiria bem comigo mesmo sem contribuir com a sociedade. Das duas uma: ou me tornava professor, ou me tornava político. Acabei optando por ambos”, conta. Wesp concorreu a vereador pela primeira vez em 2012, pelo Partido Progressista (PP), mas ficou entre os suplentes do partido. Sua eleição veio no início deste mês, quando destacou-se como o vereador mais votado: somou 2.710 votos.

Posicionamento
Ex-filiado ao PP, Wesp migrou porque não compactuava com o apoio do partido progressista na permanência da presidente agora destituída do cargo, Dilma Rousseff. O PSDB foi escolhido por seu posicionamento favorável ao parlamentarismo. Além desta corrente, o vereador eleito também é a favor do voto distrital – método em que os candidatos são eleitos por maioria simples e não pelo sistema proporcional, de quociente eleitoral e partidário, que vigora atualmente; e de uma reforma na Federação, para que o município tenha maior autonomia nas decisões. Outro ponto que defende é uma reforma nas relações do Poder Judiciário para com os demais Poderes.

Questionado sobre um de seus temas de campanha – o bem contra o mal – Wesp não se diz dualista. “Acredito que existe o certo e o errado. Quando eu digo o bem contra o mal, me refiro a velhas práticas políticas corruptas. Sei que o atual sistema auxilia muito no fomento da corrupção: cada vez mais temos centenas de candidatos num ambiente geográfico gigantesco. Isso faz com que os candidatos se distanciem do eleitor e este, por fim, perde o interesse pela política, o que torna o próprio dinheiro e outras formas de corrupção como uma moeda de troca mais eficiente que o próprio diálogo”, afirma. Quanto a demais opiniões, acredita que elas não devem ter vínculo com a política. “Eu sou católico e não tenho receio de revelar a minha fé. O fato de eu ter minhas opiniões conservadoras não significa que serão misturadas com política. Tenho minhas convicções religiosas e quem vai respaldar minhas concepções e do meu mandato é o eleitor que votou em mim”, defende. Além disso, independente de corrente político-partidária ou ideológica, Wesp depende que o político deve, sim, ter sua posição e estar preparado para discuti-la. “Não pode se esconder. O parlamentar não deve ficar em cima do muro; não deve ser morno: tem que ser quente ou ser frio. É o que eu acredito”, frisa.

Planos para o mandato
Logo que chegar na Câmara, Wesp pretende tratar da implantação de uma Guarda Armada Municipal. “O Estado está falido e o município tem que dar uma resposta para a sociedade. Não fazer nada também uma opção, mas temos que dar respostas para a população”, afirma. Outros temas a serem discutidos são a implantação do turno integral nas escolas municipais e a questão da mobilidade do trânsito passo-fundense. “Existem outros assuntos legislativos que devem ser debatidos, mas não vou entrar no detalhe agora para não implicar em questões jurídicas”, pontua.

Outra discussão citada por Wesp é a possibilidade jurídica de encaminhar propostas alternativas a fim de aumentar a arrecadação de diversas áreas do município. “Será que poderíamos pensar em formas inovadoras de melhorar a educação ou, por exemplo, trazer o município para a discussão da segurança pública? Sabemos que constitucionalmente o município não tem competência para tratar a segurança num primeiro momento, mas vale o debate”. De qualquer forma, sua intenção é guiar-se de acordo com o que sentirá de seu eleitorado. “É preciso sentir o feeling da população; sentir o que ela pede e do que precisa. Só assim farei uma boa legislatura”, termina.

 

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