No bairro São José não há quem não conheça o nome de Patric Cavalcanti. Não é à toa: vive ali desde o quatro anos de idade, elegeu-se com propostas para a região e foi o local onde fez seu maior percentual de votos – 2.198, no total. Enquanto é entrevistado, cumprimenta os vizinhos e recebe pedidos. “Preciso que você venha aqui em casa, porque só vocês para me ajudar”, diz um deles. “Você vê, a gente é o elo entre a comunidade e o poder público. Muitas vezes a população não tem como chegar a ele e o gabinete vira a ligação das demandas da comunidade”, começa. Seu nome é, também, o primeiro na lista dos próximos presidentes da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores. Ele, que se posiciona ideologicamente como um político de direita, iniciou sua caminhada desde cedo, no movimento estudantil. Desde 2008, momento em que assumiu cadeira na Casa, protocolou 45 projetos e teve 23 aprovados.
O caminho até a Câmara
Assim como para muitos políticos, os primeiros passos de Patric na política foram dados ainda no movimento estudantil, quando estudava na Escola Estadual Protásio Alves. A consolidação se deu um pouco mais tarde, ao ingressar na faculdade de Jornalismo, da Universidade de Passo Fundo (UPF), instituição onde assumiu a presidência interina do Diretório Central dos Estudantes (DCE) após uma série de episódios de corrupção dentro da entidade, em 2000. Assumiu, mais tarde, a presidência da União de Associações de Moradores de Passo Fundo (UAMPAF) e a presidência do bairro São José por dois mandatos. Sua primeira candidatura a vereador aconteceu quatro anos depois, quando era filiado ao extinto Partido da Frente Liberal (PFL). Na época ficou suplente, com soma de 735 votos. Em 2008 enfrenta a corrida eleitoral novamente, desta vez com um partido de nome diferente: o PFL transformou-se em Democratas, mesmo tendo mantido o mesmo número de registro. A partir de então não saiu da Câmara: foi eleito em 2008 e reeleito em 2012 e 2016.
Posicionamento político
Patric não exita: “Sou de direita, sempre fui e sempre serei. Respeito todas as ideologias, mas tenho uma posição e a mantenho em minhas ações na Câmara de Vereadores e na sociedade”. Sua defesa, no entanto, é pela Reforma Política. Hoje temos mais de 30 partidos e na minha concepção isso é ruim para a democracia. A reforma precisa vir urgente”, afirma.
Planos para a Câmara
“O vereador é muito mais que os projetos que ele protocola na Câmara. Ele tem sua função constitucional, mas também precisa atender as demandas da comunidade”, começa Patric. Para ele, o parlamentar atua como um elo entre as demandas da comunidade e a possibilidade de formalizá-las junto ao poder público. O plano do vereador para a próxima legislatura é trabalhar na regularização fundiária. Segundo ele, hoje existem aproximadamente dois mil processos tramitando junto ao Ministério Público Estadual e na própria Prefeitura sobre o aspecto. “Darei ênfase para esta questão principalmente aqui no bairro São José, que tem 127 famílias que necessitam da regularização”, aponta.
Outra ênfase de Patric estará na segurança pública. Ele discute a municipalização do serviço a partir de duas vertentes. “Ou você cria agora a Guarda Civil Armada, ou você faz a contratação de horas extras da Brigada Militar. Tenho defendido a segunda opção”, afirma. Para o vereador, a contratação da hora extra do brigadiano custaria mais barato para o município que criar uma Guarda Armada. “O brigadiano pode ter até 40 horas extras por mês. Contratá-los é mais fácil porque já pegamos o profissional treinado, com concurso e com armamento. Isso já acontece em municípios como Rio de Janeiro e São Paulo.
O que já fez
Nos oito anos de Casa, o democrata apresentou 45 projetos, dos quais 23 foram aprovados. Dois deles são considerados por ele de maior relevância. O primeiro trata da contratação de jovens nas empresas terceirizadas do município: pelo menos 20% das vagas destas instituições devem ser destinadas para menores portadores de necessidades especiais. O projeto foi aprovado em 2010 e já está em vigor. O outro é a obrigação da contratação de ambulâncias para eventos com mais de 200 pessoas. Mais recente, este também já foi sancionado pelo Executivo.
E como presidente da Mesa Diretora?
Atualmente cada legislatura escolhe dois presidentes da Mesa Diretora – um para cada dois anos. Com a alteração do Regimento Interno, os vereadores passam a escolher quatro representantes. Patric, a partir do apoio dos colegas, entrará como presidente no primeiro ano. “Nos próximos dias anunciaremos para a imprensa quem fica na Mesa na primeira gestão. Já fizemos um consenso entre os vereadores e a composição do primeiro ano já está montada”, confirma ele. Sua intenção como presidente da mesa é tentar atrair a comunidade para a Câmara. “Quero uma Câmara que discuta mais projetos. Senti muito na campanha as pessoas dizendo que nós, vereadores, brigamos demais por besteira. Temos que ampliar o debate”, explica. Para ele, o jeito não é apenas sair para a comunidade, mas buscar tornar a Câmara atrativa para que as pessoas a frequentem. “Hoje saímos muito dos nossos gabinetes e vamos para as entidades de classe. Temos que valorizar a Câmara que tem seu espaço, seu plenário. Trazer para dentro da Câmara debates importantes”, destaca. Para ele, seu gabinete é uma empresa. Como presidente, a Casa terá que funcionar da mesma forma. “Ela não gerará lucros, mas resultados, preferencialmente positivos para a população”, completa.