"Minha prioridade na Câmara será o ser humano"

Cristão evangélico, o filho do vereador emérito Júlio Rosa pretende não misturar religião com política, mesmo que se identifique como conservador. ?EURoeNão sou e nem vou ser intransigente?EUR?

Por
· 4 min de leitura
?EURoeMinha relação com a Câmara é bem interessante: comecei no setor do xerox, fui para a assessoria e agora entro como vereador?EUR? ?EUR" Ronaldo Rosa (SD) foi eleito com 1.730 votos?EURoeMinha relação com a Câmara é bem interessante: comecei no setor do xerox, fui para a assessoria e agora entro como vereador?EUR? ?EUR" Ronaldo Rosa (SD) foi eleito com 1.730 votos
?EURoeMinha relação com a Câmara é bem interessante: comecei no setor do xerox, fui para a assessoria e agora entro como vereador?EUR? ?EUR" Ronaldo Rosa (SD) foi eleito com 1.730 votos
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Um rádio de pilha acompanha os documentos e papeis da mesa da Ouvidoria da Prefeitura de Passo Fundo. O objeto pertence a Ronaldo Rosa, eleito pelo Solidariedade nas eleições municipais, com 1.730 votos. O comunicador vê no rádio a inspiração para a política: sua principal influência foi construída com base na relação com o pai – o vereador emérito e radialista Júlio Rosa, falecido em 2013. É da figura paterna que surgiu também seu slogan de campanha: a frase “o filho seguindo os passos do pai” consagrou o lugar de Ronaldo na Câmara.

Sua relação com o lugar começou cedo: aos 18 anos iniciou no Departamento de Xerox da Casa. Mais tarde, formado em Comunicação Social, com habilitação em Rádio e TV, assumiu o cargo de assessor de imprensa da instituição, onde trabalhou por mais 12 anos. No próximo ano, depois de trabalhar como ouvidor no primeiro mandato de Luciano Azevedo, Ronaldo passará a ser, enfim, vereador de Passo Fundo. E seu trabalho terá uma prioridade central: as causas sociais. “Sou favorável, sim, a causa animal e ambiental, como qualquer cidadão consciente. Mas minha prioridade é o ser humano. Se para melhorar a vida das pessoas, tiver que haver algum prejuízo a qualquer outra causa, sempre vou priorizar o ser humano”, defende.

O caminho até a Câmara
Ronaldo nasceu em Santana do Livramento e já morou em pelo menos cinco cidades gaúchas diferentes. “Meu pai era policial civil numa época em que os servidores eram transferidos com muita frequência. Cada vez que nos acostumávamos em uma cidade, tínhamos que mudar”, começa. Chegou em Passo Fundo na última vez em que embarcou num caminhão de mudança: neste momento iniciava a carreira de radialista de Júlio Rosa que, no início, conciliava a apresentação de programas com o ofício de policial. “Ele acabou chamando a atenção. O pai tinha um jeito todo dele, uma forma particular de relatar os fatos. Seu slogan era 'Julio Rosa: uma audiência que é caso de polícia'. Deu tão certo que chegou uma hora que ele resolveu abandonar a carreira na polícia para se dedicar totalmente à rádio”, lembra.

Foi sua popularidade que o levou para a Câmara: assumiu como vereador e lá ficou por 12 anos, de 1989 a 2000. É nessa época que Ronaldo relaciona-se pela primeira vez com o Legislativo. “Eu tinha dúvida do que fazer da vida. Surgiu então o meu primeiro emprego: eu era o moço do Departamento de Xerox”, conta. Na época, como relata Rosa, não exista a Lei do Nepotismo – legislação que proíbe a contratação de familiares de autoridades e funcionários para cargos de confiança, de comissão e função gratificada no serviço público. “Naquela época, há mais de 20 anos, os vereadores tinham uma cota de funcionários e eu fui indicado para tirar xerox. Valia tudo: as pessoas iam com livro da faculdade para imprimir, eu passava o dia todo fazendo isso, não aguentava mais ver aquela máquina para lá e para cá”, ri Ronaldo, que deixou o cargo depois de pouco mais de dois anos para se dedicar a faculdade.

Em Passo Fundo, trabalhou em quase todos os veículos de rádio e jornal. Seu segundo emprego na Câmara veio depois de formado: assumiu a assessoria de imprensa da Casa e lá ficou por 12 anos. “Por isso minha relação com a Câmara é bem interessante. Comecei no setor do xerox, fui para a assessoria e agora entro como vereador”. Seu incentivador, Júlio Rosa, morreu em 2013, aos 68 anos, no mesmo dia em que seria homenageado com o título de vereador emérito da Câmara de Passo Fundo. Aos 43 anos, Ronaldo é pai de quatro filhos – Bruna (23), Eduarda (20), Lívia (4) e Matias (4 meses) – e avô de três netos – Luiza, Yasmin e Davi.

O que pretende na Câmara
A intenção de Ronaldo na Casa é estar atento às questões sociais. Seu foco são as pessoas, como ele mesmo ressalta. Por isso, sua primeira proposição é a apresentação de uma emenda na Lei Orçamentária Municipal que amplie os recursos destinados ao uniforme escolar. A sugestão é incluir um calçado para o aluno da rede municipal no kit do uniforme entregue aos pais. “É uma coisa muito simples, mas tenho certeza que vai fazer a diferença. Já cansei de ver, nas minhas andanças como repórter, crianças passando frio”, explica. A ideia é que a entrega seja facultativa – a família escolhe se quer receber, ou não.

Outra sugestão é a criação do Fundo Municipal de Limpeza Urbana. “Passo Fundo é uma cidade com muitas pessoas que vivem do lixo, mas o sistema que funciona hoje é desorganizado: os catadores não tem previsão de quanto vão ganhar por mês, por exemplo”, começa. O Fundo arrecadaria multas dos terrenos baldios irregulares que se espalham pela cidade. “São lugares onde só é feita a especulação imobiliária: muitos dos proprietários não se importam com a comunidade dos arredores e abandonam. O terreno baldio virou sinônimo de lixão a céu aberto”, relata. A solução seria aumentar a fiscalização sobre estes terrenos, localizar os donos, notificar e multá-los. O dinheiro recebido iria para o Fundo – responsável para potencializar o trabalho dos catadores que poderão se organizar para comprar material, desde luvas, proteção individual e calçados apropriados para o trabalho. “Conforme a entrada de recursos, podemos também garantir que o catador devidamente regularizado tenha certeza da ajuda de custo para o trabalho que realiza, porque o município não dá conta, a Prefeitura não tem estrutura para manter a cidade limpa o ano inteiro”, completa.

Posicionamento político
Fundado em 2013, o Solidaridade é o mais novo partido brasileiro e está posicionado a centro esquerda. Tem como líder o paulista Paulinho da Força – um dos nomes cotados para concorrer à presidência em 2018. “O partido é mais ligado aos sindicatos, que têm relação forte com a esquerda. Neste sentido, não acompanho o partido”, afirma Ronaldo, que firma seu posicionamento ao centro.
Se autodefine como cristão evangélico e conservador, mas não intransigente. “Não é por conta da minha religião que vou ser contra determinados temas. Pelo contrário, temos que discutir. Sou totalmente favorável a criação da Frente”, diz ele, referindo-se a Frente Parlamentar Mista contra Intolerância Religiosa, Racial e Homofobia – aprovada recentemente na Câmara e geradora de polêmica entre os parlamentares. “Acho que temos que discutir e quanto mais pudermos esclarecer sobre estes temas para a opinião pública, melhor. Independente de religião, cada cidadão vai tomar sua posição e isso é algo que ninguém vai segurar”, termina.

Gostou? Compartilhe