Reeleito para o sexto mandato

O parlamentar que soma o maior número de reeleições de Passo Fundo conta que, até pouco tempo atrás, não pensava em ser político. Saiba o que Pedro Daneli já fez e o que pretende fazer pela Câmara

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Ao lado dos pôsteres utilizados em campanhas antigas, Daneli lembra sua trajetória política. ?EURoeNunca pensei em ser vereador?EUR?, contaAo lado dos pôsteres utilizados em campanhas antigas, Daneli lembra sua trajetória política. ?EURoeNunca pensei em ser vereador?EUR?, conta
Ao lado dos pôsteres utilizados em campanhas antigas, Daneli lembra sua trajetória política. ?EURoeNunca pensei em ser vereador?EUR?, conta
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Antes dos 36 anos Pedro Daneli sequer sonhava em ser vereador. Nem ele acreditaria que, mais de 20 anos depois, se tornaria o parlamentar que soma o maior número de reeleições de Passo Fundo: a caminho do sexto mandato na Câmara deixa para trás nomes como Ernesto Scortegagna (1960 a 1983) e o ex-vice prefeito Adirbal Corralo (1973 a 1996). Aos 60 anos e reeleito com 1.510 votos, já planeja os projetos e propostas da próxima legislatura: vai retornar com o projeto 'Minha casa melhor', que pretende reunir sobras de materiais de construção em um terreno público para, então, doá-los às famílias carentes.

 

O caminho até a Câmara

“Eu nunca pensei em ser vereador”, começa Daneli. Seu envolvimento com ações da comunidade   deu os primeiros passos em 1969, aos 13 anos, quando saiu do interior de Água Santa e mudou-se com a família para o bairro Parque Farroupilha, de Passo Fundo, onde mora até hoje. Filho mais velho de 10 irmãos, viu seu pai deixar a agricultura para trabalhar na construção da BR 285. “Quando cheguei no Parque Farroupilha não tinha luz, nem campo, nem igreja; só umas dez casas, no máximo. Então fomos construindo tudo aos poucos, em comunidade”, lembra. Já a serviço do Exército como corredor, resolveu deixar o quartel para trabalhar em outros setores. Nessa época fez de tudo um pouco: foi lavador de carros, atendente em hotel; entregador de contas, atendente de reclamação e gestor administrativo na Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE); e auxiliar de coletivos urbanos, em São Paulo. Foi quando retornou para Passo Fundo que surgiu a ideia de tentar um lugar na Câmara. “Um dia alguém me disse, lá em 1992, que era para eu ser candidato porque com certeza ia me eleger. Na época eu organizava muitos campeonatos nos bairros, participava de tudo um pouco. Também tinha integrado o sindicato dos funcionários da CEEE, mas nunca me passou pela cabeça concorrer”, conta.

 

Pedro, então, tomou a decisão de tentar e decidiu se filiar a um partido. No último dia para a inscrição de 1992, bateu no PMDB achando já estar filiado. “Só que não estava. Então eu pensei: 'já é meio dia, em qual partido eu vou?'”, lembra. A alternativa foi buscar o PDT – partido do então prefeito Airton Dipp. “Cheguei lá e eles disseram que a nominata estava lotada e que não daria mais para me inscrever. Quando caminhava pela Avenida Brasil encontrei o ex-deputado já falecido Guaracy Barroso Marinho. Contei minha situação e ele chamou na hora o presidente do partido. Resultado: me filiei no mesmo dia e fui o mais votado pelo PMDB naquele ano”, conta. Em 1992, a conjuntura trazia a votação surpreendente da vitória de Osvaldo Gomes por 65 votos.

Desde 1992, Daneli só não se elegeu em 2008. Hoje sua ocupação se restringe aos serviços de vereador – “Temos muita demanda”, afirma – e de pai: tem cinco filhos; Daniela (34), Gabriela (30), Pedro Caetano (24), Natália (17) e Pietro (2).

 

O que já fez

No final do primeiro mandato, Daneli ficou conhecido como o “vereador da ambulância”. Isso porque ele colocou, por conta própria, uma ambulância para transportar pessoas de suas casas para os hospitais. “O município não consegue fazer tudo que tem para fazer. A intenção não era socorrer ninguém na rua, mas se tivesse alguém para levar fazer hemodiálise ou trocar gesso, por exemplo, a ambulância pegava e levava do hospital para casa. E tudo isso era gratuito”.  O serviço foi encerrado em 2009 e não deve ser recolocado em prática. “Hoje tem requisitos como médico e enfermeiro, mesmo que a unidade não seja socorrista, mas de transporte”, explica. Um dos projetos preferidos de Daneli está em vigor desde o ano passado. A intenção é dar preferência de vaga nas escolas municipais para crianças portadoras de deficiência. “Ao invés do ônibus escolar passar e levar a criança para outro bairro, ela tem preferência de matrícula na escola do seu bairro”, completa.

 

O que pretende fazer

Através das emendas impositivas, Daneli inscreveu a compra de um aparelho de ultrassom para o Hospital Municipal. A regra define que 1,2% do orçamento municipal estimado para o ano seja destinado para demandas escolhidas pelos vereadores. Além disso, 50% do valor total precisa obrigatoriamente ir para ações da área da saúde. Além do aparelho, o vereador também solicita a construção de um muro na rua Otávio Rocha, próximo ao Cemitério da Petrópolis. “É uma solicitação antiga da comunidade. Não tem divisão entre as casas da vizinhança e o cemitério. Enquanto as pessoas estão lá com suas famílias, tem um enterro acontecendo do lado. O muro precisa ser construído urgente”, defende. Além disso, ele também solicita a revitalização dos canteiros das três avenidas do bairro São José – Padre Antônio Vieira; Nova Olinda e Luís de Camões – e a construção de uma capela mortuária no bairro Jardim América.

 

O seu carro-chefe, no entanto, será a reestruturação do projeto vetado no início da última semana pelo Executivo – 'Minha casa melhor' – do qual o próprio vereador votou a favor do veto. “Faltou uma melhor redação. O vereador não pode criar programas para o Executivo. Já falei com o procurador do município e vamos fazer a alteração”, comenta. Ele defende o projeto como necessário para Passo Fundo. A sugestão é que o Executivo disponibilize um espaço para receber todo o tipo de material de construção reaproveitável. “Vai desde tijolos, areia, cimento, brita até madeira, porta, telhado. Você não imagina a quantidade de gente que pede ajuda. A intenção é que o material seja disponibilizado para pessoas cadastradas na Secretaria de Habitação”, pontua.

 

Posicionamento político

Com exceção das eleições de 2012 e 2016, Daneli sempre concorreu pelo PMDB. A saída do partido se deu por conta de mudanças internas que desagradaram o vereador. “Sempre gostei muito do PMDB, mas o partido começou a mudar, a ter procedimentos que eu não concordava. Começou a pensar mais nas pessoas do partido que nas ideias praticadas antes”, explica. O Partido Popular Socialista (PPS) – o qual pertence hoje – mantém o posicionamento de centro esquerda e defende, entre outras bases, o parlamentarismo. A única deputada estadual que representa a legenda é Any Ortiz.  “Fiquei em dúvida antes de entrar, já que era um partido novo e pequeno até então, mas não me arrependo. É um partido que não está envolvido em corrupção nenhuma”, termina. 

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