O depoimento do ex-diretor da Fundação Estadual da Criança e do Adolescente (FECA), Julio Martins César Leite, sobre supostas irregularidades nas compras da instituição já está sob domínio da Câmara de Vereadores. Nessa quarta-feira (15), a Comissão de Patrimônio e Desenvolvimento Urbano e do Interior recebeu o coordenador afastado da instituição e seu advogado para tirar dúvidas a respeito do caso. A Fundação foi alvo de denúncias sobre a compra de carnes e bebidas alcoólicas em estabelecimentos locais. A organização é pública e atende crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.
A primeira dúvida da Comissão foi sobre os gastos excessivos com combustível. De acordo com Leite, a FECA produzia e fornecia pães para as escolas municipais. Desta forma, é evidente que o gasto neste aspecto seria elevado. Outra questão era sobre a compra de carnes. Como explicou o diretor desligado, houve um período – de 70 dias, aproximadamente – em que os funcionários iniciavam as atividades por volta das 7h e encerravam às 15h. Assim era preciso conceder almoço aos servidores. Já sobre as denúncias de compra de espumantes, Julio explicou que se tratou de um brinde aos funcionários para as festas de fim de ano. Segundo ele, cada um teria recebido um espumante e um panetone na comemoração. “Foi uma sugestão minha ao presidente, que disse que não havia problema”, enfatizou ele na conversa.
Outro ponto de destaque é sobre a compra de bebidas alcoólicas e cigarros ligada ao nome da instituição. Conforme Leite, o pagamento de funcionários que auxiliam na fabricação dos pães e que realizavam demais serviços na fundação receberem, muitas vezes, um vale para ser gasto no mercado onde a Fundação costumava fazer compras. “Eu não imaginava o que elas estariam comprando. Eu tinha que cumprir um contrato. Essas coisas [dar os vales] eram necessárias para fazer as coisas andarem”, explicou ele, como ressaltou a nota divulgada pela Assessoria de Comunicação da Câmara.
De acordo com Julio, não apenas alimentos, mas também materiais de construção costumavam ser comprados com vales, já que muitas vezes os repasses de dois convênios com a Prefeitura caíam na conta bancária com atraso. Como afirmado pela assessoria da Casa, Leite teria afirmado que existiu “deslocamento de verbas para que os funcionários fossem pagos em dia”. Julio assumiu a função de diretor na Fundação no final de 2012, mas esteve ligado a instituição por mais tempo, em diversos setores. Seu desligamento se deu no final de 2016.
Próximos passos
De acordo com o vereador Luiz Miguel Scheis (PDT), presidente da Comissão, outras pessoas relacionadas deverão ser convidadas pelo grupo para fornecer informações. Estão entre elas os responsáveis pelo estabelecimento onde as compras da fundação foram efetuadas e os contadores responsáveis pelas contas ativas e passivas da instituição. As datas ainda não foram estabelecidas.