Qual é a melhor saída para o Brasil?

Perguntamos para as principais figuras políticas do Estado, da região e de Passo Fundo: qual o futuro do país diante de tantos escândalos de corrupção? As respostas você confere abaixo

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“Brasília parou”

Duas palavras do senador petista Paulo Paim resumem o cenário de Brasília nesse 18 de maio. Segundo ele, o clima no Senado era de que o governo Temer já havia terminado antes mesmo de seu pronunciamento, na tarde de ontem, onde reiterou que não vai renunciar. Exemplo disso é que muitos senadores discutiram para não abrir a sessão da tarde de ontem [que acabou sendo aberta mais tarde, para debates]. “Não está tudo bem. É uma crise gravíssima. Vamos ver se conseguimos tentar recuperar, costurar aos poucos, a nossa democracia. O resto a gente acomoda aos poucos. Brasília parou hoje”, relatou ele.

Ele relatou que alertou, há um ano, a ineficácia do impeachment da presidente Dilma. “Isso dividiu o país. Não era a solução ideal. Defendo as eleições diretas, como defendi há um ano. É a única saída para termos um governo com credibilidade, representatividade e que, principalmente, estanque estas duas reformas [da Previdência e Trabalhista] propostas por Temer”, pontuou ele.

“É o desfecho da crise”

Em seu pronunciamento na tribuna do Senado, a progressista Ana Amélia Lemos afirmou que a  renúncia de Temer ou a cassação da chapa Dilma/Temer são os meios mais rápidos para o desfecho da gravíssima crise política que assola o país. “Não vejo condições para o presidente permanecer depois das robustas acusações de obstrução da justiça. A nossa régua moral e a lei são iguais para todos. As ameaças do ex-presidente Lula de que irá prender juízes, procuradores e jornalistas, diante de uma sucessão de denúncias contra ele, são inaceitáveis. Ninguém está acima da lei e pode ter tratamento diferente”, disse ela, em pronunciamento.

Gilberto Capoani (PMDB)

O peemedebista Capoani lamentou o acontecimento. “O Brasil estava começando a ter sua economia de novo; os juros estavam caindo, a economia dava sinais de recuperação. Agora toda esta instabilidade econômica foi gerada pela instabilidade política”, disse ele. Para o parlamentar, uma eleição direta no momento é preocupante. “No afogadilho, a população pode acabar escolhendo alguém que não seja a melhor opção neste momento. É necessário que se investigue tudo antes, para que não elejamos alguém envolvido em outros esquemas”, defendeu, completando que a única saída viável é um mandato tampão com eleição posterior, em 2018. “Não vejo um prazo legal e viável para que possamos fazer rapidamente uma nova eleição. Inclusive, questiono como seria feito o financiamento desta campanha. É uma questão complicada”, terminou.

Gilmar Sossella (PDT)

A situação é de fragilidade, entende Sossella. Para ele, a escolha de um novo representante deve seguir os princípios constitucionais. “Temos que seguir a legalidade, como dizia Brizola. Caso contrário, não nos firmamos como um país democrático”, disse ele. Para ele, o ideal não seria uma eleição direta. “O Brasil não pode parar. Tudo isso desaquece a economia, diminui os empregos e isso impacta diretamente na vida do brasileiro. Que se resolva o mais breve possível, mas por vias democráticas e legais”, terminou.

Juliano Roso (PCdoB)

Para o deputado estadual Juliano Roso (PCdoB), três questões devem ser levadas em consideração neste momento. Em primeiro lugar, como enumera, o governo de Michel Temer caminha para o seu final. “Ele não tem mais condições nem base de sustentação política”, disse. Além disso, as reformas sugeridas – da Previdência e Trabalhista – estão comprometidas e, com a talvez mudança, devem ficar congeladas. Por isso, ele defende que o ideal seria que a população fosse convidada a decidir o seu futuro a partir de um processo de eleições presidenciais diretas. “Estamos vivendo um quadro parecido com o de 1984. Ou vai escolher o presidente de forma indireta ou em eleições gerais. Eu particularmente defendo que a soberania da população seja respeitada e o povo possa ir às urnas escolher. Para isso acontecer, porém, não acredito que o Congresso aceitará isso. Eles, inclusive, já devem se reunir para decidir um novo presidente indiretamente. Justamente por isso defendo que população deve fazer pressão nas ruas para que o Congresso encaminhe eleições diretas”, pontou ele.    

Vilmar Zanchin (PMDB)

Para Zanchin, todos os fatos devem ser apurados antes de uma possível condenação. “O que não pode haver é a impunidade. E isso não só para ele, mas para qualquer membro do poder; temos que ter a apuração de todos os fatos”, declarou. Para ele, assim que as provas forem apresentadas, o próprio Temer terá de tomar uma decisão. Em caso de sucessão do poder, Zanchin entende que é preciso seguir o que preconiza a legislação. “Só peço que observemos nada diferente daquilo que já está previsto em legislação”, declarou.

“Não existe legitimidade”

“O presidente já não goza de nenhuma legitimidade popular, então nada mais justo que a sociedade brasileira opinar e escolher o seu presidente”, defendeu Alex Necker (PCdoB). Ele afirma que é preciso agora não apenas escolher um novo presidente, mas debater uma mudança de ótica no projeto político antes implementado – como as reformas da Previdência e Trabalhista. “Não existe legitimidade nenhuma para dar prosseguimento nas reformas por um governo golpista. Daqui em diante, a luta é pelo Fora Temer e pelas eleições diretas”, declarou.

“A população precisa escolher o seu presidente” 

Márcio Patussi (PDT) defendeu a renúncia de Temer e que sejam realizadas novas eleições diretas no país. “Todas as circunstâncias se agravaram nas instituições públicas. A população precisa escolher o seu presidente”, disse ele. “Viemos da saída de uma recessão com o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) e diminuição da inflação. Isso cria um ambiente de tensão para toda a classe empresarial, de produção, trabalhadora”, completou. Para ele, a última coisa necessária no momento é a volta do desemprego e da estagnação econômica.

“Nosso sistema político é irracional”

A fala resume o que pensa o vereador Mateus Wesp (PSDB). Para ele, a melhor saída é uma reforma política drástica no país. “São três poderes, com uma função – que é a chefia de estado – com mais atribuições que outras. Se tivéssemos outro sistema, em uma situação como essa, o governo já teria sido trocado. Mas assim vivemos acompanhados de uma frequente insegurança. O problema não é uma pessoa. Nosso sistema político é irracional”, disse ele. Para Wesp, o ideal no momento é que se siga a Constituição – sem emendas constitucionais que garantam uma eleição direta, por exemplo. “Uma alteração na Constituição num momento de crise como esse não é o mais correto”, declarou ele. 

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