O advogado Gustavo Guedes, que integra a defesa de Michel Temer, disse nesta segunda-feira (22) que a defesa não vê mais necessidade de o plenário do Supremo Tribunal Federal julgar o pedido de suspensão do inquérito que investiga o presidente.
Segundo ele, a defesa contratou uma perícia própria que constatou 70 "pontos de obscuridade" na gravação da conversa entre Temer e Joesley Batista, na qual a Procuradoria Geral vê indício de cometimento, pelo presidente, de crimes de obstrução à Justiça, corrupção passiva e organização criminosa. Na conversa, o empresário faz relatos de crimes a Temer, sem que nenhuma providência tivesse sido tomada.
Guedes disse que, como a defesa tem segurança de o áudio é "imprestável", quer agora que o inquérito prossiga para "provar a inocência" do presidente.
Ele deu as declarações depois de ser recebido numa audiência no gabinete do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo.
Cármen Lúcia
Nesta segunda-feira (22), a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, determinou que o julgamento do pedido de suspensão do inquérito aberto para investigar o presidente Michel Temer só seja realizado após a conclusão da perícia no áudio da conversa entre Temer e o dono da JBS, Joesley Batista.
No último sábado (20), Fachin decidiu levar a plenário o pedido de Temer para suspender o inquérito. O áudio, gravado por Joesley durante conversa com Temer no Palácio do Jaburu, em março, serviu de base para que Temer passasse à condição de investigado por suspeita de corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa.
Inicialmente, a tendência era de que o julgamento ocorresse já nesta quarta-feira (24). Segundo Cármen Lúcia, foi o próprio ministro quem condicionou a inclusão do tema em pauta após "concluída e juntada aos autos a perícia".
De acordo com a presidente da Corte, o julgamento da suspensão do inquérito depende "do integral cumprimento" da perícia. Cármen Lúcia diz que levará o tema ao plenário assim que o relator, ministro Fachin, estiver habilitado a votar.
"A gravidade e a urgência da deliberação do tema pelo plenário conduzem-me a liberar a pauta. Quando o ministro relator avisar estar habilitado a levar a questão, o pedido será julgado em sessão que será comunicada previamente aos ministros deste tribunal", afirmou a presidente em decisão de 12h50, e que foi divulgada por volta das 15h.
A investigação teve início após Joesley Batista gravar um diálogo com Temer no qual, de acordo com a Procuradoria-Geral da República, o presidente dá "anuência" a uma mesada do empresário ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ. Segundo Joesley, o dinheiro seria para comprar o silêncio do peemedebista, preso em Curitiba pela Operação Lava Jato.
A polêmica sobre a veracidade da gravação teve início após publicação pelo jornal "Folha de S.Paulo" de reportagem que apontava indícios de que o áudio havia sido editado. A defesa da JBS negou que o áudio da conversa tenha sido adulterado.
Fonte: Portal G1