PCdoB oficializa pré-candidatura de Manuela à Presidência

Em ato na Câmara dos Deputados, presidente nacional da legenda, deputada Luciana Santos, apresentou Manuela

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Manuela D´Ávila durante entrevista à imprensaManuela D´Ávila durante entrevista à imprensa
Manuela D´Ávila durante entrevista à imprensa
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Pela primeira vez desde o processo de redemocratização, o PCdoB lançou um nome para disputar o Palácio do Planalto. O anúncio da pré-candidatura da deputada estadual Manuela D’Ávila (RS) à Presidência da República foi feito no último final de semana pela presidente nacional da legenda, Luciana Santos (PE). Nesta quarta-feira (8), Manuela conversou pela primeira vez com a imprensa como pré-candidata. Durante entrevista coletiva na Câmara dos Deputados, em Brasília, Luciana reafirmou a convicção do partido no nome de Manuela para concorrer ao cargo, e salientou a importância do posicionamento dos comunistas neste momento de crise política e econômica.
“Esta jovem mulher exercerá uma pré-candidatura a serviço de um projeto de mudança. Vivemos uma grave ruptura democrática que acentuou a crise de forma simultânea e multifacetada. Debateremos saídas para a retomada do crescimento, para o fortalecimento do Estado como indutor do desenvolvimento, para a consolidação da democracia. Manuela se apresenta contra essa agenda nefasta do desmonte trazida por Temer, a serviço de algo diferente que se coloque na condição de defender um novo projeto popular em 2018”, pontuou a presidente do PCdoB.
Manuela D’Ávila falou à imprensa com muita serenidade e confiante do desafio que vem pela frente. “Nosso principal adversário são as múltiplas crises. Uma das ideias centrais da nossa candidatura é a defesa de uma frente ampla e popular. É uma candidatura para apresentar nossas propostas e estamos convidando todos os brasileiros patriotas comprometidos com o desenvolvimento nacional e sua unidade para fazerem parte do debate”. Desde 1989, os comunistas adotaram como estratégia apoiar candidaturas presidenciais de esquerda, sem lançar a própria. Questionada sobre uma suposta ruptura com PT, Manuela foi categórica: a candidatura tem a ver com os problemas do Brasil, não é contra os partidos.
“É impossível que uma candidatura comprometida com a retomada do desenvolvimento do país e com a melhora das condições para os brasileiros enfraqueça qualquer projeto que tenha isso em comum. Temos 95 anos de história, me parece no mínimo normal que, em um momento difícil como este, pensemos em apresentar nossas próprias ideias”, defendeu. Em 2016, Manuela D’Ávila decidiu não concorrer à prefeitura de Porto Alegre, mesmo liderando as pesquisas de opinião. À época, a deputada priorizou sua relação com a filha recém-nascida, e exigiu que as pessoas respeitassem sua decisão.
“Exerço minha maternidade sem pensar nos julgamentos. Eu sei que essa batalha será difícil, mas agora a Laura já tem 2 anos, e estamos em outro nível de relacionamento. É claro que minha relação com ela será prioridade, mas também sei que sentirei culpa e enfrentarei as dificuldades e os julgamentos. Afinal, é assim com todas as mulheres trabalhadoras”, argumentou. A escolha de Manuela como pré-candidata resultou dos debates que o PCdoB já está realizando na construção de seu 14º congresso, no qual serão discutidas propostas e saídas para o Brasil.
“O PCdoB é construído por múltiplos setores da sociedade, não participam somente os políticos. Tem os movimentos sociais, os trabalhadores, a juventude, o setor industrial e muito mais. O congresso do partido, que será realizado entre 17 e 19 de novembro, aqui em Brasília, será o momento de oficialização em frente à militância que constrói nossa identidade”, esclareceu Manuela.


Trajetória
Manuela d’Ávila é jornalista, natural de Porto Alegre, tem 36 anos e começou sua trajetória política no movimento estudantil, onde encontrou afinidade com a ideologia do PCdoB, filiando-se ao partido em 2001. Logo depois, em 2004, exerceu seu primeiro cargo público: foi eleita a mais jovem da história do município, com apenas 23 anos.
Manu, como é conhecida, tem o aval do povo gaúcho, o que se refletiu em todos os pleitos nos quais concorreu. Cumpriu dois mandatos como deputada federal, tendo sido, nas duas ocasiões, a concorrente mais votada do Rio do Grande do Sul. À época, foi líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, indicada três vezes pelo DIAP como uma das 100 “Cabeças” do Congresso e cinco vezes ao Prêmio Congresso em Foco, que premia os melhores parlamentares do Brasil. Desde 2014, Manuela é deputada estadual. Na Câmara Federal, foi autora da Lei do Estágio e relatora do Vale-Cultura e do Estatuto da Juventude, além de ter presidido a Comissão de Direitos Humanos e ter sido coordenadora da bancada gaúcha.

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