Em Ronda Alta, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu os protestos que a Caravana vem recebendo no sul do país. “Eu tenho 72 anos de idade e nunca fui a nenhum lugar do Brasil fechar uma estrada para que meus adversários não passassem”, destacou, se direcionando aos ruralistas e demais grupos contrários ao movimento do Partido dos Trabalhadores (PT). Organizado pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf) do Rio Grande do Sul, o ato da manhã de sexta-feira (23) ocorreu na propriedade rural da família Pasquetti.
Lula chegou ao município por volta das 10h, acompanhado da também ex-presidente Dilma Rousseff, do ex-governador do RS, Olívio Dutra e do pré-candidato a governo, Miguel Rossetto. Eles foram conduzidos ao palco sobre um carroção – veículo que simbolizou a agricultura familiar. A comitiva foi recepcionada por cerca de mil simpatizantes do partido.
Durante a fala, o ex-presidente criticou os manifestantes contrários e os grandes agricultores. “Tem empresário bom, tem empresário democrático e com sensibilidade social. Mas tem alguns que quando a safra é boa, falam que é mérito deles. Ele não agradece a chuva e não agradece o governo. Ele compra uma casa nova, uma camionete do último tipo estrangeira para desfilar na cidade e é mérito dele. Não existe chuva, não existe sol, não existe Deus. Existe ele. Na primeira safra negativa o que ele faz? Bota um caminhão e vai protestar contra o governo e vai dizer que a culpa é do governo”, pontuou Lula.
Segundo o petista, a Caravana escolheu o município de Ronda Alta em função das dificuldades que os pequenos agricultores passam. Ele enfatizou o baixo preço do leite e relembrou políticas públicas voltadas a esse público. “Quem mais necessita do estado são as pessoas trabalhadoras e na agricultura é o pequeno produtor rural, que é responsável por quase 70% do alimento que vai à mesa de todo território nacional”. Ao fim do discurso, um café colonial foi servido aos dois ex-presidentes.
Um dos proprietários da área, Vilton Pasquetti, destacou que os programas dos governos petistas ajudaram a família a melhorar de vida. Pasquetti, que antes plantava apenas grãos, investiu em vacas leiteiras durante o governo Lula. Com o Minha Casa Minha Vida Rural, a família conseguiu reformar toda a casa. O agricultor ainda lembrou que, com os programas educacionais, as filhas conseguiram concluir o ensino superior.
Luta das mulheres
Em sua fala, Dilma relembrou o suporte que recebeu das mulheres durante o processo de impeachment que sofreu em 2016. “As mulheres desse país, e a mulher da agricultura familiar é um exemplo disso, são fortes. São mulheres de luta, de trabalho e, sobretudo, são de grande coração. São mulheres com uma grande capacidade de se solidarizar com os outros e é disso que esse país precisa, porque ele está cheio de ódio”, finalizou.
