Rossetto diz que Estado precisa respeitar quem trabalha

Pré-candidato ao Piratini fez roteiro pela região entre quarta e quinta-feira

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O pré-candidato ao governo do Estado, pelo PT, Miguel Rossetto, cumpriu roteiro em Passo Fundo e região, entre a quarta e quinta-feira. Em Passo Fundo, participou de uma plenária no Sindicato dos Metalúrgicos, na quarta à noite. Rossetto será oficializado candidato ao Piratini, na convenção do partido programada para este domingo. O PT ainda não definiu alianças, mas espera contar com o PCdoB para indicação do vice. Acompanhe a entrevista concedida a O Nacional.

 

O Nacional: Qual o seu compromisso em relação ao pagamento dos salários?

Miguel Rossetto: Pagar em dia. A primeira medida como Governador do Rio Grande do Sul será assegurar o pagamento em dia dos servidores. É uma obrigação do Governo, respeitar quem trabalha. O salário é um direito sagrado. Nós vamos iniciar a recuperação da escola pública, segurança pública e serviços públicos a partir do pagamento em dia.

 

ON: Qual sua estratégia para quitar os salários?

Rossetto: Governar é fazer escolhas e estabelecer compromissos. Quando nós fomos eleitos em 1998, também o MDB, PSDB e PP, que governavam com Britto, diziam que se o Olívio Rosseto não vendesse a Corsan e o Banrisul, no início de 1999, não pagaríamos o salário em abril de 1998. Nós não vendemos o Banrisul e a Corsan e nunca atrasamos um mês o salário dos servidores. Tanto no governo do Olívio, como do Tarso Genro. Governar significa escolhas e eu tenho uma escolha clara: eu respondo pelos serviços públicos com qualidade para o povo gaúcho. Farei isto, começando com prioridade absoluta para o pagamento do salário dos servidores. A partir disso, nós temos um segundo movimento que eu quero fazer. Convidar prefeitos, gestores da rede de saúde pública do Estado, hospitais, rede básica e outros profissionais para fazer uma grande retomada de planejamento dos investimentos na saúde. O Governo Sartori, hoje, deve mais de R$ 500 milhões para os municípios e para a rede de saúde pública do estado. Nós vamos chamar prefeitos e todos os envolvidos para estabeleceremos um planejamento financeiro para regularizarmos os serviços para a saúde do povo gaúcho. Isso é fundamental.

 

ON: Qual a sua análise da atual negociação da dívida com a União e como você faria?

Rossetto: O Governo Sartori não paga a dívida desde julho de 2016. O Rio Grande do Sul paga por 20 anos uma dívida mal negociada pelo Britto em 1998. Nós, o Tarso e a Dilma fizemos uma negociação quando reduzimos o serviço da dívida. Reduzimos a taxa de juros de 6% para 4% e o IGP-DI para IPCA. Isto reduziu em R$ 22 bilhões a dívida para o futuro. É preciso avançar mais nisso. Eu quero renegociar essa dívida em condições justas com o novo Presidente da República. A atual proposta, que Sartori e Temer encaminham é inaceitável. Porque, na verdade, não resolve o problema da dívida e joga ela para frente, aumentada. Ao mesmo tempo que vende patrimônio público do estado. Eu quero resolver e não ampliar os problemas do povo gaúcho. Da mesma forma, nós já estamos trabalhando para assegurar recursos que perdemos com a Lei Kandir. Nós estamos falando de quase R$ 4 bilhões para o RS. São R$ 3 bilhões para o estado e R$ 900 milhões para os municípios. A bancada federal do PT, através do seu líder, já pediu urgência na aprovação desse projeto para o mês de agosto.

 

ON: Já temos um presídio lotado em Passo Fundo e uma área destinada a construção de um presídio que nunca saiu do papel. Qual o seu compromisso?

Rossetto: Sobre segurança, a população gaúcha vive com medo. Nós nunca convivemos com tamanha violência e criminalidade no estado do Rio Grande do Sul. Os assaltos e roubos aumentaram quase 100% nos últimos três anos e os homicídios em 35% ou 40%. Existe um total descontrole, motivado pela desorganização e desestruturação das polícias, SUSEPE e IGP. Polícia Civil e a Brigada Militar nunca tiveram um efetivo tão pequeno. Portanto, nós precisamos repensar o sistema de segurança pública. Nós, que fizemos uma política forte de recuperação salarial para os profissionais da segurança, precisamos recuperar o efetivo das nossas polícias. Eu quero a Brigada Militar como uma polícia comunitária nos bairros e vilas, apoiando e dando segurança para a população. Eu quero uma Polícia Civil com cada vez mais capacidade de investigação. Eu não quero correr atrás do crime, quero evitar o crime e a violência. Nós precisamos de serviços de inteligência qualificados, articulados e combatendo o tráfico de drogas, roubos de carros e combatendo esses crimes organizados. No meu governo não serão as facções criminosas que irão comandar os presídios. O sistema prisional gaúcho, hoje, em grande medida, não são espaços de contenção de criminosos e ressocialização. São espaços de organização das facções criminosas. Isto é insustentável e inaceitável. Precisamos investir e qualificar o nossos presídios, mas nós temos que resolver em diálogo com o poder judiciário e o ministério público outras questões. Por exemplo, 50% dos apenados gaúchos, hoje, não tem sentença definitiva. 95% dos apenados foram presos em flagrante. Nós temos que repensar essa estrutura de aprisionamento, de tal forma, para qualificarmos. Hoje 10% dos apenados são criminosos que cometeram atos contra a vida. Nós temos que pensar a qualidade dos presídios, pensar o tipo de pena que é adotada para esses criminosos. Isso vai exigir uma grande reflexão para a sociedade. Precisamos pensar estruturas alternativas para crimes de natureza mais leve. APAC, organizações civis que organizam a prisão e a contenção dos criminosos com penas mais leves, são experiências importantes no Brasil e que começam a ser desenvolvidas no Rio Grande do Sul.

 

ON: Propostas específicas para Passo Fundo e Região?

Rossetto: Nós possuímos várias áreas que impactam em Passo Fundo. Primeiro a recuperação do crescimento econômico. Passo Fundo é um polo regional de desenvolvimento agropecuário, da indústria metal mecânica, máquinas agrícolas e biodiesel. É um polo econômico. Nós queremos estimular e incentivar está indústria, produção agropecuária e agroindustrial. Passo Fundo é um polo de desenvolvimento tecnológico e nós apoiamos muito, por conta do parque universitário extraordinário que tem aqui. Nós vamos estimular os programas de extensão empresarial, levando tecnologia e inovação para as pequenas e médias empresas. Portanto, apoiando o crescimento da atividade econômica industrial e agropecuária em Passo Fundo. Nós queríamos trabalhar junto com as prefeituras e estruturas de saúde. Melhorar o atendimento para nossa população, especialmente na atenção para serviços especializados. A ideia é cada região ter uma enorme capacidade de resolver os problemas da população. O Governo tem muita responsabilidade em melhorar e coordenar está relação aqui com Passo Fundo. Nós queremos abrir um diálogo e resolver investir na estrutura das nossas estradas. Um tema que precisamos recuperar é a qualificação da ERS 324, Passo Fundo e Casca. Vai estimular investimentos e atividade econômica. É isso que nós queremos, dialogar com a comunidade de Passo Fundo. São investimentos econômicos, desenvolvimento do trabalho e emprego na região, investimentos na infraestrutura logística, segurança, saúde pública e educação são temas que está região deve receber mais atenção do Governo do Estado. Por fim, um diálogo permanente. Não vou governar sentado em Porto Alegre. Vou governar presente na região e quero que minha equipe também esteja presente escutando a comunidade e lideranças. Um ambiente de diálogo de cooperação permanente. Cooperação com as lideranças, prefeituras e vereadores. A sociedade de Passo Fundo e região são fundamentais para sair da crise e fazer um bom governo.


ON: Por que o partido insiste na candidatura do Lula, mesmo com ele estando preso?

Rossetto: Nós acreditamos no direito do presidente Lula concorrer. Achamos sua prisão injusta e ilegal. Continuamos recorrendo em todas as instâncias. Queremos que o Supremo Tribunal Federal julgue e estamos seguros de que, havendo justiça, Lula será libertado e poderá concorrer a Presidência da República. Não é só o PT. O povo brasileiro, em sua maioria, quer que Lula volte à Presidência do Brasil.

 

ON: Caso isso não se concretize, o PT possuí alguma estratégia?

Rossetto: Somos competitivos em qualquer cenário. Nós estaríamos no segundo turno em qualquer cenário. Com Lula é muito provável que ganhamos no primeiro turno. Em situação limite, com outra candidatura, nós somos competitivos e estaremos no segundo turno seguramente.

 

ON: Qual sua análise do momento que vive o PT hoje:

Rossetto: O partida se renova permanentemente. Impressionante essa renovação, com dinamismo dentro do partido. Entusiasmo do partido no Rio Grande do Sul durante este processo de eleição. Todas as atividades que participei, acompanhei a filiação de jovens que se somam a esse partido. Portanto, há um revigoramento e um entusiasmo muito grande na atualização do Partido Trabalhador. Nós temos muitos a contribuir com o Rio Grande do Sul e com o Brasil.

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