Demanda é eleger candidatos de Passo Fundo

Grupos irão apoiar políticos do município ao legislativo. Objetivo é ter representatividade no congresso e estimular o desenvolvimento local

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Em 2014, nenhum candidato passo-fundense foi eleito deputado federal ou senador. Além do exercício de propor e votar leis e demais propostas, estes representantes articulam, junto ao poder Executivo, demandas necessárias às cidades e regiões e que muitas vezes ficam paradas em Brasília devido à burocracia. Entre estas questões, pode ser citada a luta histórica pela ampliação do Aeroporto Lauro Kortz, cujo edital foi lançado há alguns meses. As obras ainda não começaram, mas o lançamento da licitação, cujo processo está em andamento, só foi possível graças à pressão de parlamentares e da sociedade civil, o que fez o projeto andar nos órgãos competentes.

 

Tirando do centro do debate o jogo de poder e influência, há também as emendas parlamentares. Se tratam de recursos financeiros cujas figuras políticas barganham para destinar a determinado programa ou município. Por lógica, os contemplados estão relacionados à área de atuação ou colégio eleitoral do político. É por meio destes valores que as prefeituras conseguem desafogar seu orçamento e investir em saúde, educação, segurança pública, entre outros. Em Passo Fundo, a revitalização do Parque da Gare, as unidade básica de saúde (UBS) da Planaltina e da Donária, além da construção de creches em diferentes bairros, ilustram casos em que esses recursos são utilizados. Cabe salientar que essas obras foram executadas também com contrapartidas do Município.

 

Esses são apenas alguns exemplos recentes da atuação de parlamentares. Porém, com a falta de representantes, Passo Fundo deixa de receber essas verbas e fica sem articuladores em Brasília. Com essas preocupações, a bandeira dos grupos empresariais para as eleições deste ano será a candidatura de políticos de Passo Fundo. A proposta é para que, ao longo dos próximos meses de propaganda eleitoral, as associações e sindicatos abram as portas para representantes do município. Um movimento, encabeçado pela Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Agronegócio (Acisa), ainda está sendo montado. Outras entidades, como Sindilojas, Sinduscon, Sindicato Rural e Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) devem apoiar ou participar da campanha.

 

O objetivo principal é conscientizar a população sobre a importância de eleger um candidato do município, de acordo com o presidente da Acisa, Evandro Silva. “Entendemos os candidatos da região, mas a entidade pretende abraçar os candidatos daqui. Vamos recebê-los. Dar voz e visibilidade aos candidatos de Passo Fundo. Porque pelo fato de eles serem daqui, entendemos que eles levam as nossas bandeiras, as causas de Passo Fundo. Porque é natural que cada candidato, seja estadual ou federal, mesmo ele tendo um olhar pelo estado, tenha a sua base. Há um compromisso com a sua base. Então nós temos que ter candidatos com base em Passo Fundo”.

 

Voto válido

Além da ação conjunta, a Acisa levantará outra bandeira: a importância de ir votar. Pesquisas recentes mostram indicadores acima dos 20% nas intenções de votos brancos ou nulos. No material encomendado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), na categoria espontânea, 21,4% dos entrevistados alegou que não votaria em nenhum candidato à Presidência da República. Os resultados apontaram uma descrença com a política.

 

“A gente percebe no Brasil inteiro, em função do que aconteceu, ou vem acontecendo com essa questão da crise política, além da crise econômica que o país vem atravessando há alguns anos, um momento de descrença na política. Tudo que a imprensa mostra (casos de corrupção) levam as pessoas a uma descrença. Essa exposição da corrupção que sempre teve, mas pela exposição, leva as pessoas a ficarem descrentes da política”, analisa o dirigente.

 

Conforme Silva, essa ideia de não votar, desencadeada a partir dessa desmotivação da população em relação à política, é extremamente perigosa. “Existe um movimento extremamente errôneo de que o voto nulo ou o voto em branco ou não ir votar seria uma forma de manifesto. Essa é a pior forma de se manifestar. Porque aí sim é que vai continuar as pessoas que sempre estiveram ou os piores políticos. As pessoas tem sim que ir votar. Você precisa exercer o seu direito do voto. Qualquer forma de mudança no país, no estado, só vai acontecer no momento em que você votar”, enfatiza.

 

Importância de eleger candidatos locais

 “Nós, como empresários, nos preocupamos muito com a nossa representatividade. Infelizmente, nos últimos pleitos, a nossa representatividade ficou aquém do que a gente merece. Uma cidade do porte de Passo Fundo, com todo o desenvolvimento que tem, está aquém do nosso merecimento e da nossa representatividade. Por isso, estamos focando em conscientizar ao máximo a população para que eleja candidatos aqui de Passo Fundo e que nos representem”.

Jefferson Kura, presidente Sindilojas

 

 “Olhando para os nossos vizinhos: Marau é uma cidade extremamente menor que Passo Fundo tanto em população quanto em colégio eleitoral e tem dois deputados. Carazinho tem dois deputados federais. Por que Passo Fundo não tem? Justamente porque muitos desses deputados vêm buscar votos aqui em Passo Fundo. A gente considera legitima essa busca do voto, mas entendemos que falta uma mobilização nossa e até por parte das entidades em conscientizar os nossos eleitores de que esse é o momento de nos voltarmos para Passo Fundo e para que o voto fique aqui. A gente entende que é um movimento que as entidades precisam se unir para conscientizar os nossos eleitores”.

Evandro Silva, presidente da Acisa

 

“É muito importante ter essas representações locais, no legislativo estadual e federal principalmente porque Passo Fundo é considerada uma capital regional. Abrange milhão de habitantes e se destaca pela localização geográfica. A gente considera quatro itens principais em que Passo Fundo se destaca. A localização pelos entroncamentos e rodovias que ligam as principais cidades e países do Mercosul, ao clima da microrregião, que fomenta toda cadeia do agronegócio, a gente pode citar grandes indústrias e toda a verticalização dessas indústrias. A gente destaca também a questão do povo empreendedor que Passo Fundo tem e que criou uma universidade comunitária há décadas, fomentou também a Imed que está se destacando e transformou Passo Fundo em um polo educacional muito grande. Um quarto ponto seriam os serviços. Aqui posso citar a construção civil que dinamiza toda cadeia de fornecimento de materiais e de serviços. A área médica também, em que somos o segundo polo estadual de medicina com os hospitais São Vicente de Paulo e da Cidade que são referências nacionais. Acho que é muito importante a gente ter representantes locais para potencializar mais ainda essas características de capital regional que Passo Fundo tem”.

Fernando Canali Lângaro, vice-presidente administrativo do Sinduscon

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