A saúde de Passo Fundo precisa de representatividade no congresso

Nos últimos nove anos, 80% do total de investimentos no HSVP foi por meio de emendas parlamentares. O HC recebeu, de 2016 até o momento, quase R$ 3 milhões em verbas

Por
· 3 min de leitura
Aparelho de última geração veio depois de mobilização políticaAparelho de última geração veio depois de mobilização política
Aparelho de última geração veio depois de mobilização política
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Imagine a seguinte situação: você sente um desconforto físico e procura o sistema de saúde. Em uma triagem inicial, os exames médicos não apontam nada. Preocupado, o médico solicita outros exames. Porém, não é possível realizar esse segundos exames em Passo Fundo porque o equipamento complexo só está disponível pelo SUS em centros maiores.


Agora imagine o contrário. O aparelho está disponível pela rede pública de saúde em Passo Fundo. O seu diagnóstico sairá bem mais rápido e será menos burocrático, especialmente em um momento de fragilidade e dor, já que quem procura esses serviços está com alguma debilidade. Esse exercício dificilmente é feito e essas situações só se tornam um incomodo quando o cidadão de fato se depara diante dela. A partir dessa pequena ilustração, e caberiam outras situações, é possível pensar na importância desses equipamentos de nomes estranhos e funções distintas na área da saúde, que facilitam a vida de tantas pessoas.


No dia 19 de agosto, o jornal O Nacional lançou sua campanha para as eleições gerais deste ano. O “Vote nos candidatos de Passo Fundo, por Passo Fundo”, é a manifestação do grupo de comunicação no processo democrático. Na ocasião, foram elencados os motivos pelos quais o município precisa de representantes locais no parlamento, especialmente em Brasília. Nesta edição, a pauta é retomada com foco nos investimentos em saúde.


Com dois hospitais regionais referências em tratamento de diversas áreas, Passo Fundo é sempre lembrado por empresários, investidores e políticos como polo na prestação deste serviço. Porém, o setor, assim como tantos outros, também tem fragilidades e seu desenvolvimento passa pelo auxílio financeiro do poder Público. É os agentes do legislativo que exercem esse papel fundamental tanto na destinação destes recursos, por meio de emendas parlamentares, quanto na pressão política que fazem para conseguir verba do Executivo.


Em fevereiro deste ano, o então ministro da Saúde Ricardo Barros veio a Passo Fundo inaugurar o segundo equipamento de Radioterapia do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), o chamado Acelerador Linear. Na ocasião, ele anunciou o destino de mais de R$ 5 milhões para aquisição de um aparelho de Raio X Telecomandado Digital e de um PET CT. Este segundo, com valor aproximado de R$ 4,5 milhões. A moderna máquina é destinada a realização de exames de imagem usados na oncologia. Em seu discurso, o então ministro confessou que o investimento foi uma decisão que partiu da pressão política feita, no avião, pela comitiva de deputados que o acompanharam na visita ao norte gaúcho.


Este é apenas um exemplo de verbas públicas destinadas à saúde com intermédio de parlamentares. Em andamento, o HSVP possui o projeto da Unidade de Transplante de Medula Óssea. Segundo o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), do Instituto Nacional do Câncer (Inca), há apenas dois centros que realizam o procedimento de transplante não aparentados no Estado. Lançado em dezembro de 2016, essa é outra proposta que precisa de apoio de deputados e senadores, além de membros do Executivo.


Ao total, nos últimos nove anos, a instituição recebeu recursos na casa dos R$ 12 milhões para investimentos em equipamentos médicos e hospitalares, de acordo com o superintendente Executivo Ilário Jandir De David. “Todo esse recurso foi devidamente aplicado em conformidade com o objetivo de cada projeto apresentado ao Ministério da Saúde e teve sua prestação de contas aprovada. Aproximadamente 80% deste valor foi via emenda parlamentar, e 20% via projeto voluntário do próprio hospital”, esclareceu o dirigente.


No Hospital da Cidade a situação não é diferente. Desde a aquisição de aparelhos para realização de exames, hemodiálises até reformas, o recurso veio pelo intermédio de deputados e senadores. De 2016 até agora, foram quase R$ 3 milhões em investimentos por meio de emendas parlamentares. Nenhuma delas foi de candidatos de Passo Fundo. “Eu acho extremamente importante ter representante de Passo Fundo para gestionar junto aos órgãos, não só na questão de busca de recurso, mas também nas questões administrativas que são necessárias em Brasília. Os [representantes] locais nos dariam essa possibilidade de trabalhar pelas instituições”, analisa a administrador do Hospital da Cidade Luciney Bohrer.


O posicionamento é compartilhado por Ilário Jandir De David. “É de fundamental importância apoiar candidatos comprometidos com o município, entidades e população local. Buscar incessantemente recursos, seja na esfera estadual ou federal, para o desenvolvimento da cidade, das entidades locais que são referência em saúde, educação e tantos outros segmentos é uma obrigação de todo representante eleito pelo nosso povo. Aliás, se fizermos uma retrospectiva dos últimos anos é fácil lembrar quais parlamentares se empenharam nesta direção”, finaliza o superintendente Executivo do HSVP.

Gostou? Compartilhe