Ex-reitor da UPF, professor José Carlos Carles de Souza é candidato a deputado estadual pelo PSD. Ele defende que é preciso resgatar e debater nos dois espaços legislativos os grandes temas de interesse nacional e estadual.
ON - Se eleito, como será sua atuação no Parlamento?
José Carlos Carles de Souza - A minha atuação será pautada na coerência, no bom-senso e no interesse da coletividade, priorizando as questões que merecem primazia e atenção do Parlamento gaúcho. O nosso estado apresenta inúmeras carências, principalmente no atendimento aos serviços básicos de sua obrigação (saúde, segurança, educação, etc.), além de investimentos em infraestrutura. Considerando que o estado tem gasto mais recursos do que arrecada, entendo que cumpre ao Parlamento fomentar o aumento de receitas – por meio de projetos que visem ampliar a base econômica, sem aumentar impostos –, reduzir as despesas e direcionar os investimentos para as demandas estratégicas.
ON - Como o senhor pretende fazer a campanha eleitoral? Focado em que plataformas?
José Carlos - A campanha, por óbvio, será muito rápida e realizada em curto espaço de tempo e com poucos recursos financeiros. Assim, além de utilizar as redes sociais e a tradicional distribuição de material informativo, recorrerei, de modo estratégico, a visitação a empresas e a reunião de grupos de apoio para auxiliar na divulgação. Acredito muito no contato pessoa a pessoa, o qual sempre primei, e no trabalho que desempenhei para levar a todos as minhas propostas centradas na educação e no desenvolvimento.
ON - Passo Fundo tem demandas históricas como superlotação do Presídio Regional, Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA) que nunca foi concluída, obra de ampliação do aeroporto, duplicação de rodovias como a ERS 324 e trecho urbano da BR 285. Com quais dessas demandas o senhor pretende se comprometer, caso eleito?
José Carlos - Cumpre ao Deputado Estadual acompanhar as necessidades da comunidade e, dentro da sua alçada, encaminhar e acompanhar a solução de pendências, tanto na esfera do Governo Estadual quanto na do Governo Federal. Vamos objetivar a ação parlamentar afastando a conotação política partidária, para incluir o interesse social e definir atuação conjunta da comunidade e das lideranças públicas e privadas, agindo com o mesmo propósito. Aliás, já atuamos desse modo em algumas ações de interesse comunitário local e regional, tais como a demanda do aeroporto, a duplicação da BR 285 e da 386. Além disso, lideramos a movimentação em prol da pavimentação da BR 153 – a rodovia Transbrasiliana, que por muitos anos não recebeu a atenção dos órgãos públicos. Para promoção do desenvolvimento, a região deve contar com boa estrutura logística e, sendo assim, essas questões receberão integral apoio. Quanto à DPPA, tivemos a oportunidade de participar dos encaminhamentos para a sua reforma parcial. Todas essas demandas merecem a atenção do Parlamentar.
ON - Cite outras demandas locais ou regionais, se for o caso.
José Carlos - O município de Passo Fundo é um polo econômico regional e, como tal, atrai muitos investimentos empresariais e milhares de pessoas em busca de oportunidades de trabalho e renda. Esses movimentos são muito positivos, mas evidenciam a necessidade permanente de desenvolver programas habitacionais – moradia digna – e, consequentemente, ampliar toda a gama de serviços sociais nas áreas da educação, da saúde e da segurança.
ON - Quanto pretende gastar na campanha e quais materiais serão utilizados?
José Carlos - A minha campanha está baseada em estrutura mínima para a sua realização, contando com um comitê eleitoral, materiais de divulgação: folders, adesivos, além da utilização das redes sociais, orçados em aproximadamente R$100.000,00.
ON - De onde virão os recursos para cobrir os gastos com a campanha?
José Carlos - A quantia mais substancial tem como origem os recursos próprios. Possivelmente, haverá pequena importância destinada pelo fundo partidário e outra oriunda de captação junto a pessoas que se prontificaram a contribuir com as despesas de campanha.
ON - O senhor conhece o funcionamento da Assembleia Legislativa e do Congresso Nacional?
José Carlos - Considerando que ao longo da minha vida não exerci cargo público, tampouco mandato político-partidário, o meu conhecimento, tanto da Assembleia Legislativa quanto da Câmara Federal, é idêntico ao de qualquer cidadão de bem que gosta de política e que possui formação em Ciências Jurídicas e Sociais. Conheço a teoria da boa política e, portanto, tenho conhecimento sobre como deveria funcionar a Assembleia Legislativa e a Câmara Federal. Entretanto, os grande assuntos de interesse da sociedade estão sendo substituídos e decididos pela pauta do Supremo Tribunal Federal. Precisamos resgatar e debater nos dois espaços legislativos os grandes temas de interesse nacional e estadual.
ON - Na sua opinião, qual a importância da representatividade política para uma cidade como Passo Fundo?
José Carlos - O município de Passo Fundo tem 200 mil habitantes, uma economia pujante e uma sociedade empreendedora, reconhecida por suas iniciativas nas áreas da saúde, da educação e de serviços. Precisa de legítimos representantes identificados com a comunidade e com as suas demandas. Assim, deve ocupar todos os espaços políticos possíveis, na Assembleia Legislativa, na Câmara e no Senado Federal. Lembramos do período em que tínhamos Deputados Federais da nossa cidade e quanto eles foram importantes no encaminhamento das nossas demandas.
ON - O que é fazer política na sua visão?
José Carlos - Entendo que é a ação política que equilibra o poder, impedindo que ele se torne monocrático, ditatorial ou exclusivo de uma casta. Vivemos no Estado Democrático de Direito destacando os valores próprios da liberdade, do diálogo, da ética, da moral e da defesa dos interesses coletivos e do bem-comum. Assim, em que pese a forma aguda que muitas vezes se apresenta a relação capital-trabalho, é por meio da política que vamos conduzir a bom termo esses interesses, a fim de proporcionar os avanços econômicos e sociais necessários para a construção da democracia e de uma sociedade mais justa.
ON - O Brasil vive uma crise das mais profundas de sua história: qual será sua contribuição, se eleito, para mudar essa realidade?
José Carlos - O comportamento inadequado de alguns representantes nacionais desencadeou uma crise ética, moral, política e econômica. Entendo que na esfera federal deve ocorrer uma profunda reforma política – diminuindo a influência do poder central e fortalecendo os municípios –, pois o modelo que está posto não serve à sociedade e tão somente mantém aqueles que lá estão. É necessário, também, promover alterações no planejamento econômico – facilitar as ações de empreendedorismo e de inovação tecnológica, acompanhadas de reformas no sistema tributário, previdenciário, trabalhista, garantindo direitos na exata medida da capacidade de geração de rendas. Para que isso ocorra, é necessária uma mudança comportamental da sociedade, disponibilizando instrumentos para sua efetiva participação. Na alçada de competência da Assembleia Legislativa, trabalharemos para que esse modelo possa ser implementado.
Breve Apresentação
José Carlos Carles de Souza é natural de Passo Fundo. É professor e advogado formado pela Faculdade de Direito da UPF. Foi funcionário e advogado do Banco do Brasil por mais de 30 anos. Foi presidente do Rotary Club Passo Fundo (1995/1996) e da Associação dos Moradores do Bairro Petrópolis. Foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, subseção de Passo Fundo (2004/2006), e Conselheiro Estadual da OAB/RS (2006/2009 e 2010/2012). Foi diretor da Faculdade de Direito de 2006 a 2010. Foi presidente do Consórcio das Universidades Comunitárias do RS – Comung 2016/2018. Foi reitor da Universidade de Passo Fundo por dois mandatos (2010-2014 e e 2014-2018).