?EURoeSe eu acreditasse em ditadura não estaria disputando eleição?EUR?, diz General Mourão

Candidato à vice-presidência, o militar da reserva esteve em Passo Fundo ontem (24) em agenda pelo RS

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O candidato à vice-presidência do Brasil, Antônio Hamilton Mourão (PRTB) – popularmente conhecido como General Mourão – defende duas principais reformas no país: a primeira, no sistema tributário e a segunda, na Constituição Federal. Ele defende uma constituição enxuta, redução no número de impostos pagos pela população e aumento na base de contribuintes. O vice de Jair Bolsonaro (PSL) apontou as mudanças que, se eleito, pretende instaurar no país. A entrevista foi concedida ao O Nacionalnessa segunda-feira (24), quando participou de agenda de campanha em Passo Fundo. Entre as atividades do dia, o candidato participou de carreata e conversou com apoiadores em uma palestra.
Vindo de Ijuí e em roteiro por todo Estado, Mourão segue a campanha planejada anteriormente por Bolsonaro. O presidenciável está hospitalizado após ser atingido por uma facada em comício realizado no município de Juiz de Fora, MG. Segundo ele, a expectativa é que o candidato à presidência não se recupere antes do dia das eleições, 7 de outubro. “Até o primeiro turno acho difícil ele voltar a estar nas ruas, exatamente pela gravidade que aconteceu. Se houver segundo turno acredito que a partir da segunda quinzena de outubro ele terá condições de participar de alguns eventos”, disse.


Entrevista com General Mourão
ON: Senhor candidato, o senhor disse em entrevista recente que gostaria de fazer algumas mudanças na Constituição. Que mudanças seriam essas?
Mourão: A minha visão de uma Constituição é que ela tem de ser uma constituição de princípios e valores, de modo que seja permanente no tempo. Ou seja, ela dá o rumo, o norte do país para a gente entender o que nós somos. A nossa Constituição é muito ampla e a partir daí tudo vira matéria constitucional – essa é a grande crítica que eu faço. A minha visão é que teríamos que ter uma Constituição mais enxuta, de princípios e valores. A Constituição americana, por exemplo, só tem sete artigos e 27 emendas. A nossa tem torno de 300 artigos e já temos 103 emendas. Isso significa que a gente é meio randômico na questão da legislação. Acho que para ter estabilidade nós precisávamos ter uma legislação mais estável também.


ON: Há uma discussão de que a sua presença na chapa com o candidato Jair Bolsonaro pode culminar em um possível retorno do movimento ditatorial no país. O que pensa deste movimento?
Mourão: Eu acho que as pessoas pensam isso porque não me conhecem. Se eu acreditasse em regime ditatorial eu não estaria disputando eleição, né? Eu estaria me preparando com algum grupo armado para tomar o poder. Então acho que a minha presença na chapa é exatamente avaliar e ficar dentro do processo que vivemos, do processo democrático.


ON: Como está a sua relação com o candidato Bolsonaro? Conversas de bastidores dizem que existem divergências entre os dois...
Mourão: Não, nós temos uma relação muito boa. Eu tenho procurado não importuná-lo principalmente porque acho mais importante a recuperação na saúde dele, faça a gravidade dos ferimentos que ele sofreu. A gente mantém contato, já estive duas vezes em São Paulo para conversar com ele e volta e meia ele me telefona ou manda mensagem com alguma orientação sobre temas que estão sendo explorados durante a campanha. Temos uma relação de amizade. A chapa está andando, sem problema nenhum.


ON: O senhor vê chance de ele voltar à campanha até as eleições?
Mourão: Até o primeiro turno acho difícil ele voltar a estar nas ruas, exatamente pela gravidade que aconteceu. Se houver segundo turno – mas temos uma grande esperança de que conseguiremos vencer no primeiro – acho que a partir da segunda quinzena de outubro ele terá condições de participar de alguns eventos.


ON: Todos os candidatos se utilizam de argumentos na corrida eleitoral, isso é óbvio e compreensível. Mas vocês defendem a renovação, a mudança, e já foram questionados por isso. Até que ponto a sua chapa defende ser uma “salvadora da pátria”?
Mourão: O que acontece é que existe um forte desejo da sociedade por mudanças e nós temos a firme convicção e a consciência de que nós somos capazes de executas as mudanças que o Brasil precisa. Não somos salvadores da pátria, não. Salvador da pátria era aquela novela, o Sasá Mutema [exibida em 1989 pela Rede Globo].


ON: Na sua opinião, quais são as mudanças que o Brasil demanda hoje?
Mourão: A primeira coisa é que temos que produzir um ajuste fiscal, enxugar o tamanho do Estado – porque o Estado está muito pesado –, diminuir a burocracia estatal, partir para uma reforma tributária, ou seja, diminuir a quantidade de impostos que são pagos pela população e aumentar a base dos que pagam porque muita gente não paga. Também chegarmos a um pacto federativo onde o recurso chegue realmente nas mãos de estados e municípios e não fique centralizado em Brasília.


ON: E sobre os direitos humanos? Esse é um ponto polêmico da campanha.
Mourão: Os direitos humanos estão muito bem tipificados e é por isso que uma Constituição tem que ser de valores e princípios. Eles estão muito bem especificados na nossa Constituição. Deve continuar como está, nada muda. O Brasil é um país que respeita os direitos humanos, mas para os humanos direitos.


ON: Que humanos não são direitos?
Mourão: Esses que nos matam pelas ruas, que nos assaltam, que intimidam as nossas famílias. Esses têm que cumprir a sua pena na totalidade.

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