O cadastro biométrico trouxe transtorno e ocasionou longas filas nas seções de votação de todo o Estado. Em Passo Fundo, as principais ocorrências registradas pelo Cartório Eleitoral estiveram relacionadas a essa dificuldade. De acordo com a juíza titular da 33ª Zona Eleitoral, Ana Paula Caimi, os eleitores enfrentaram dificuldades para ter a biometria liberada. Esse fato fez com que algumas seções encerrassem os trabalhos depois das 17h, para atender os eleitores que ainda estavam nas filas, e atrasou o início da apuração na cidade.
Conforme Ana Paula, o problema aconteceu porque o Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS) fez um convênio com o Instituto-Geral de Perícias (IGP) e foram importados os dados biométricos para aqueles eleitores que não haviam feito o recadastramento no município. “Isso [importação de dados] foi feito para facilitar a votação, agilizar o processo e depois facilitar o recadastramento. O problema é que algumas dessas biometrias não foram reconhecidas nas urnas eletrônicas. Nós tivemos muita procura de eleitores reclamando da dificuldade”, lembrou.
O procedimento adotado pelos mesários, de acordo com a juíza titular da 128ª Zona Eleitoral, Ana Cristina Frighetto Crossi, foi de realizar quatro tentativas de liberar a biometria. Quando não havia sucesso, o mesário pegava dados do eleitor e liberava a urna para votação com sua própria digital. No futuro, a própria Justiça Federal deverá corrigir o problema com o aperfeiçoamento do sistema, de acordo com o promotor de Justiça, Mário Guadagnin. Além disso, em Passo Fundo 22 urnas eletrônicas foram substituídas nas duas zonas eleitorais. Ao total, foram 23 atendimentos técnicos.
Eleitores não puderam votar
Na 33ª zona eleitoral, duas pessoas foram impedidas de votar. De acordo com Ana Paula Caimi, quando esses eleitores chegaram à seção constatou-se que já haviam votado anteriormente. "O que ocorreu foi um erro de digitação do mesário, de forma equivocada", explicou. O equívoco, no entanto, impossibilitou a votação dos dois eleitores.
Santinhos no chão
O Ministério Público Eleitoral apreendeu material gráfico (santinhos) esparramados em algumas seções eleitorais do município. O volume de material na rua foi menor do que em eleições anteriores. No entanto, em alguns pontos isso ocorreu. O derrame de santinhos na rua é crime e os candidatos podem ser responsabilizados. Mário Guadagnin afirmou que, além do material que já foi coletado na rua, as câmeras de segurança devem auxiliar a identificar quem jogou este material na rua. “Nada em relação à propaganda de boca de urna e nenhum problema na hora da votação foi registrado”, pontuou o promotor.
Fake news
Durante todo o dia, circularam pelas redes sociais vídeos de urnas em que o eleitor apertava uma tecla e o equipamento eletrônico completa sozinho o voto para presidente. O vídeo, no entanto, é falso. O esclarecimento foi feito pela Justiça Eleitoral. Os vídeos não mostram o teclado da urna, onde uma pessoa digita o restante do voto. Não existe a possibilidade de a urna auto completar o voto do eleitor, e isso pode ser comprovado pela auditoria de votação paralela.
Guadagnin comentou que o fenômeno das notícias falsas foram muito mais presentes nesta eleição do que no pleito passado, em âmbito nacional. “Houve muita fake news durante a campanha de todos os lados. É muito difícil de coibir isso porque é um universo muito grande, mas acreditamos que os próprios órgãos de imprensa ajudaram a diminuir o problema com suas apurações que diziam o que era fake e o que era fato”, salientou. Também circulou vídeos de eleitores levando armas e registrando o momento da votação na cabine, o que é proibido pela legislação eleitoral.