O recado das urnas

Com 46,62% dos votos, Jair Bolsonaro segue para o segundo turno, na disputa com Fernando Haddad, que somou 28,50% nas urnas. A questão é: o que uma possível eleição de Jair Bolsonaro significa para o Brasil? Estamos realmente diante da guinada social?

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Está decidido: no dia 28 de outubro, Fernando Haddad e Jair Bolsonaro enfrentam-se novamente nas urnas para decidir quem representa o país pelos próximos quatro anos. Para o cientista político, Antônio Amantino, este é um recado claro: Bolsonaro acaba por tornar-se um depositário da insatisfação e, em boa parte, esperança de mudança. E a onda levantada nos últimos dias em favor a ele deve ser observada com atenção pelo candidato eleito. “É muito maior do que ele imagina. É um desejo de mudança no Brasil, especialmente na política nacional, que é aquela comandada pelo PT nos últimos anos, não só por orientação ideológica, mas pelos espetáculos de corrupção”, pontuou.


O discurso contrário ao petista já se constrói desde as eleições de 2014, com a vitória de Dilma Rousseff. Com o seu afastamento, em abril de 2016, ele permanece latente na sociedade e sinaliza a velha política, como explica o doutor em Direito Público e professor de Direito Constitucional da IMED, Fausto Morais. “O recado das urnas é que existe um movimento do eleitorado contra a corrupção. Bolsonaro acabou representando a luta contra o PT que hoje representa, na política brasileira, uma luta contra a corrupção. Eu não digo que todos os políticos do PT são corruptos, mas o partido que mais saiu prejudicado destas eleições foi o PT”, explicou. Bolsonaro, portanto, transformou-se em sinônimo de voto de protesto. “O PT enfraqueceu a partir da sua vinculação com esquemas de corrupção, com certeza. É muito mais que um discurso pró-Bolsonaro: é um posicionamento anti-PT antes de qualquer coisa”, declarou.


A esperança depositada no candidato do Partido Social Liberal (PSL) é resultado de uma profunda insatisfação popular, como complementa Amantino. “É um descaso com a cultura, com a segurança, uma má gestão... Alguma coisa tinha que acontecer”, completa ele, que também detalha o recado dado sobre a relação brasileira com partidos de posicionamento mais à esquerda. “A esquerda está enfraquecida e o povo está insatisfeito. Só torço para que ele [Bolsonaro] perceba que hoje ele é um símbolo de um momento histórico importantíssimo no Brasil”.

Números das eleições

No Brasil...
Jair Bolsonaro (PSL): 46,31% (48.864.047 votos)
Fernando Haddad (PT): 28,88% (30.478.025 votos)
Ciro Gomes (PDT): 12,51% (13.228.555 votos)
Geraldo Alckmin (PSDB): 4,78% (5.058.114 votos)
João Amoedo (NOVO): 2,52% (2.674.004 votos)
Cabo Daciolo (Patri): 1,26% (1.337.942 votos)
Henrique Meirelles (MDB): 1,21% (1.280.113 votos)
Marina Silva (Rede): 1% (1.063.053 votos)
Álvaro Dias (Pode): 0,81% (857.556 votos)
Guilherme Boulos (PSOL): 0,58% (613.931 votos)
Vera Lúcia (PSTU): 0,05% (55.394 votos)
Eymael (DC): 0,04% (41.469 votos)
João Goulart Filho (PPL): 0,03% (29.989 votos)
Votos brancos: 2,65% (3.094.302 votos)
Votos nulos: 6,14% (7.156.404 votos)
Abstenções: 20,32% (29.736.270 votos)


No Rio Grande do Sul...
Jair Bolsonaro (PSL): 52,64% (3.347.999 votos)
Fernando Haddad (PT): 22,80% (1.449.996 votos)
Ciro Gomes (PDT): 11,37% (722.929 votos)
Geraldo Alckmin (PSDB): 5,50% (349.477 votos)
João Amoedo (NOVO): 2,92% (185.733 votos)
Henrique Meirelles (MDB): 1,96% (124.353 votos)
Marina Silva (Rede): 0,78% (49.881 votos)
Álvaro Dias (Pode): 0,70% (44.819 votos)
Guilherme Boulos (PSOL): 0,66% (41.657 votos)
Cabo Daciolo (Patri): 0,56% (35.378 votos)
Vera Lúcia (PSTU): 0,05% (3.081 votos)
João Goulart Filho (PPL): 0,04% (2.782 votos)
Eymael (DC): 0,02% (1.520 votos)
Votos em branco: 5,92% (404.279 votos)
Votos nulos: 6,73% (459.921 votos)
Abstenção: 18,15% (1.514.275 votos)


Em Passo Fundo...
Jair Bolsonaro (PSL): 54,79% (62.155 votos)
Fernando Haddad (PT): 22,54% (25.576 votos)
Ciro Gomes (PDT): 10,09% (11.445 votos)
Geraldo Alckmin (PSDB): 4,75% (5.272 votos)
João Amoedo (NOVO): 3,72% (4.216 votos)
Henrique Meirelles (MDB): 1,58% (1.791 votos)
Álvaro Dias (Pode): 0,87% (992 votos)
Marina Silva (Rede): 0,71% (690 votos)
Cabo Daciolo (Patri): 0,52% (591 votos)
Guilherme Boulos (PSOL): 049% (591 votos)
Vera Lúcia (PSTU): 0,10% (110 votos)
João Goulart Filho (PPL): 0,03% (31 votos)
Eymael (DC): 0,02% (21 votos)
Votos em branco: 3.425 votos
Votos nulos: 2.446 votos

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