Eleito com 57,7 milhões de votos (55% do total), o capitão reformado do Exército e deputado federal desde 1991, Jair Messias Bolsonaro, PSL, toma posse no dia 1º de janeiro de 2019, como o 38º Presidente da República do Brasil. Foi eleito com a promessa de reformas liberais na economia e um discurso conservador, contrário à corrupção, ao PT e ao próprio sistema político. Bolsonaro marca uma virada no comando do país da esquerda para a direita. Fez uma campanha com base nas redes sociais, foi alvo de atentado e passou a maior parte dos dias da campanha hospitalizado. Por conta disso e de ameaças que diz sofrer, terá um dos maiores esquemas de segurança já montados em uma posse presidencial.
A cerimônia, programada para iniciar às 16h, envolve uma série de etapas e ritos. O grupo de trabalho que prepara o evento desde março divulgou o roteiro prévio da solenidade, marcada para começar às 15h no Congresso Nacional. Tradicionalmente, o evento de posse começa na Catedral de Brasília, de onde sai o desfile do presidente, de automóvel, pela Esplanada dos Ministérios até o Congresso Nacional. Ainda não há, no entanto, definição se esse trajeto será feito em carro aberto ou fechado, mas os últimos presidentes a tomarem posse chegaram ao Congresso Nacional em um Rolls Royce, que serve à Presidência da República desde 1952.
De acordo com roteiro da Secretaria de Relações Públicas, Publicidade e Marketing do Senado, Jair Bolsonaro e sua esposa, Michelle Bolsonaro, seguirão em carro presidencial, já sem batedores e escolta, a partir da via ao lado dos gramados que ficam em frente ao Congresso Nacional, pouco antes das 15h. O vice-presidente eleito, Hamilton Mourão, seguirá em outro carro, logo atrás, acompanhado da esposa, Paula Mourão. Para que os preparativos possam ser executados, a Esplanada dos Ministérios será interditada para trânsito de veículos, a partir do dia 29 de dezembro até 1º janeiro.
Presidente e vice-presidente eleitos serão recebidos no início da rampa do Congresso, na parte plana, pelos chefes do cerimonial da Câmara e do Senado, que os conduzirão pela rampa, até onde estarão os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício Oliveira. No final da passarela, estarão o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, e a Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, além de lideranças do Congresso Nacional, que se juntarão ao cortejo. Já dentro do Congresso, as autoridades caminharão até o Plenário da Câmara dos Deputados onde será realizada a posse.
Compromisso
Eunício, que preside a Mesa do Congresso Nacional, abrirá a sessão solene e conduzirá os trabalhos. Após a execução do Hino Nacional pela Banda dos Fuzileiros Navais, Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão farão o juramento de compromisso constitucional e assinarão o termo de posse. Os dois deverão jurar "manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil" — declaração prevista pela Constituição Federal. Após dar posse aos eleitos, Eunicio concederá a palavra a Bolsonaro, que fará um pronunciamento ao país. Encerrada a sessão, o presidente da República, já empossado, desce a rampa do Palácio do Congresso Nacional e, como comandante-chefe das Forças Armadas, passará em revista as tropas da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, sendo ainda homenageado com uma salva de 21 tiros de canhão.
Palácio do Planalto
Na sequência, Jair Bolsonaro embarcará novamente no carro presidencial e seguirá para o Palácio do Planalto, onde acontecerá a última parte da cerimônia de posse. O presidente, que governará o país nos próximos quatro anos, receberá a faixa presidencial de Michel Temer.
A população vai poder acompanhar a cerimônia de posse em espaços determinados na Esplanada dos Ministérios. O acesso aos palácios será restrito. De acordo com Maria Cristina Monteiro, diretora de Relações Públicas do Senado e coordenadora do grupo de trabalho para a organização da posse no Congresso, a cerimônia deve ter cerca de uma hora de duração.
— Acreditamos que seja uma cerimônia um pouco mais rápida em comparação com outros anos até a pedido dos presidentes. Ela deve ter no máximo uma hora de duração — estimou.
Ensaio
No domingo (30), será realizado um ensaio geral da posse. Na ocasião, serão feitas simulações dos percursos que o presidente eleito fará no dia da posse, com alternativas para o caso de chuva. Se o dia da posse for chuvoso, a chegada de Bolsonaro não será pela rampa, mas pelo Salão Branco, com acesso pela chamada Chapelaria. A revista às tropas também será feita em área coberta, em área próxima à Chapelaria, e a salva de tiros pode até ser cancelada.
Público esperado é de até 500 mil pessoas
A posse do presidente eleito Jair Bolsonaro deve reunir de 250 a 500 mil pessoas. A previsão é do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, que está elaborando um esquema de segurança para a ocasião desde setembro, antes mesmo de Bolsonaro ser eleito. A Esplanada dos Ministérios ficará completamente fechada desde a meia-noite do dia 30 e só será liberada às 8h da manhã do dia dois de janeiro. O acesso para o público será feito apenas por um local, a Rodoviária de Brasília. As pessoas terão que passar por quatro pontos de revista, dois deles com detector de metal. Não será permitida a entrada de garrafas, máscaras, fogos de artifício, guarda-chuva, animais e até carrinho de bebê.
A posse do presidente eleito Jair Bolsonaro já movimenta a economia de Brasília. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Distrito Federal, 80% dos leitos disponíveis na capital federal deverão estar ocupados entre os dias 31 e 1º de janeiro. Nesta época, a média de ocupação costuma ser de 25%, ou seja, espera-se o triplo do movimento normal para esta virada de ano. Até novembro, a cidade já tinha reservado metade das mais de 18 mil vagas em hotéis disponíveis.
Segundo dados da Polícia Militar do Distrito Federal, o maior público durante uma posse presidencial foi em 2003, quando o ex-presidente Lula recebeu a faixa pela primeira vez. De acordo com o órgão, 150 mil pessoas acompanharam a posse na ocasião. Ainda segundo a PMDF, o menor número de pessoas registrado durante uma posse desde a redemocratização foi no 2º governo de Fernando Henrique Cardoso, quando apenas 1.500 pessoas compareceram.
Lista de autoridades
A lista de convidados de Bolsonaro e da primeira-dama, Michelle, para a cerimônia do Congresso é de 140 pessoas. São 12 chefes de Estado e de governo.
Chefes de Estado e de governo:
1. Binyamin Netanyahu, premiê de Israel
2. Marcelo Rebelo de Souza, presidente de Portugal (premiê não vem)
3. Viktor Orbán, premiê da Hungria
4. Sebastían Piñera, presidente do Chile
5. Iván Duque, presidente da Colômbia
6. Mario Abdo, presidente do Paraguai
7. Martín Vizacarra, presidente do Peru
8. Tabaré Vázquez, presidente do Uruguai
9. Evo Morales, presidente da Bolívia
10. Juan Orlando Hernández, presidente de Honduras
11. Saadedine Othmani, premiê do Marrocos
12. Jorge Carlos Fonseca, presidente de Cabo Verde
Outras autoridades
1. Mike Pompeo, secretário de Estado dos EUA
2. Jorge Faurie, chanceler da Argentina
3. Chanceler de Angola
4. Chanceler da Guiné
5. Chanceler de San Tomé e Príncipe
6. Ministro da Agricultura da Itália
7. Enviado da Espanha
8. Enviado da Rússia
9. Enviado da Coreia do Sul
10. Enviado do Reino Unido (Noticias ao Minuto)
Segurança terá mísseis antiaéreos
Um esquema de segurança semelhante ao da Copa do Mundo e Olimpíadas, sediados no Brasil, está sendo montado para a posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). A Força Aérea Brasileira (FAB) estará com aeronaves e mísseis antiaéreos em prontidão para eventuais ameças.
Assim como ocorreu nos dois grandes eventos, a Aeronáutica usará uma logística a partir das áreas de exclusão: vermelha, amarela e branca. Somente areonaves autorizadas poderão sobrevoar, em um raio de 130 km a partir da Praça dos Três Poderes.
O reforço militar será feito pelas aeronaves F-5M, A-29, H-60 Black Hawk, H-36 Caracal, RQ-900 Hermes e C-98 Caravan, além de artilheiros munidos de mísseis teleguiados. Os pilotos e demais militares estarão de prontidão para barrar possíveis interceptações que possam colocar em risco a segurança da posse.
Relembrando a eleição
Fatos inéditos marcaram as eleições gerais de 2018. Pela primeira vez, um presidenciável sofreu um atentado durante o processo eleitoral. O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, foi esfaqueado quando fazia campanha em Juiz de Fora (MG), no dia 6 de setembro. Depois de atendido na emergência da Santa Casa de Juiz de Fora, foi transferido para São Paulo. Ficou internado no Hospital Israelita Albert Einstein durante 23 dias. E sem poder fazer campanha de rua, se comunicou com os eleitores pelas redes sociais. O autor do ataque, Adélio Bispo, foi preso e confessou o crime.
Pela primeira vez, um preso tentou concorrer ao Palácio do Planalto. O PT lançou a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, detido em Curitiba. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou o pedido de registro da candidatura com base na Lei da Ficha Limpa. Somente no dia 11 de setembro, Lula foi substituído por Fernando Haddad, que figurava como candidato a vice-presidente na chapa da coligação PT-PCdoB-Pros. Mesmo com a pressão do antipetismo, Haddad disputou o segundo turno contra Bolsonaro.
Estas foram as eleições das notícias falsas (fake news, em inglês) e da divisão dos brasileiros entre petistas e bolsonaristas, que levaram até a brigas de famílias nas mídias sociais. O TSE mandou tirar do ar informações inverídicas envolvendo os presidenciáveis, durante a campanha. Também foi o primeiro processo eleitoral sem financiamento de empresas: os gastos foram bancados pelo Fundo Especial de Financiamento de Campanha, formado por recursos do Orçamento da União, além das doações de pessoas físicas e o financiamento coletivo.
Com 55,1% dos votos válidos, Jair Bolsonaro foi eleito o 38º presidente da República, no dia 28 de outubro, pondo fim a quatro mandatos presidenciais consecutivos do PT. Mantendo a estratégia de campanha de priorizar as redes sociais, o primeiro discurso de vitória foi feito por meio de uma transmissão ao vivo no Facebook, direto de sua casa, no Rio de Janeiro, quando garantiu que cumprirá as promessas de campanha e com cumprimento da Constituição. A vitória de Bolsonaro repercutiu fora do país, ganhando destaque na imprensa internacional. Entre os desafios para o novo presidente, é fazer a economia do Brasil crescer e avançar as reformas econômicas, como a mudanças nas regras da Previdência Social. No governo de transição, Bolsonaro anunciou a redução de ministérios, para 22 pastas, nomeou militares e o juiz Sergio Moro para o comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública.