?EURoeAgenda de Passo Fundo deve ter repercussão regional?EUR?, diz Wesp

O deputado foi eleito com 28.173 votos, dos quais 19.799 feitos em Passo Fundo

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Eleito com 28.173 votos, dos quais 19.799 feitos em Passo Fundo, Mateus Wesp deixa a Câmara de Vereadores para assumir uma cadeira no Parlamento gaúcho na bancada do PSDB. Instalado no 7º andar do Palácio Farroupilha, Mateus ocupa o mesmo gabinete do agora deputado federal Lucas Redecker. “Um pouco surreal. Porque dias atrás estava sentado no sofá do gabinete que era do Lucas e agora estou ocupando a cadeira que era dele. Então é um pouco surreal neste momento”, relata o deputado que representa a renovação na Assembleia. Entre as ações, quer focar no desenvolvimento de Passo Fundo com repercussão para a região e manterá sua posição em defesa da retirada da palavra ‘gênero’ do Plano Estadual de Educação.

 

ON: Qual sua expectativa diante do início do mandato como deputado estadual?
Mateus Wesp: Expectativa positiva. Sereno, porque já estamos ambientados aqui. Acompanhei a transição inteira, em janeiro e fevereiro, junto com o governador, o deputado Lucas e demais deputados, conversando, dialogando.. É como se o trabalho já estivesse acontecendo. Só não temos a caneta ainda.


ON: Como foi o ingresso na política?
Wesp: Eu descobri essa vocação estudando no curso de Direito, quando morava aqui em Porto Alegre. Estudando nossos clássicos, políticos, principalmente pensamento conservador brasileiro, a história do Brasil, estudando com o professor Cesar Saldanha Souza Junior e cheguei a seguinte conclusão: essas ideias institucionais de reforma política que o país precisa, e que outros países também precisam, não só o Brasil, ninguém aplicava essas ideias, ninguém discutia. Eu me sentia como que num diálogo de surdos, em que as pessoas não viam o óbvio, por exemplo, naquela história de que o Rei está nu e ninguém tem coragem de dizer.


As pessoas criticaram muito o governador Eduardo pelas composições das secretarias. Correto? Mas elas não criticam o sistema institucional existente que obriga e condiciona esse tipo de barganha para ter governabilidade, não criticam o sistema eleitoral, em geral, essas pessoas não criticam essas causas. Criticar as consequências me parece ingenuidade ou má fé.


Como eu percebia isso e não via ninguém criticar, tocar nesses pontos, eu decidi entrar na política. Tanto que quando eu entrei no Direito, minha ideia era seguir uma carreira diplomática, fazer concurso para o Instituto Rio Branco, isso no primeiro ano de faculdade, em 2006. E a partir de 2008 eu comecei a pensar em quem sabe participar da política partidária. Me filiei ao PP em 2009 e em 2012 concorri pela primeira vez em Passo Fundo. Faltaram 20 votos para me eleger.

 

ON – Quais pautas serão defendidas no mandato?
Wesp - Discutir forma de estado, regime de governo, processo eleitoral, em geral, discutir o regime politico como um todo. Embora não possa propor alterações diretamente, acho que posso fazer um trabalho como deputado estadual na formação política do povo gaúcho. Principalmente porque essas bandeiras que eu defendo, foram bandeiras historicamente defendidas por muitos deputados estaduais. Há o Gaspar Silveira Martins, Assis Brasil, Raul Pilla, que sempre defenderam essas bandeiras. Acho que está mais do que na hora de defender essa tradição política constitucional que o Rio Grande do Sul sempre teve e que não tivemos mais tantos presidentes da República nos últimos anos. Deixamos de ser um Estado que lidera o Brasil para ser liderado e até ultrapassado por estados menores.

 

ON: O que o senhor leva da experiência da Câmara de Vereadores para a Assembleia Legislativa, em termos de propostas e projetos?
Wesp: Principalmente a questão de transformar Passo Fundo como uma cidade referência, não apenas em serviços de saúde e educação, que já são, mas no desenvolvimento econômico. Nossa cidade precisa aprimorar mais e mais. Nós não podemos parar por aí. Com as deficiências que percebo hoje na cidade de Passo Fundo, nas lideranças da sociedade civil, exatamente pela falta da capacidade de consenso para propor uma agenda não só para Passo Fundo, mas que tenha repercussão nos 155 municípios da região Norte. E acho que se Passo Fundo propor esse tipo de comportamento, nós iremos dar um salto qualitativo gigantesco. Se com essas deficiências somos a quinta maior economia, talvez nós pudéssemos nos tornar a terceira, segunda. Acho que é possível porque a nossa região é que mais tem municípios em um espaço geográfico pequeno.

 

ON: Deputado tem questões polêmicas durante o mandato na Câmara (de Vereadores: questões de gênero e Escola Sem Partido. E teve ainda a bandeira do Império. Essas coisas serão levadas para a Assembleia?
Wesp: A Escola Sem Partido eu não defendi. Embora eu acredite que é compreensível que as pessoas pensem que eu seja a favor, até pela minha relação próxima com o deputado Marcel (Van Hatten), meu amigo e que defende essa bandeira. Mas eu, propriamente, não sou a favor porque eu acho que o problema hoje da ideologização de algumas pautas educacionais, que não deveriam ser tratadas de maneira ideológica, dentre elas a questão de gênero, não é porque nós não temos o Escola Sem Partido que ele vá solucionar isso. Nós temos uma má formação dos professores nas academias. Se pegarmos nas áreas de humanas, isso desde a década de 70, nós tivemos uma maciça hegemonia de pensamento com um viés marxista. Eu não concordo com ele, mas é um pensamento legítimo. Só que toda vez que você coloca toda uma formação acadêmica com base em apenas um viés, você vai tornar essa formação capenga, fraca. Existem outras formações de mundo, que eu acho que deveriam ser defendidas na academia.


ON: E a questão de gênero?
Wesp: A retirada da questão de gênero do Plano Estadual sim, porque acho que não tem argumento jurídico. Pelo que estou observando no cenário federal, também vai acontecer. Tanto que já não está no Plano Nacional de Educação o termo “gênero” e agora com os decretos do governo essa terminologia vai ser retirada. Porque, juridicamente, a constituição não trata disso. Claro que pode parecer criar um carnaval em cima de uma coisa pequena. Quem não trabalha com essa pauta é algo que pode parecer irrelevante, mas o termo “gênero” aberto é proposital e isso nós temos observados em toda a construção do plano nacional no ano de 2013, 2014, de deixar o termo vago para poder trabalhar isso de forma ideologicamente. Eu não tenho nada contra alguém que acredita na teoria da identidade de gênero. Eu respeito que as pessoas pensem isso, queiram ensinar isso aos seus filhos, mas o façam em casa. Mas eu não posso colocar o estado a serviço de uma ideologia, isso é inconstitucional.


ON – E a bandeira...
Wesp - Com relação à bandeira, não é uma bandeira do Império neste sentido de como se eu fosse um defensor da monarquia pela monarquia. Não defendo pessoas, eu defendo ideias. Eu sou um institucionalista, defendo instituições. As pessoas vão dizer: ah o Mateus é parlamentarista, monarquista. Eu nem sei o que essas palavras querem dizer, falando em tom meio jocoso.


Quando eu coloco a bandeira do Império, eu defendo uma coisa que existia no Império, que é a separação do Estado do governo. Consequentemente da administração. Acho que um país que não separa estado, do governo, da administração está fadado ao autoritarismo e ao totalitarismo.

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