Sérgio Moro teria sugerido à Lava Jato emitir nota contra a defesa de Lula, diz portal

Supostas conversas entre o então juiz, e agora ministro da Justiça, e procuradores foram divulgadas pelo portal The Intercept Brasil, na noite de sexta-feira (14)

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Supostas conversas entre o ministro da Justiça, Sérgio Moro, enquanto atuava como juiz federal e responsável pela primeira instância da Operação Lava Jato, em Curitiba, e procuradores do Ministério Público Federal foram divulgadas na noite de sexta-feira (14) pelo portal The Intercept Brasil.

Nesta, que é a sexta parte de uma série de reportagens publicadas pelos jornalistas desde que receberam documentos, fotos e vídeos de conversas privadas mantidas pelos agentes federais no aplicativo de mensagens Telegram, como justificaram, o então juiz federal, Sério Moro, sugere aos procuradores da Operação Lava Jato o envio de uma nota à imprensa para rebater a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no caso envolvendo o sítio de Atibaia e julgado, à época, pelo atual ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro.

De acordo com o The Intercept, Moro teria orientado os procuradores a emitirem uma nota à imprensa logo após o depoimento do ex-presidente, no processo que o acusa de ser beneficiário do triplex no Guarujá, para demonstrar as 'contradições' envolvendo as falas do político. A conversa teria ocorrido em 10 de maio de 2017 entre o juiz federal e o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, integrante da Força-tarefa em Curitiba. "Porque a defesa já fez o showzinho dela", teria escrito Moro às 22h13min. Ele, segundo o site, teria oferecido instruções privadas aos integrantes da Lava Jato sobre como condicionar a narrativa da imprensa que cobria os desdobramentos da Operação.

Em um outro grupo de mensagens entre os membros do Judiciário e assessores de imprensa do Ministério Público Federal do Paraná, Santos Lima questiona a possibilidade de agendar uma entrevista para falar sobre a audiência. Um dos assessores, no entanto, o desaconselha. "Vcs nunca deram entrevista sobre audiência…vai servir pra defesa bater…mais uma vez…", orientou o jornalista. Encaminhando as mensagens trocadas com Moro ao coordenador da Lava Jato no MPF, Deltran Dallagnol, o procurador voltou a sugrir a emissão de uma nota pública. Dallagnol teria ponderado sobre as circunstâncias de interpretação da ações dos integrantes da Lava Jato e as consequências que isso poderia trazer ao julgamento de Lula. O pedido de nota feito por Moro foi acatado pelos assessores de imprensa e enviada aos principais veículos de imprensa depois. "E o formato, concordo, teria que ser uma nota para proteger e diminuir os riscos", escreveu Dallagnol às 22h49min.

Procurado pelo The Intercept Brasil, a assessoria do ministro Sérgio Moro disse que ele "não comentará supostas mensagens de autoridades públicas colhidas por meio de invasão criminosa de hackers e que podem ter sido adulteradas e editadas, especialmente sem análise prévia de autoridade independente que possa certificar a sua integridade. No caso em questão, as supostas mensagens nem sequer foram enviadas previamente”.

 

 

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