OPINIÃO

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Dos fatos históricos produzidos no pleito deste ano, o mais positivo, sem sombra de dúvidas, é a eleição de quatro mulheres para a Câmara de Vereadores, rompendo uma sequência de falta de representatividade feminina no Legislativo Municipal. Nos últimos 70 anos, Passo Fundo elegeu somente 09 vereadoras, sem contar as atuais. Outro fato, é a consolidação do prefeito Luciano Azevedo como articulador político bem sucedido. Reeleito em 2016 com 72% de aprovação, consegue, pela primeira vez, fazer o sucessor. Um terceiro ponto, além da renovação de 60% da Câmara é a correlação de forças partidárias que se estabelece na próxima legislatura: 15 partidos representados numa composição de 21 cadeiras; 11 partidos com um vereador, três partidos com dois vereadores respectivamente e apenas o PDT ( que será oposição) com a maior bancada de 04. Resultado da alta abstenção de 25%, que determinou a redução no quociente eleitoral e pulverizou os votos.



Ponto I

Das mulheres eleitas, a diversidade ideológica partidária chama atenção. Vai da esquerda para a direita, com passagem pelo centro-esquerda. Professora Regina, PDT; Ada Munaretto, PL; Valéria Lorenzato, PT; Janaína Portela, MDB.


Ponto II

Sobre a forma como o prefeito Luciano articulou a eleição do sucessor, esta se baseou em estratégias já adotadas por ele nas eleições passadas. Formou uma aliança de vários partidos pequenos, lançando uma base de candidatos a vereador e apostou em determinados nomes (foram quase 200) com o carimbo Pedro40; usou de tracking diários; cumpriu à risca um cronograma de marketing. Mas, tudo isso não teria resultado se Pedro Almeida não tivesse sido preparado muito antes. E foi isso que aconteceu: enquanto as especulações circulavam em torno de nomes (im)prováveis, Pedro passava pela construção do candidato. Deixou a secretaria de Cultura e se vinculou a Captação de Recursos. Apropriou-se do projeto e ganhou a confiança de Luciano.  


Ponto III

Sobre a composição da Câmara, o PDT retoma um protagonismo fazendo quatro cadeiras, resultado do desempenho da candidatura de Márcio Patussi à Prefeitura, mas também da liderança que exerce como presidente da sigla. Dos quatro eleitos, três são novos. O Sargento Trindade, segundo com a maior votação, depois de Rodinei Candeia, do PSL, migrou do PCdoB para o PDT e tem uma história vinculada à segurança pública; A professora Regina representa uma candidatura coletiva vinculada ao magistério municipal e ao CMP; Ernesto dos Santos, filiado desde 1992, empresário da construção civil, concorreu pela primeira vez, obtendo êxito no resultado. Por fim, Gleison Consalter, que deixou o PSB e ingressou no PDT em março deste ano. 



Sem folga

O prefeito eleito Pedro Almeida, PSB, começa nesta semana a organizar a equipe de governo. Sem pausa para o descanso, que costuma ser tradicional depois de uma eleição corrida, nesta terça-feira já participa de reunião para iniciar o processo de transição. Na entrevista que concedeu ontem à Rádio UPF/UPFTV, disse que tem um jeito diferente de lidar com as coisas e pretende, ao lado do vice-prefeito reeleito, João Pedro, implantar o seu estilo a partir de 1º de janeiro. A tranquilidade herdada do pai é uma destas características. A composição do governo seguirá sendo técnica. Dos atuais secretários e cargos em comissão da gestão do prefeito Luciano, alguns sairão por decisão pessoal, outros serão substituídos seguindo o critério técnico e de adequação ao projeto e, alguns nomes, devem permanecer nas funções em que se encontram.



Captação de recursos

A primeira novidade a ser anunciada tem relação com a ampliação do setor de captação de recursos, por onde o próprio prefeito eleito esteve lotado nos últimos meses. Em tempos de orçamento apertado, e a crise com reflexos em 2021 por conta da pandemia que se estende, captar recursos através de projetos é a alternativa para aumentar a capacidade de investimento.



Entre Poderes

Na relação com a Câmara de Vereadores, o futuro chefe do Executivo sai com maioria de 11 vereadores, podendo ampliar a base com, pelo menos, outros dois partidos. Há possibilidade de uma aproximação com o PSDB, que elegeu Luizinho Valendorf e, também, com Ada Munareto, do PL.



Ela

A campanha eleitoral deste ano trouxe gratas surpresas em Passo Fundo e promessas na renovação política. A jornalista Ingra Costa e Silva, do PSOL, fez 1.242 votos, superando nove candidatos que foram eleitos. Ela só não se elegeu por conta do partido que não alcançou o quociente eleitoral. Sem recursos e nem espaço de TV e rádio usou as redes sociais de forma inteligente, conquistou engajamento, soube mostrar como ninguém suas lutas pelo coletivo, pelo feminismo e diversidade. 



Ele

A outra promessa na política é Arthur Bispo, do PSTU, que disputou a prefeitura. Estudante do Instituto de Filosofia e História da UPF, cobrador de ônibus da Codepas, surpreendeu os oponentes pela qualidade com que enfrentou os debates das emissoras de rádio. Posicionado ideologicamente foi o mais provocativo nas questões formuladas aos outros candidatos. Mostrou que é possível um debate de ideias entre campos ideológicos opostos, mesmo que não tenha tido o contraponto em razão da estratégica neutralidade adotada por alguns candidatos. 



Rápidas

·  Surpresa com o desempenho de Cláudio Doro, PSC. Partido pequeno, sem tempo de propaganda, surfou na onda bolsonarista ainda mantida com força em Passo Fundo.

·  Surpresa com o baixo desempenho do PCdoB que, pela primeira vez desde 2001 deixa de eleger vereador. Nas últimas duas eleições, fez duas cadeiras.

·  A experiência de Lucas Cidade, PSDB, numa disputa eleitoral foi uma previa do que pretende politicamente para o futuro.

·  Mais análise na próxima coluna.


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