O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, depõe hoje (27) na CPI da Covid-19. O instituto foi o primeiro centro a fornecer vacina contra a Covid-19 no país, a CoronaVac. O diretor relata as negociações com o Ministério da Saúde .
Dimas Covas disse que acordo do Butantan com o Ministério da Saúde, em outubro, incorporaria na ocasião 46 milhões de doses de vacinas ao Plano Nacional de Imunização. A interferência do presidente Jair Bolsonaro teria vetado o acordo. Sobre as negociações, ele apontou que houve um descompasso no entendimento da situação, dúvidas sobre a vacina e sua importância para o combate à pandemia.
De acordo com Dimas Covas, manifestações "pesadas" contra a CoronaVac nas redes sociais dificultaram a velocidade do estudo clínico. Segundo ele, também houve desinformação sobre a eficácia das vacinas, que não pode ser comparada. A imagem do Instituto teria sido prejudicada por campanhas negativas feitas em mídias sociais, incluindo vídeos divulgados pelo presidente Bolsonaro, segundo Dimas Covas.
Dimas Covas disse que a politização da vacina, pelo governo federal, atrasou a imunização de milhões de brasileiros e é uma das causas para que o Brasil seja o segundo país com mais mortes pela covid-19.
Ao responder a Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), Covas disse que o governo federal iniciou pagamento das doses da CoronaVac em fevereiro deste ano. Ele reiterou que o Butantan não recebeu verba federal para investimento na vacina. Para o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), o governo é contraditório ao investir R$ 2 bilhões na vacina da AstraZeneca, antes de a Anvisa liberar o uso, e nada na CoronaVac. Ele disse que o boicote à CoronaVac se dá por razões ideológicas.
Insumos
Ao relator, Dimas Covas disse que declarações de autoridades brasileiras repercutem no mundo e resultam em dificuldades burocráticas para obter insumos. “Nós, que estamos na ponta, sentimos essa dificuldade, é impossível negar”.
O atraso na entrega de insumos seria devido ao governo chinês. Covas diz que manifestações não favoráveis ao país estão causando o problema.
ButanVac
Dimas Covas disse que a vacina ButanVac foi apresentada ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, mas ainda não há tratativas com a pasta. A expectativa do Butantan é entregar até 40 milhões de doses no último trimestre de 2021.
Pandemia
Em resposta a Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Covas disse que há indícios de que o Brasil terá de novo um agravamento do vírus, agora turbinado por variantes em circulação. "Essa pandemia ainda vai persistir em 2021, quiçá em 2022."
Com informações da Agência Senado