“Para cargos eletivos encerro a minha participação”

Airton Dipp considera a campanha vitoriosa por lançar sementes boas para a cidade

Por
· 3 min de leitura
Airton Dipp: para uma campanha ser vitoriosa não precisa vencer a eleição Foto – LC Schneider-ONAirton Dipp: para uma campanha ser vitoriosa não precisa vencer a eleição Foto – LC Schneider-ON
Airton Dipp: para uma campanha ser vitoriosa não precisa vencer a eleição Foto – LC Schneider-ON
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Homem público, nome tradicional da política passo-fundense, Airton Langaro Dipp, aceitou o desafio de concorrer a prefeito mais uma vez. Seu nome, praticamente unanimidade, permitiu unir partidos do mesmo viés para disputar a Prefeitura de Passo Fundo. Dipp, trabalhista histórico, encabeçou a chapa pelo PDT, tendo como vice o médico Júlio Stobbe do PT, e, junto com PCdoB, PV, PSOL e REDE concorreu pela coligação “Sim, Passo Fundo Pode Mais”. Numa disputa acirrada, mesmo sem pesquisas registradas, Dipp beliscou a primeira posição e oscilou entre a segunda e a terceira colocações durante a campanha. Mas, urnas abertas, e terminou na terceira posição com 26,9% dos votos. Independente do resultado, considera a campanha vitoriosa “por lançar sementes boas”. Às vésperas de completar 74 anos de idade, Dipp não pretende mais disputar um cargo eletivo.

“Por uma gestão progressista”

Engenheiro civil especializado em projetos estruturais, Airton Dipp foi eleito prefeito pela primeira vez em 1988. Deputado federal em dois mandatos, de 1995 a 2002, também presidiu os Correios em 2003. Voltou à Prefeitura de Passo Fundo na eleição de 2004 e foi o primeiro a obter a reeleição após o bipartidarismo. Sua participação no pleito deste ano, inicialmente, era uma incógnita. “Realmente eu não pretendia concorrer a cargo eletivo. Participava das reuniões para buscar o melhor caminho. O PDT enfrentava dificuldades por ficar muito tempo longe do poder. O presidente (estadual) do partido, Romildo Bolzan, pediu-me para ajudar. E tinha a minha vontade de fazer por Passo Fundo em quatro anos uma gestão progressista. Então, tomei a decisão. Foi a melhor coisa que eu fiz”, concluiu em tom positivo em relação ao desafio.

“Uma caminhada prazerosa”

“Estava um pouco afastado”, disse em relação ao período em que figurou discretamente nos palanques. “Conseguimos uma coligação de centro-esquerda que me deixou muito tranquilo durante a campanha, com o Dr. Júlio de vice pela sua capacidade. Foi uma caminhada prazerosa, fomos muito bem recebidos em toda a cidade, pelas entidades e pessoas”. Essa caminhada teve bandeiras bem definidas. “A geração de emprego e renda, a mobilidade urbana com a duplicação das perimetrais, saúde e habitação, onde faltam políticas públicas nos últimos 12 anos”. Dipp entende que essas propostas serviram de exemplo. “Os outros candidatos foram balizados pelas propostas que apresentamos. É claro que cada qual recebeu as propostas com a sua visão”.

 "Dever cumprido”

O clima político nacional teve alguma influência em Passo Fundo? “É um período difícil, com condições políticas extremadas. Isso aumentou a nossa responsabilidade”. Mesmo sem vencer as eleições, Dipp entende que, diante do momento, a candidatura foi exitosa. “Saímos do processo, eu e o candidato a vice, com o sentimento de dever cumprido”. E, sem revanchismos ou ranços eleitoreiros, o ex-prefeito mantém sua característica fidalguia em relação a próxima administração do prefeito Pedro. “Espero que o prefeito possa fazer um bom governo, com uma visão mais apurada e que Passo Fundo tenha um bom crescimento”.

“Tivemos uma boa votação”

Entre pitacos e análises externas sobre uma possível rejeição ao PT, partido do candidato a vice, o pedetista entende que “rejeição mesmo não houve”. E minimiza a possibilidade de influência nacional. “O eleitor concentrou-se em Passo Fundo”. Avaliando a candidatura, entende que está mais difícil uma política voltada para os jovens e admite um momento de fragilidade do PDT. “O vice do PT, Dr. Júlio, foi muito positivo e considero que tivemos uma boa votação”. Sobre os adversários, ressalta que “Patussi agora está unido ao extremismo e não podemos esquecer que a periferia também vota”. E a reeleição de Pedro? “São 12 anos de governo. Com a estrutura da máquina pública muda muito, não só aqui, em todo o Brasil. A campanha foi normal”.

“Encerro minha participação”

“Considero a nossa campanha vitoriosa. Para ser vitoriosa não precisa vencer a eleição. Tem que lançar sementes boas para a cidade e isso nós conseguimos fazer”. Sobre o futuro do partido, lembra que “há dificuldades desde a morte do governador Brizola. Agora é a juventude e novas lideranças como a professora Regina (presidente do PDT em Passo Fundo). O PDT depende da mobilização dos filiados. União e menos centralidade em nível nacional”. Filho do ex-prefeito e ex-deputado Daniel Dipp, marido da Cristina, pai de Alexandre e Guilherme, avô do Vicente e da Mariana, Airton diz que está praticamente encerrando a carreira política. “Para cargos eletivos encerro a minha participação. Permaneço atuante no PDT como conselheiro”.

“Quase bipartidarismo”

No cenário político nacional, Dipp vê um quadro muito diferente. “Temos quase um bipartidarismo em nível nacional e isso tende a continuar por um tempo. Bolsonaro já perde forças e surgem novas lideranças como Tarcísio e Marçal. Lula já entra em fase final de carreira. Mas continua a tendência internacional pela bipolarização. Isso não é bom, pois necessitamos do pluripartidarismo para oferecer melhores condições de crescermos econômica e pessoalmente”, finalizou Airton Dipp.

 

Gostou? Compartilhe