O comportamento do clima na Bacia do Rio do Prata é o foco de estudo do Projeto Claris. O trabalho foi apresentado, nesta terça-feira (16), durante o 6° Seminário sobre novos enfoques do agronegócio brasileiro, realizando na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque, pelo pesquisador Jean Philippe Boulanger, do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD) e coordenador do projeto.
O Claris é financiado pela Comissão Europeia e entre seus objetivos está desenhar cenários climáticos futuros para a região do Prata. O projeto, orçado em cerca de 3 milhões de euros, consolida uma rede de pesquisas europeia e sulamericana. Nos últimos 30 anos verificou-se um aumento da média anual da precipitação na região entre 20% a 30%, mas há projeções de aquecimento de até quatro graus até o final do século. Esse cenário pode trazer maior vulnerabilidade à região.
“Os estudos iniciaram por eventos extremos, seus impactos na agricultura e o comportamento das chuvas. Neste primeiro momento, estamos criando parcerias com os atores locais, como a Cotrijal, para chegarmos a um consenso sobre mudanças climáticas”, afirmou Boulanger. O projeto iniciou há um ano e meio tem duração de quatro anos. No Brasil, o projeto é desenvolvido na cidade catarinense de Anchieta, com pequenos produtores rurais, e em Não-Me-Toque, com os associados da Cotrijal.
O trabalho em Não-Me-Toque começou em janeiro, com entrevistas com produtores e técnicos da cooperativa. “Precisamos pensar em estratégias de adaptação às mudanças climáticas locais, por isso, precisamos conhecer o que pensam os associados da Cotrijal sobre o assunto. Num segundo momento, vamos desenvolver regras para que as pessoas possam desenvolver essas estratégias, como por exemplo, novas formas de manejo dos cultivos e cultivos diferenciados”, disse Sandro Schlindwein, pesquisador e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), uma das entidades que participa do Projeto Claris.
A Bacia do Rio do Prata, que envolve o Brasil, a Argentina, o Uruguai, o Paraguai e a Bolívia, representa cerca de 70% do PIB dos cinco países, por isso a sua escolha da região para o desenvolvimento da pesquisa.