Leonardo Andreoli/ON
O desafio de geração de energia sustentável e de baixo impacto ambiental é uma tendência que tem sido reforçada nos últimos anos. Energia eólica e solar surgem como alternativas sempre lembradas quando se fala em energia limpa. Com tanta evolução, oferecer um prêmio internacional para uma cooperativa que utiliza hidroelétricas parece ser incoerente, mas não é. Essa é a quebra de pré-conceitos que a Ashden Awards proporciona ao apontar o mérito da iniciativa da Creluz, que atua na região Norte do Estado há mais de 40 anos.
A Cooperativa de Distribuição de Energia (Creluz) está entre as seis finalistas mundiais escolhidas pela entidade inglesa. A Ashden Awards identifica e seleciona programas locais de energia sustentável que são inovadoras e demonstram sucesso comprovado. Elemar Battista, presidente da Creluz, explica que a cooperativa foi escolhida por utilizar Pequenas Centrais Elétricas (PCH) de baixo impacto ambiental. “As usinas são pequenas e a geração cai direto para o consumidor final e é toda aproveitada por associados. Fizemos seis usinas e não tiramos nenhuma família do lugar. Fizemos renúncia de geração para não retirar as pessoas de suas propriedades”, conta. Segundo ele a política da empresa é fazer usinas menores que não atinjam as famílias que moram nas proximidades e que não deixem de ser economicamente viáveis.
Auditoria
Para comprovar a viabilidade do projeto, a entidade inglesa enviou um engenheiro da Universidade de Londres para realizar uma espécie de auditoria na cooperativa. Durante quatro dias ele confrontou os dados apresentados pela Creluz para comprovar a viabilidade. “Eles premiam no mundo inteiro as melhores práticas de gestão ambiental de energia verde, mas ela tem de ser sustentável. Tem que dar retorno, baixar preço e ajudar as comunidades carentes”, destaca Battisti. Hoje a cooperativa atende 23 mil famílias, beneficiando mais de 80 mil pessoas.
A diretora-fundadora da Ashden Awards, Sarah Butler-Sloss, destaca que os finalistas do prêmio realçam a importância das iniciativas locais de energia sustentável tanto na redução das emissões de carbono como no combate à pobreza e à falta de acesso a recursos vitais. “Estes projetos inspiradores mostram que, com o tipo de apoio certo, sistemas de energia sustentável locais podem desempenhar um papel significativo nas metas de redução de pobreza e combate às alterações climáticas", reforça.
O prêmio
Neste ano serão premiadas seis entidades, com um valor de € 20.000 cada. A primeira colocada terá um adicional de € 20.000 por ser escolhida como o trabalho que mais impressionou o mundo. A cerimônia de premiação da Ashden será realizada na quinta-feira, dia 1° de julho, na Royal Geographical Society, em Londres. Na noite da premiação será conhecida a colocação dos classificados. As cerimônias de premiação de Ashden anteriores foram prestigiadas por importantes figuras, incluindo ex-vice-presidente Norte-Americano, Al Gore, David Cameron MP, Hilary Benn MP, Lord Maio de Oxford e Sir David Attenborough, e o apresentador dos prêmios 2009 foi o príncipe de Gales.
Dados mundiais
Dados divulgados pela entidade inglesa estimam que cerca de 2,5 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso a combustíveis modernos e cozinham com lenha ou carvão. 1,6 bilhão de pessoas vive sem eletricidade. Os finalistas da Ashden Awards mostram como o uso inovador de energia sustentável oferece enormes benefícios às comunidades em desenvolvimento. Nos últimos dez anos os vencedores da Ashden Awards têm melhorado a vida de 23 milhões de pessoas em todo o mundo e, em conjunto, poupam 3 milhões de toneladas de CO2 por ano – este ano os finalistas internacionais pouparam mais de 250 mil toneladas de CO2.
Finalistas 2010
Índia / Global: D.light Design pela projeção, fabrico e comercialização de lanternas solares de alta qualidade, com durabilidade e a preço acessível.
Brasil: CRELUZ geração de eletricidade para comunidades rurais remotas usando energia micro-hydro.
Nicarágua:TECNOSOL pela promoção da utilização de energia solar em instalações de iluminação e estabelecimentos médicos.
Quênia: Sky Link Innovators por popularizar a utilização de biogás para cozinhar.
África Subsaariana: The Rural Energy Foundation por estimular uma oferta sustentável e ao mesmo tempo estimular a procura de soluções de energia solar.
Vietnã: Ministério da Agricultura e do Desenvolvimento Rural e SNV por permitir a distribuição em larga escala da tecnologia de produção de biogás.