Leonardo Andreoli/ON
O entusiasmo dos agricultores aponta um futuro promissor para a cultura da canola. O cultivo da oleaginosa ainda não é expressivo na região, mas aumenta ano a ano. Além do que dizem especialistas, a satisfação de quem produz é o principal indicativo do sucesso como cultura alternativa para o inverno. Para mostrar in loco esse otimismo, o grupo de trabalho de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS Biocombustíveis), organizado pelo Banco do Brasil, realizou na última sexta-feira (20) uma visita técnica a três propriedades que apostaram no grão.
As lavouras em Tio Hugo e Colorado somam 117 dos 15 mil hectares fomentados pela BSBios no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. A visita de representantes das entidades que compõem o grupo DRS Biocombustíveis - Banco do Brasil, BSBios, UPF, Embrapa, Sindicato Rural de Passo Fundo, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Passo Fundo, Emater, Ministério da Agricultura, Associação dos Engenheiros-Agrônomos de Passo Fundo, Prefeitura de Passo Fundo e Conselho Municipal de Desenvolvimento Agropecuário - tem como objetivo mostrar aos parceiros que o programa funciona.
Lavouras
A avaliação dos técnicos sobre o padrão da lavoura mostra uma evolução em relação ao ano passado. De acordo com o engenheiro-agrônomo e coordenador do departamento de fomento da BSBios, Fábio Júnior Benin, o plantio precoce permitiu um tempo maior de desenvolvimento no campo. Isso amplia as perspectivas de produtividade. Nas áreas fomentadas, a expectativa é de que a média nacional de cerca de 1,5 mil quilos por hectare seja alcançada. No último ano a produtividade ficou abaixo dessa média, 23 sacas por hectare. O doutor pesquisador da Embrapa Trigo Gilberto Tomm destaca a uniformidade da lavoura e a influência disso na produtividade. "Não se pode brincar com a adubação da canola. Se fizer da maneira correta ela responde muito bem", argumenta.
Produtor
O produtor Vilmar Sartori, de Colorado, trabalha com canola pelo segundo ano. A influência para o cultivo veio de dentro de casa. O filho, Mateus Sartori, trabalha como técnico da BSBios e convenceu o pai a apostar no grão. "A experiência foi muito boa, se não esse ano nem teria mais plantado. É uma boa alternativa para cultura de inverno. Vou continuar plantando no ano que vem e com certeza vou ampliar a área. A liquidez é uma das coisas que favorece bastante a cultura da canola. Você colhe e tem certeza que vai vender e com bom preço", avalia.
Ele também desmistifica a questão da dificuldade de manejo: "Não foi tão difícil. No ano passado tivemos um pouco de dificuldade e mesmo assim conseguimos fazer direito, nesse ano não vejo problema nenhum para a colheita", reforça. A propriedade de Sartori é assistida pela Cotrijal. No ano passado foram cobertos 18 hectares com canola, com produtividade de 22 sacos e custo de 12 sacos por hectare, neste ano a plantação aumentou para 25 hectares.
Benefício extra
Além da garantia de venda e de preço, o cultivo da canola tem um benefício extra na lavoura. Conforme Fábio Benin, os relatos dos produtores mostram que há um aumento de produtividade na cultura posterior. "Na prática, em avaliações de campo, se fala em quatro a cinco sacas de soja a mais por hectare, e em torno de 20 a 30 sacas a mais de milho por hectare cultivado sobre resteva de canola", enfatiza. Apesar de não ter um estudo que comprove cientificamente o dado, Benin salienta que os relatos de campo têm validade.