Leonardo Andreoli/ON
A decisão de escolas estaduais e particulares em não participar do desfile de 7 de setembro criou uma polêmica em Marau. Enquanto as entidades reafirmam a necessidade de se resgatar valores e estimular a cidadania colocam em xeque o tradicional formato da comemoração. As dificuldades de apresentar os projetos desenvolvidos pela escola durante o ano e a falta de participação dos alunos estão entre os motivos da decisão. Ainda neste ano a Liga de Defesa Nacional núcleo Marau e as entidades deverão iniciar uma discussão sobre o novo formato que as comemorações deverão adotar para o próximo ano.
Conforme o diretor do Iesta - maior escola estadual de Marau -, Neulcir Barro, a decisão de não desfilar foi tomada de consenso pelas escolas estaduais e particulares. Segundo ele, numa primeira reunião com os representantes da Liga de Defesa Nacional foi definida a realização de um ato cívico, decisão esta que foi revogada em um segundo encontro. "Todas as escolas têm projetos e trabalham a cidadania o ano todo. Não é por participar de um desfile que a gente é mais ou menos patriota, isso se demonstra no dia a dia, nas atitudes, na postura de cada pessoa", justifica. Embora a escola não participe do desfile, ela está inserida em outras atividades da Semana da Pátria.
Outro motivo que levou o grupo a desistir do desfile foi a falta de participação dos alunos quando não são recompensados com nota. "Isso tem que ser um ato maduro, espontâneo. As pessoas devem se sentir bem. A gente condena a compra de votos, não podemos comprar os alunos com nota para eles demonstrarem o amor à Pátria", opina. No Iesta outras atividades estão programadas para marcar a semana, entre elas a decoração da escola e palestras com representantes da Brigada Militar. O grêmio estudantil da instituição também realizou uma gincana na qual uma das provas era a arrecadação de alimentos não perecíveis para posterior doação a uma entidade social do município.
Dia máximo
Para o presidente da Liga de Defesa Nacional núcleo Marau, Antonio Borella De Conto, a proposta das escolas em transformar as comemorações da Independência do Brasil em um ato cívico de 30 minutos não seria compatível com a data. "É a data máxima do nosso país, se não tivesse acontecido o 7 de setembro, ainda seríamos colônia de Portugal", ressalta. Ele concorda que o civismo deve ser demonstrado, exercitado e estimulado durante todo o ano, mas defende a necessidade de um ato maior para marcar a data. A Liga não é contra a mudar a forma da comemoração e antes de terminar o ano as entidades deverão se reunir para apresentar novas sugestões.
No último ano o desfile teve de ser cancelado em função da Gripe A (H1N1). De Conto afirma que mesmo nos anos anteriores as comemorações foram abreviadas para se tornarem menos cansativas. "Com o aumento de alunos eles apenas passam pela avenida. Se conseguirmos fazer uma gincana cívica, por exemplo, que estimule os alunos a pesquisarem e envolva a população seria mais útil do que passar pela avenida", concorda. Na próxima terça-feira o desfile deve envolver cerca de 50 entidades e 2,5 mil pessoas.
Na avenida
As escolas municipais que vão participar do desfile finalizaram na última semana os preparativos para a comemoração. Na escola municipal de ensino fundamental Afonso Volpato a questão do civismo e do resgate de valores, que é trabalhada durante todo ano, recebe um reforço nesta época. Alunos e professores se mobilizam para confeccionar os materiais que vão para a avenida, entre eles faixas e cartazes. Para a diretora Luciana Maria Francischeto, o desfile é válido e a comunidade foi contra a fazer apenas um ato cívico. "É uma forma de colocar na avenida aquilo que a escola fez durante o ano. Todos teriam coisas fantásticas para mostrar, mas infelizmente nem tudo seria possível de apresentar", observa. A participação das crianças não é obrigatória e conta como dia letivo. "O desfile não vale nota, senão estaríamos comprando o civismo, os alunos que participam vão por prazer", enfatiza. A escola tem 501 alunos e contará com a participação dos pais no desfile.